Logo E-Commerce Brasil

Dentre as tendências para 2023: o Marketing de Influência

Por: Ana Pio

Executiva CX & Business Advisor na SAP

Profissional com mais de 18 anos de experiência em e-commerce e marketing digital, protagonizando implantação, desenvolvimento, gestão e escala de e-commerces B2C, B2B e D2C. Ganhadora do Prêmio E-Commerce Brasil como Profissional do Ano 2021 na categoria Tecnologia e Inovação, sendo a primeira mulher com essa conquista. Professora, mentora e embaixadora do projeto Mulheres no E-Commerce. Atualmente, CX Specialist na SAP com a missão de ajudar os clientes a transformar o e-commerce em uma verdadeira experiência.

O ano de 2023 está batendo na porta e precisamos ficar atentos aos relatórios e estudos que chegam até nós nesse último trimestre. As tendências de marketing, e-commerce e inovação trazem muitas semelhanças em seus conteúdos e há um destaque presente em todos os reports: o marketing de influência.

Em um túnel do tempo sintetizado: passamos pela economia digital, depois pela economia de experiência e agora estamos na economia criativa. Com tantas mudanças e sobreposições de comportamento e gerações, temos hoje como principal desafio a incrível missão de estar conectado sendo relevante e trazer novos clientes com menor custo de aquisição mantendo-os engajados para que o ciclo de vida seja longo.

Conexões reais

Sabemos que hoje os consumidores estão dispostos a estabelecer conexões mais profundas e personalizadas atraídos pelo real valor gerado da compra até o pós venda onde todo encantamento com a jornada se faz extremamente necessário.

Se antes o consumidor era pouco ouvido, lembrando que o CDC (Código de Defesa do
Consumidor) foi criado na década de 1990, hoje ele está bem mais próximo das empresas podendo fazer o papel de um embaixador, divulgando sua marca para outras pessoas, ou “cancelando” a marca em redes sociais tornando-se um feroz detrator. Toda a burocracia deste relacionamento diminuiu e os consumidores precisam ser vistos e entendidos com seus anseios, expectativas, e às vezes, até egocentrismo.

Dentre toda imprevisibilidade das emoções humanas, algumas características são recorrentes e auxiliam a entender as motivações por trás do consumo. Alguns traços, porém, são universais como a necessidade de pertencimento, socialização, motivação e busca por conexão emocional.

Conhecer um pouco mais sobre o comportamento humano justifica o que acontece por trás das vendas em larga escala e com alto pico de conversão quando um influencer publica em seus stories o produto que está usando divulgando seus benefícios e assim conectando seu lifestyle com seus seguidores.

Essa conexão automaticamente gera comunidades digitais que juntam pessoas de diversos lugares que pensam de maneira igual e tem um propósito em comum. Engajados pelo consumo do produto, também se preocupam com os valores da marca, buscando termos como sustentabilidade, teste em animais, diversidade e inclusão. Em pesquisa realizada pela empresa Opinion Box, 57% dos entrevistados dizem que já deixaram de comprar de uma empresa por terem discriminado pessoas.

A importância do Marketing de Influência

Todos nós temos, no geral, dois “modus operandi” para tomada de decisão. Um modo é chamado de Pensamento Racional, que é lento, lógico e deliberado e o segundo modo é chamado de Pensamento Intuitivo, que é rápido, automático e se baseia em um conjunto de práticas mentais e vieses cognitivas. De modo talvez surpreendente, os seres humanos tomam quase todas as suas decisões usando o Pensamento Intuitivo.

Ao analisarmos uma pesquisa realizada pela YouPix em conjunto com o Mundo do Marketing sobre “Os desafios do Marketing de Influência”, nos deparamos com: 76% das pessoas compram porque os influenciadores recomendam; 69% das lembranças de anúncios vem de publicidades feitas por influencers, contra 36% dos anúncios tradicionais feitos pela própria empresa.

Somado a esses expressivos números, a pesquisa mostra que em termos de atividade das marcas no marketing de influenciadores o Brasil está em segundo lugar no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, segundo a Hype Auditor. Isso nos mostra claramente o potencial do país com essa estratégia que une o conceito de seguidores, engajamento, comunidades e poder de convencimento perante ao público.

