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Americanas reduz espaço de armazenamento para vendas do e-commerce

Por: Júlia Rondinelli

Editora-chefe da redação do E-Commerce Brasil

Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero e especialização em arte, literatura e filosofia pela PUC-RS. Atua no mercado digital desde 2018 com produção técnica de conteúdo e fomento à educação profissional do setor. Além do portal, é editora-chefe da revista E-Commerce Brasil.

Desde o final de 2022, a Americanas vem reduzindo o espaço de armazenamento dos galpões direcionados para o e-commerce em diversos estados. A empresa explicou em nota que a estratégia não prejudicaria lojistas ou consumidores, pois faz parte de um planejamento que engloba as lojas físicas como pequenos centros de distribuição do marketplace.

A tática já estava sendo realizada antes do pedido de recuperação judicial, realizado no dia 19 de janeiro. A empresa já havia fechado centros de distribuição em Betim (MG), Resende (RJ), Cajamar (SP) e Ribeirão Preto (SP). Agora, finalizou as atividades no galpão de Fortaleza (CE). As operações do estado serão realizadas através das unidades logísticas situadas em Recife (PE).

Uma das explicações para a desocupação desses espaços pode estar associado ao crescimento significativo das vendas durante a pandemia, seguido de um momento de vendas mais equilibradas após o retorno aos estabelecimentos físicos com o afrouxamento das medidas de segurança sanitária no Brasil.

Preocupação das empresas de armazenamento

Mesmo que o movimento seja tido como natural, a redução de espaço de armazenamento preocupa algumas empresas gestoras de galpões, sobretudo em regiões com altas taxas de vacância ou grande participação da Americanas nos armazéns, pois pode haver impacto nos aluguéis.

Segundo levantamento nacional realizado pela SDS Properties, imobiliária especializada em galpões em condomínios logísticos, a Americanas ocupou 830 mil m² em condomínios logísticos pelo País. Deste total, 20% já foram devolvidos pela companhia até o momento, totalizando 159 mil m².

A previsão é de que sejam devolvidos mais 69 mil m² de armazenagem pela empresa, distribuídos entre Grande Curitiba (PR), Grande Porto Alegre (RS) e Hortolândia (SP).

“As devoluções podem afetar pontualmente os preços em mercados em que a vacância é elevada”, afirma Simone Santos, CEO da imobiliária e responsável pelo levantamento. Das devoluções feitas até o momento, ela aponta esse risco para Porto Alegre (RS), onde a vacância chega a quase 17%. O fator é preocupante, pois a localidade tem taxa de desocupação bem acima da média nacional, que é de 10,4%, segundo a especialista.

A desocupação em Recife também poderia ter um impacto significativo no mercado, uma vez que a Americanas ocupa 100 mil m² (10% do espaço local). Pará e Rio de Janeiro também entram na lista com ocupações entre 50 mil m² e 80 mil m², respectivamente. Além disso, este último tem uma das maiores taxas de vacância do Brasil (16%) e o pior desempenho no volume de locações de 2022.

Dos males o menor

Já em outras regiões, como Grande Curitiba (PR), São Paulo e Grande Belo Horizonte (MG), o reflexo das devoluções deve ser menor, pois são localidades muito demandadas, observa.

Além disso, a Americanas deve desocupar até novembro deste ano 26 mil m² de um espaço de armazenamento no condomínio logístico em Hortolândia (SP).

“A desocupação desse imóvel em Hortolândia não nos causa muita preocupação”, afirma Gabriel Martins, sócio da gestora RBR, locadora do condomínio. Localizado a 90 quilômetros da capital paulista, o empreendimento fica num raio onde a demanda por galpões está aquecida.

De acordo com o executivo, o mercado hoje na região está mais favorável aos locadores de galpões em relação a 2021, quando o imóvel foi alugado para Americanas. Isso porque a vacância na região é baixa, de forma que ele acredita poder alugar por um preço maior do que locou para Americanas antes mesmo do vencimento do prazo de aviso prévio. “Temos interessados visitando o imóvel”, conta.

Fonte: Estadão.