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Paradoxo do consumidor: como equilibrar velocidade de entrega e compromisso ambiental

Por: Danielle Willig

Desenvolvimento de Negócios na Manhattan Associates. Formada em Marketing pela ESPM e com MBA pela BSP em São Paulo, a executiva já trabalhou com gerenciamento de produtos no Terra.

O comportamento ético e sustentável tornou-se uma prioridade para os consumidores nos últimos cinco anos, alimentado à medida que a faixa etária da geração Z começa a ganhar poder de compra. Muito mais atentos às tendências sociais e culturais e ao impacto de suas compras no meio ambiente, eles estão impondo novas regras e expectativas para as empresas.

Como encontrar o equilíbrio certo entre as demandas por entregas mais rápidas e personalizadas e a necessidade de sermos mais sustentáveis e ambientalmente conscientes?

Como encontrar o equilíbrio certo entre as demandas por entregas mais rápidas e personalizadas e a necessidade de sermos mais sustentáveis e ambientalmente conscientes?

Entrega x responsabilidade ambiental: o paradoxo do consumidor

Um estudo recente publicado pelo IFOP e Star Service destacou que a entrega continua sendo o critério mais importante para os clientes no e-commerce, mais do que o preço e (talvez), surpreendentemente, até mesmo do que o próprio produto. Além disso, a escolha da opção de entrega é um fator muito importante para os entrevistados.

De forma um tanto inesperada, ao mesmo tempo, mais e mais consumidores estão expressando consciência e alinhamento com as políticas de Responsabilidade Social Corporativa (CSR) e Ambiental, Social e Governança (ESG) para as marcas com as quais escolhem comprar.

A mesma pesquisa confirma que as pessoas estão dispostas a pagar mais por entregas ambientalmente sustentáveis, enquanto a maioria (80%) aceitaria entregas mais lentas se tivessem a garantia de uma abordagem mais ecológica.

Aqui está o paradoxo: por um lado, os consumidores estão dizendo que suas decisões de compra são influenciadas pela velocidade de entrega dos pedidos, mas a grande maioria deseja opções mais ambientalmente sustentáveis.

Fast fashion encontra a moda sustentável

Nos últimos anos, duas tendências opostas se desenvolveram em conjunto: fast fashion e moda sustentável. A primeira é uma grande força da indústria da moda, caracterizada pelo rápido desenvolvimento de coleções que são então vendidas rapidamente para abrir caminho para a próxima linha. O fast fashion exige níveis intensos de produção e transporte, entregues em alta velocidade, em grande parte isentos de qualquer preocupação com o impacto ambiental.

A segunda, ao contrário, consiste em aplicar requisitos éticos e transparentes à cadeia de valor do vestuário (design, produção, consumo) com o objetivo de reduzir o impacto ambiental. A expansão do mercado de segunda mão atestou isso. Com cada vez mais plataformas disponíveis para venda, o nicho incentiva a economia circular, a reutilização em vez da produção de novos produtos e, consequentemente, redes de cadeias de abastecimento extensas para entregá-los.

Para uma logística personalizada

Na realidade, essas expectativas e hábitos de consumo aparentemente paradoxais não devem ser vistos isoladamente – eles são mais um reflexo de uma demanda por uma personalização cada vez maior. O mesmo consumidor que deseja um item entregue o mais rápido possível de uma marca pode estar preparado para esperar vários dias por outra. Assim como ele pode querer comprar alguns produtos em uma loja física e outros online, ele também pode escolher retirar na loja para uma compra e entrega em domicílio para outra.

A questão, portanto, não é se a logística deve desacelerar e tornar-se mais lenta (não há evidências que sugiram que isso tenha algum grande benefício ambiental), mas como ela pode se adaptar e se organizar para atender às múltiplas expectativas dos consumidores de uma forma que não sacrifique o ambiente em prol do atendimento ao cliente – uma nova variável adicionada à já complexa equação do comércio omnicanal.

À medida que a busca pela logística hiperpessoal aumenta, é necessário ser capaz de orquestrar fluxos ultrarrápidos e fluxos mais lentos, dependendo das demandas do cliente. No entanto, todos os esforços devem ser feitos para tornar esses fluxos mais eficientes e mais ecologicamente corretos, porque nenhuma empresa em 2022 pode se dar ao luxo de gerenciar sua logística sem uma forte preocupação ambiental.

Obter ganhos ambientais para os varejistas pode ser um desafio, mas a ajuda está à mão. Com sistemas de supply chain unificados, ágeis, flexíveis e responsivos, todas as etapas e processos que sustentam as jornadas de compra do consumidor (alocação e orquestração de estoque, preparação de pedidos no armazém, na loja, agrupamento ou separação do mesmo pedido, gerenciamento de devoluções, gerenciamento de reabastecimento ou planejamento de rotas mais inteligentes) podem adaptar constantemente os planos de transporte para tomar não apenas a decisão certa sobre a velocidade de entrega, mas também a mais sustentável.