O alcance e conversão dessas ações são notórios e podemos também citar como foram
dividindo as camadas de influenciadores ao longo do tempo. Se antes, o alvo era ter uma super celebridade falando de um produto e que, muitas vezes, não gerava conexão (exemplo Xuxa e Monange), hoje as marcas contam com os micro e nano influenciadores. A pesquisa revela também a taxa de engajamento, veja abaixo:

– Taxa de engajamento de Nano Influenciadores (1 a 5 mil seguidores): 3%
– Taxa de engajamento de Mega influencers & Celebrities (1 milhão ou mais de seguidores): 0,5%

Esses influencers conseguem tracionar a venda gerando primeiramente a conexão emocional pois, muitas vezes, fazem a “publi” de forma despretensiosa em meio a outras publicações mostrando seu dia a dia, interagindo com seus seguidores, respondendo as mensagens privadas, comentários e até mesmo criando tendências.

Na pesquisa também conseguimos ver que o Instagram ainda é a principal rede de influência, com 95,6%, e o Youtube com 59% de participação como plataforma de engajamento. O TikTok, app de vídeos e entretenimento que dispensa apresentações, tem no Brasil o segundo maior país engajado em seu conteúdo: são 4,72 milhões de pessoas que passam de 5,4 a horas por dia no aplicativo.

Com essa audiência, o aplicativo tem a resposta de seus usuários que 78% acreditam que ele é uma ferramenta de busca para encontrar opções de lazer, produtos e serviços e 90% acredita que a plataforma apresenta produtos que têm mais conexão com seu perfil.

Mas como adotar essa estratégia e engajar o consumidor?

Responsável por arrecadar US$ 5,20 para cada US$ 1 gasto nesse tipo de estratégia, já temos a certeza que o marketing de influenciadores continuará a crescer em 2023. Em paralelo, podemos citar o crescente desafio dos líderes de e-commerce sobre fortalecer a marca no online e estar mais próximo do público final que, consequentemente, gera mais receita e aumenta o LTV (Life Time Value) do consumidor.

Para que isso aconteça, lembre-se do contexto que o consumidor é 2,4 mais propenso a confiar no conteúdo gerado por outra pessoa, em comparação com o conteúdo gerado pela própria empresa, e então incluir no planejamento de marketing tanto o budget quanto as ações táticas e operacionais do Marketing de Influência.

A escolha do influenciador ou time de influenciadores e o match entre o interlocutor e produto são a chave do sucesso somado a ação de engajar no momento certo. O levantamento “Hábitos Mobile 2022”, da Hibou, mostra que 56% das pessoas no Brasil não ficam longe do smartphone por mais de 1 hora e o acesso dos brasileiros ao celular é constante e acontece durante o dia todo para 54% dos brasileiros, enquanto 33% acessam a noite; 6% à tarde e pela manhã e 1% durante a madrugada.

A aposta fica no mix de micro e nano influenciadores como donas de casa super engajadas com receitas e dicas de casa ou subcelebridades que tem pico de fama instantâneo e momentâneo, assim como também no público masculino que tem atuado cada vez mais em produtos para carro, acessórios corporais e até mesmo produtos estéticos.

Um ponto bastante importante no fechamento do contrato é a frequência das divulgações, o tom, voz e mensagem a passar, além dos horários combinados para maior alcance. Posteriormente, avaliar os resultados e se os indicadores foram alcançados é o próximo ponto de atenção para manutenção ou troca da parceria visto que o marketing de influência mostra resultados rápidos e bastante expressivos em suas primeiras ações e caso isso não aconteça, é hora de rever e fazer as mudanças necessárias.

O marketing de influência se mostrou altamente eficiente de alguns anos para cá e vem ganhando muito mais força na economia criativa com o surgimento de centenas de creators e muito investimento nesse setor. Acredita-se que muito mais que confiar num bom CRM para gerenciar o relacionamento com os clientes, é preciso concentrar esforços na conexão que vai um pouco mais além que uma poderosa régua de relacionamento.

Mais que dados, leads ou contatos, sua marca precisará de contexto, conexão e comunidade genuinamente engajada com seu propósito, produtos e serviços.