Logo E-Commerce Brasil

O varejo na Coreia do Sul

Por: Vivianne Vilela

Diretora de Conteúdo do E-Commerce Brasil

Vivianne Vilela atua como Diretora de Conteúdo, do E-Commerce Brasil há mais de 11 anos. É responsável pela curadoria dos eventos, dentre eles o Fórum E-Commerce Brasil (maior evento de e-commerce das Américas). Passou mais de 7 anos trabalhando em projetos nacionais para promover a inclusão, transformação e expansão no uso da tecnologia dos pequenos negócios no Brasil pelo Sebrae Nacional.

Ver página do autor

Em setembro deste ano, eu viajei de férias pela Coreia do Sul, passando pelas cidades de: Seoul, Daegu, Gyeongju, Busan, Chungju, Donghae e Gangwondo.

Confesso a você que eu me encantei com o design, a beleza do varejo de rua coreano. Ruas que te convidam a navegar por elas por pura beleza. Lojas com curadorias e merchandising que te convidam a ficar e ir adentrando pelo lugar com sortimento diferenciado, muito produto hand maid, muito design, o que torna tudo, muito, muito especial nesse varejo de rua. Ao longo da viagem, fui aproveitando o conhecimento do guia e fazendo algumas pesquisas que agora compartilho com você, neste texto, sobre esse varejo diferenciado.

O varejo da Coreia do Sul registrou um crescimento no primeiro semestre de 2025 de 7%, de acordo com dados divulgados pelo Ministry of Trade, Industry and Energy (MOTIE). O aumento foi impulsionado por um aumento contínuo nas vendas online e ganhos modestos no varejo físico. O e-commerce cresceu 13% no mesmo período. O tamanho do mercado do setor varejista sul-coreano foi avaliado em US$ 473,61 bilhões em 2022. Esse setor tem uma estimativa de crescimento do MOTIE de 4,46% entre 2022 e 2032.

O mercado varejista da Coreia do Sul é segmentado por canal de varejo (e-commerce/somente online, varejistas omnicanal e outros), categoria de produto (mercearia e alimentos, moda e vestuário e outros), método de pagamento (cartões de crédito, cartões de débito e outros) e região (região da capital Seul, região de Chungcheong e outros). Pequenas e médias empresas (PMEs) são uma parte vital da economia da Coreia do Sul, representando mais de 99% dos negócios nacionais e fornecendo a maioria dos empregos nacionais.

O exemplo mais flagrante no setor varejista é a ausência da gigante do comércio eletrônico Amazon, cujos serviços são totalmente cobertos por empresas locais.

O varejo, inclusive os pequenos negócios, tem um uso de tecnologias avançado, é dominado pelo forte crescimento do comércio eletrônico, que representa mais da metade das vendas totais, juntamente com uma forte presença de canais tradicionais offline, como lojas de departamento, lojas de conveniência e mercados tradicionais. A Coreia do Sul é conhecida por seu avanço tecnológico, e essas mudanças tecnológicas afetam o cenário do varejo.

Ainda assim, graças a uma alta renda familiar disponível, a Coreia do Sul é um mercado atraente. Da mesma forma que os consumidores coreanos são conhecidos por serem experientes em tecnologia, os varejistas estão se envolvendo totalmente com a tecnologia de varejo, juntamente com uma mudança para o comércio eletrônico. No entanto, a conveniência e a experiência de compra são importantes para os consumidores sul-coreanos, deixando a porta aberta para o varejo offline.

Um detalhe: o salário médio mensal na Coreia do Sul é de SKW 3.890.075, aproximadamente US$ 2.733.

Atendimento/hospitalidade no varejo

Na Coreia, a hospitalidade é considerada uma das virtudes básicas, por isso as expectativas são bastante altas, e ela deve ser considerada em todos os pontos de contato. As redes sociais são bem desenvolvidas e as avaliações têm um enorme impacto nos gastos, portanto, a hospitalidade é muito importante em todas as áreas, tanto online quanto offline. Se você cometer um único erro, é muito difícil se recuperar, então é preciso ter cuidado. Também é interessante notar que as lojas de departamento gerenciam os VIPs segmentando-os de acordo com o quanto gastam, e as marcas ajustam a taxa de desconto dos cupons de acordo com o valor da compra. Para clientes que gastam uma determinada quantia, as marcas de luxo adotam uma abordagem quase individual.

Varejo offline

Fazer compras em lojas físicas ainda é um componente fixo na vida da maioria dos consumidores sul-coreanos. As lojas de conveniência, em especial, são alvo de visitas diárias para muitos, mesmo com suas agendas lotadas, devido ao fácil acesso. Por outro lado, as lojas de departamento, que foram um varejista importante durante o boom econômico da década de 1980, oferecem uma experiência de compra mais tranquila e luxuosa. Em meio a desafios mais amplos no mercado varejista da Coreia do Sul, as lojas de conveniência se destacam como um motor de crescimento resiliente.

