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Tarifas: acordo entre EUA e Vietnã pode pressionar Nike e sua cadeia de suprimentos

Por: Lucas Kina

Jornalista e produtor de Podcasts no E-Commerce Brasil

Um novo acordo comercial entre os Estados Unidos e o Vietnã reacende preocupações no setor de vestuário e calçados. A medida, anunciada pelo governo norte-americano, impõe tarifas de 20% sobre diversos produtos vietnamitas e estabelece uma sobretaxa de até 40% para o cross-border — mercadorias de origem chinesa que entram nos EUA via Vietnã.

EUA pode pressionar Nike após negociação de tarifas ao Vietnã
(Imagem: Divulgação/Casa Branca)

A decisão afeta diretamente grandes varejistas globais, como Nike e Adidas, que concentram parte expressiva de sua produção no país do Sudeste Asiático. A primeira, por exemplo, fabricou 50% de seus calçados no Vietnã no último ano fiscal. Já a fabricante alemã depende do país para 27% de seus produtos.

Apesar da medida ainda carecer de detalhamentos técnicos, especialistas alertam para os riscos imediatos à cadeia de suprimentos. Um dos principais pontos de dúvida envolve a aplicação da tarifa de 40% sobre produtos montados no Vietnã com componentes vindos da China, como tecidos, zíperes e botões — prática comum na indústria.

O endurecimento da política tarifária foi reforçado por declarações de Scott Bessent, secretário do Tesouro dos EUA. Segundo ele, uma enorme quantidade das exportações vietnamitas seria, na verdade, reembalagem de produtos chineses.

Influência na China

A taxação extra pode, paradoxalmente, beneficiar a própria China. De acordo com analistas do setor, o custo e o tempo para trocar fornecedores, somados à capacidade produtiva limitada no Vietnã, podem incentivar marcas a manter parte da produção em território chinês, mesmo com as tarifas mais elevadas.

Dados da FDRA (Distribuidores e Varejistas de Calçados da América) mostram que os EUA importaram 274 milhões de pares de calçados vietnamitas em 2024. O grupo criticou a medida, afirmando que os consumidores americanos serão os principais prejudicados.