A alta no preço do diesel foi anunciada pela Petrobras na quarta-feira passada, 29 de janeiro, em R$ 0,22, e o novo valor passou a valer já no dia 1º de fevereiro, sábado.
Aprovado em outubro de 2024 pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), o aumento foi justificado como uma medida para reduzir a defasagem de 17% em relação aos preços internacionais, como mostram os dados fornecidos pela Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).

A matemática por trás dos custos
De acordo com a associação, na sexta-feira (31), a gasolina estava R$ 0,17 abaixo do preço internacional; e o diesel, R$ 0,54. Ou seja, mesmo com o reajuste de R$ 0,22, o diesel continua defasado. A defasagem é resultado da diferença do preço praticado pela Petrobras em relação aos produtos importados, baseando-se no câmbio, preço do pertróleo e custos logísticos.
Em 2024, os combustíveis pressionaram a inflação, que ficou acima do teto do sistema de metas. Segundo o IBGE, os combustíveis subiram 0,7%. Entre eles, o etanol subiu 1,92%, o óleo diesel, 0,97%, a gasolina, 0,54%, e o gás veicular, 0,49%.
Aumento nos preços dos combustíveis, seja por impostos ou por reajustes no valor do produto importado ou refinado no Brasil, tendem a se alastrar por toda economia. Dessa forma, o custo do transporte e de algumas mercadorias, incluindo alimentos, devem sofrer impacto direto do aumento do preço do diesel. Estimativa da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis (ANP), mostram que o diesel chegará a R$ 6,17 para o consumidor final, uma vez que as distribuidoras devem pagar, em média, R$ 3,72 por litro.
Para André Braz, economista FGV Ibre, o custo do diesel desempenha um papel estratégico na economia brasileira e no repasse da inflação para outros segmentos.
“O diesel influencia na movimentação das máquinas do campo, na geração de energia para as termo elétricas, no transporte púbico nos grandes centros urbanos, o ônibus do dia a dia e ele influencia também no frete, no transporte das mercadorias”, diz.
Além do reajuste da Petrobas, é preciso levar em consideração o aumento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que também sofreu alteração no sábado, subindo para R$ 0,06 por litro de diesel. A companhia não atualizava os preços do diesel desde 2023.
De olho no impacto sobre a agricultura
No Brasil, o transporte terrestre, sobretudo feito por caminhões em rodovias, é a principal forma de conectar polos produtivos indústrias e agropecuários aos consumidores finais. No meio deste caminho, o diesel é usado ainda para intermediar o transporte até centros de distribuição, estações de tratamento, supermercados e demais lojas.
Dados da Associação Nacional de Transporte e Logística (NTC&Logística), mais de 60% do transporte de mercadorias no Brasil é realizado pelas rodovias nacionais.
Para Lauro Valdivia, assessor técnico da NTC&Logística, “o combustível responde por cerca de 35% do custo de frete e o aumento depende da operação, se a rota é curta ou longa e se o caminhão consome mais ou menos diesel, por exemplo”.
O agronegócio, por sua vez, é um dos mais dependentes do transporte por rodovias. De acordo com Valdívia, o primeiro semestre do ano é quando acontece a primeira safra, o que pode impactar as rotas mais longas.
Além disso, o diesel abastece boa parte das máquinas usadas na produção agrícola, como colheitadeiras, o que aumenta não só o custo do transporte, mas também o custo de produção.
“Quando vem um aumento no preço do combustível, não tem o que fazer. A consequência é o repasse aos clientes”, diz. O repasse para o consumidor, no entanto, não é imediato: “nossas pesquisas mostram que, quando o preço do diesel aumenta, as empresas demoram até quatro meses para repassar os custos aos clientes”.
Outros custos
Em julho de 2024, a Petrobras já havia realizado o ajuste no valor da gasolina vendida para as distribuidoras, de R$ 0,20, para R$ 3,01 o litro. O preço da gasolina, por sua vez, vai aumentar R$ 0,10 por litro ainda em fevereiro.
Já o gás de cozinha deve ficar mais barato, com a redução do imposto em R$ 0,26 a cada botijão de 13 Kg.