O ambiente de compras online tornou-se parte indispensável do cotidiano. O setor de varejo, em especial através do e-commerce, é uma das engrenagens principais dessa transformação digital em nossa sociedade e modo de vida. No entanto, essa popularidade trouxe consigo um desafio crescente: o varejo digital consolidou-se como um dos alvos prediletos dos cibercriminosos, em função do volume massivo de transações e da riqueza dos dados trafegados diariamente.
Falo com a experiência de quem trabalha diariamente fornecendo insights valiosos sobre ameaças e riscos nas empresas que vendem, atendem e faturam num clique. O e-commerce nos deu escala, conveniência e personalização. Em troca, exige vigilância contra ataques cibernéticos, que a todo momento ronda as empresas que usam a Internet para realizar suas vendas.
Como os golpes se aproveitam da alta demanda
E como se aproveitam os criminosos virtuais? Em períodos de alta demanda, como datas comerciais e grandes promoções, os golpes se intensificam. Anúncios falsos circulam em velocidade surpreendente, atraindo consumidores distraídos e permeando a cadeia de relacionamento com ataques sofisticados, capazes não apenas de enganar usuários, mas também de comprometer sistemas corporativos inteiros. O resultado? Roubo de informações sensíveis de clientes e das próprias empresas varejistas, culminando em prejuízos financeiros e reputacionais.
Não é exagero. Em datas como Black Friday ou Dia do Consumidor, os criminosos digitais agem rápido, espalham links falsos, simulam sites legítimos, clonam canais, sequestram sistemas. E o pior: muitas vezes, tudo acontece sem que o cliente perceba, até que seja tarde demais.
Vulnerabilidades internas e externas do varejo digital
Porém, além dos ataques diretos contra consumidores, usando o logo das marcas como chamariz para o golpes, as próprias empresas de varejo também sofrem com ataques direcionados diretamente a elas. Os cibercriminosos miram credenciais, acessos internos, contratos, fornecedores, ou seja, informações valiosas para esse comércio.
Segundo o relatório Data Breach Investigation Report (DBIR) 2025 da Verizon, o setor de varejo global registrou um aumento de cerca de 15% em incidentes de segurança entre 2023 e 2024. Na América Latina, foram 657 casos identificados em um ano, com 413 deles resultando em vazamentos confirmados de dados sensíveis.
Por isso, se você atua no varejo digital, é preciso entender que segurança cibernética não é um item opcional, sendo fundamental contar com a ajuda de empresas experts nesse ramo, que aliam tecnologia e know how humano para reduzir as possibilidades de um ataque ser bem sucedido. É preciso cultivar a cultura da prevenção.
Medidas essenciais para blindagem estratégica
O relatório da Verizon mostra que 93% das violações no varejo seguem três rotas principais: engenharia social, ataques web e intrusão direta em sistemas. A exploração de credenciais também é facilitada por práticas comuns no ecossistema de e-commerce, como o uso do e-mail como login padrão e especialmente a reutilização de senhas, que abrem portas imprescindíveis para esses ataques. Com o vazamento recorrente desses dados, potenciais infratores contam com um terreno fértil para ataques de força bruta, phishing ou apropriações indevidas de contas.
Por isso, o investimento em cibersegurança não é um “adendo” ao orçamento da empresa, mas um ponto vital, uma blindagem estratégica. O uso de tecnologias é um fator primordial na prevenção a ataques, aliado a mudanças na cultura da empresa e à adoção de boas práticas. Essas medidas jamais serão 100% eficientes, mas certamente aumentam de forma significativa as chances de um ataque cibernético não ser bem-sucedido.
O ambiente digital não vai parar de crescer. Nem os ataques. A diferença entre sobreviver ou virar estatística está, cada vez mais, na forma como nos preparamos.
Porque, no fim, a pergunta não é “se” vamos ser atacados. A pergunta é: quando isso acontecer, estaremos prontos?