E-commerce

O crescimento contínuo do mercado varejista pode ser atribuído, em grande parte, ao alto crescimento das vendas online. Durante anos, o varejo eletrônico dominou o mercado e continua a crescer. De acordo com uma pesquisa de tendências de consumo de 2024 da Statistics Korea, mais de 80% dos consumidores sul-coreanos relataram fazer compras online pelo menos uma vez por semana. Entre os consumidores sul-coreanos, que valorizam a conveniência e estão muito bem conectados à internet, a grande maioria compra online. Cada vez mais varejistas adotam essa mudança e utilizam a tecnologia para combinar o varejo online e offline, na forma de aplicativos de compras, lojas sem equipe e muito mais.

O que é mais comum no e-commerce coreano:

– Entrega em alta velocidade: o envio no mesmo dia ou até mesmo em duas horas, mesmo nos finais de semana, agora é o padrão em Seul e na maioria das áreas metropolitanas.
– Tudo priorizando dispositivos móveis: mais de 90% das transações são concluídas em um telefone.
– Ferramentas de IA e pesquisa por voz: plataformas como Naver e Kakao simplificam a navegação.
Live shopping: Naver Shopping Live e Kakao Live Commerce combinam demonstrações no estilo QVC com checkout em um toque.

Melhores plataformas para compras online

– Coupang: o maior marketplace da Coreia do Sul é conhecido como a “Amazon da Coreia” por sua ampla plataforma de e-commerce, serviços integrados e entrega rápida. Oferece uma vasta seleção de produtos, além de entrega de comida (Coupang Eats), um serviço de streaming (Coupang Play) e pagamentos digitais.
– Gmarket: um enorme site de compras online com uma robusta seção de produtos usados, oferecendo opções para compradores com orçamento limitado.
– Karrot: um aplicativo focado na compra e venda de itens usados em comunidades locais, tornando-o ideal para encontrar produtos de segunda mão.
– Market Kurly: o supermercado mais popular da Coréia do Sul, especializado em produtos frescos e outros itens alimentícios.
– SSG.COM: outra grande plataforma online para compras no varejo em geral.
– KREAM: um marketplace focado em tênis e streetwear autenticados.
Naver Shopping Live: gigante do varejo de moda e gadgets com live shopping ao vivo.
– Olive Young/Aritaum: principal varejista físico e online de beauty da Coréia do Sul.

O que torna o varejo coreano tão dinâmico e inovador?

Isso pode ser explicado por diferentes fatores.

Após a Guerra da Coreia de 1950, a Coreia do Sul registrou um crescimento recorde, passando de uma situação quase de ruína para uma rápida transformação. A Coreia do Sul de hoje é o resultado. Por conta dessa tendência, quando surge uma nova ideia, os coreanos a implementam imediatamente e fazem as correções necessárias, mesmo que ela nem sempre funcione.

A Coreia do Sul tem uma das maiores taxas de propriedade de smartphones e penetração da internet do mundo. Aproximadamente 97% da população sul-coreana usa a internet, tornando-a um dos países mais conectados. Os consumidores digitalmente conectados de Seul são entusiastas e pioneiros na adoção de novas tecnologias, o que incentiva os varejistas a inovar com comércio eletrônico, pagamentos móveis e experiências online e offline integradas.

A sofisticada rede logística da Coreia, aliada às altas expectativas dos consumidores, levou ao desenvolvimento de serviços de entrega extremamente rápidos. Entregas no mesmo dia ou no dia seguinte são comuns, mesmo em áreas urbanas densamente povoadas, levando varejistas globais a experimentar opções mais rápidas e flexíveis.

Com a localização do país entre o Japão e a China, houve um aumento no número de marcas internacionais que utilizam a Coreia como laboratório de varejo para a região asiática. Marcas de luxo como Louis Vuitton, Dior, Gucci e Burberry abriram suas primeiras lojas próprias asiáticas na Coreia e sediaram eventos pop-up, exposições, restaurantes e muito mais.

Portanto, o setor varejista da Coreia é intensamente competitivo, com marcas locais e globais disputando a atenção dos consumidores. As marcas coreanas estão respondendo a essa situação reforçando sua identidade e criando experiências de compra omnicanal integradas. As marcas costumam usar lojas pop-up, showrooms, centros de experiência e outras estratégias.

A popularidade global do K-pop, dos dramas coreanos e de outras formas da cultura coreana alimenta a demanda por produtos coreanos em todo o mundo. Esse efeito da onda K alimenta um cenário varejista próspero, com Seul como um campo de testes para produtos e experiências da moda que podem ser exportados globalmente contribuindo para a inovação no varejo.

Fontes:
https://www.mordorintelligence.com/industry-reports/south-korea-retail-industry
https://www.statista.com/topics/13530/retail-in-south-korea/?
https://retailasia.com/news/south-korea-retail-sales-7-in-may
https://tradingeconomics.com/south-korea/retail-sales-annual
https://www.acuitykp.com/blog/south-korea-retail-market-2025/