As pequenas e médias empresas brasileiras (PMEs) são, há muito tempo, o coração da nossa economia. E, agora, entram no terceiro trimestre de 2025 com sinais de recuperação que merecem atenção. De acordo com o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs), em julho o faturamento real das PMEs cresceu 1,7% em relação ao mesmo mês de 2024. É verdade que ainda estamos distantes do dinamismo de 2024, mas o movimento positivo de junho – quando registrou alta de 3,7% – e julho já mostra uma mudança de humor na economia.

Essa melhora tem três principais motores: a queda da inflação, que aumenta o poder de compra das famílias; os rendimentos em patamares recordes, sustentados por um mercado de trabalho aquecido; e a recuperação, ainda que tímida, da confiança do consumidor. Esses fatores explicam, em grande parte, o bom desempenho da indústria, que cresceu 8,3% em julho, e dos serviços, que avançaram 2,4%. No entanto, também é preciso reconhecer os desafios: o comércio recuou 4,1% e a infraestrutura caiu 7,0%, mostrando que a retomada não é uniforme entre os setores.
Eficiência, gestão e estratégia: os caminhos para sustentar a retomada das PMEs
E o que isso significa para os negócios? Cada segmento vive uma realidade distinta. Se, por um lado, há alívio para indústria e serviços, quem atua no comércio ainda enfrenta um cenário mais delicado, que exige cautela e atenção redobrada ao comportamento do consumidor. Em um ambiente de juros elevados, com a Selic projetada em torno de 15% ao ano até o fim do período, cuidar do fluxo de caixa deve ser prioridade absoluta. Essa disciplina será ainda mais necessária nos próximos anos, quando o modelo de split payment da reforma tributária entrar em vigor, mudando a forma como as empresas gerenciam sua liquidez.
Ao mesmo tempo, torna-se indispensável investir em tecnologia e gestão. A competitividade das PMEs dependerá, cada vez mais, da eficiência dos processos internos, da automação e da capacidade de tomar decisões rápidas e embasadas em dados. Outro ponto essencial é a valorização da contabilidade como parceira estratégica; não basta mais ver o contador apenas como alguém que cumpre obrigações fiscais – ele deve ser envolvido nas decisões do negócio, oferecendo uma visão consultiva para apoiar escolhas que vão muito além do cumprimento das regras tributárias.
Os números trazem alívio, mas, também, mostram que a recuperação será gradual
A projeção feita no estudo da Omie, para este ano, é de um crescimento modesto de 1,0% no IODE-PMEs, após os 5,2% registrados em 2024. É um número que traz algum alívio, mas, também, mostra que a recuperação será gradual. Por isso, a mensagem que deixo é que as PMEs não esperem as condições ideais para agir, mas aproveitem este momento de respiro para fortalecer processos, buscar eficiência e preparar o negócio para os próximos ciclos. Essas empresas sempre se destacaram pela capacidade de adaptação, e é essa agilidade que, mais uma vez, fará toda a diferença para transformar sinais de recuperação em vantagem competitiva no futuro próximo.