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Liberdade para crescer: o que o composable commerce ensina sobre futuro e adaptação

Por: Tiago Girelli

Diretor Geral da Wake Commerce

Diretor Geral da Wake Commerce e fundador da plataforma Fbits, empresa desenvolvedora de plataformas desde 2006 e adquirida pela LWSA em 2016. Desde então, está à frente da divisão de negócios Commerce LWSA. Possui MBA na FGV em gerenciamento de projetos e quase 30 anos de trajetória profissional atuando na área de tecnologia e e-commerce.

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O que torna uma operação de e-commerce verdadeiramente competitiva hoje não é só o que ela vende, mas o quão rápido ela consegue se reinventar. Em um varejo no qual tudo muda o tempo todo – dos canais às expectativas, da tecnologia ao comportamento de consumo -, insistir em sistemas engessados já não é só um erro estratégico. É um convite à irrelevância. Nesse cenário, o conceito de plataformas composable surge não como uma promessa futura, mas como uma necessidade urgente para quem quer liderar e não apenas reagir às mudanças.

Imagem com um cubo e os dizeres: COMPOSABLE COMMERCE.
Imagem gerada por IA.

Por muito tempo, as plataformas monolíticas dominaram o e-commerce: soluções com tudo em um só lugar, mas pouca flexibilidade. Elas fizeram sentido na fase inicial da digitalização. Hoje, o cenário é outro. O consumidor cobra mais, a concorrência é veloz e o modelo que antes sustentava o crescimento agora freia a inovação. Custos altos, integração difícil e lentidão nas mudanças denunciam uma estrutura que já não acompanha o mercado.

Composable commerce: a ruptura necessária

O composable commerce nasce justamente como uma ruptura a esse modelo. Em vez de depender de um único sistema fechado, a empresa monta sua operação como se fosse um Lego: seleciona os melhores serviços para cada ponto da jornada – do checkout à recomendação personalizada – e integra tudo de maneira flexível. Cada componente pode ser trocado, evoluído ou removido conforme a estratégia muda. É uma arquitetura modular que não só reduz custos e aumenta a escalabilidade, mas que, sobretudo, devolve às marcas a agilidade para inovar de verdade.

Para o varejista, essa transição vai além da tecnologia: é uma mudança de postura. Deixa-se de operar com base na limitação e passa-se a agir com base na escolha. A empresa assume o controle da jornada digital, moldando suas experiências de acordo com o comportamento do consumidor e com os objetivos do negócio em tempo real. Isso significa liberdade para testar, adaptar e criar soluções mais fluidas, omnichannel e centradas no cliente, sem os entraves de sistemas pesados e ultrapassados.

Dados que comprovam a eficácia

E não se trata apenas de uma aposta visionária. Segundo a Forrester, empresas que adotam composable commerce conseguem reduzir o Custo Total de Propriedade em até quatro vezes. Já a Gartner aponta que, até 2027, companhias que operarem nesse modelo terão 80% mais chances de acelerar a inovação e responder às mudanças do mercado. Um levantamento da Elastic Path aponta que 95% dos líderes de e-commerce entrevistados acreditam que a arquitetura composable é essencial para escalar e se manter competitivo.

No Brasil, o movimento também ganha força. Marcas de diversos segmentos já começam a abandonar os sistemas fechados em busca de soluções mais ágeis, personalizáveis e alinhadas às demandas reais do consumidor. É uma adaptação necessária num ambiente em que as jornadas de compra são cada vez mais híbridas, e o sucesso está diretamente ligado à capacidade de integrar experiências digitais e físicas de maneira fluida.

Tecnologia como peça central da estratégia

O papel da tecnologia no varejo mudou. Ela deixou de ser um suporte para se tornar peça central da estratégia de negócios. E é aí que o composable commerce se encaixa. Quando o consumidor muda, não dá para esperar. Quando o mercado exige novas experiências, não dá para depender de longos ciclos de desenvolvimento. Quando a concorrência inovar, é preciso ter liberdade para fazer melhor.

Essa integração exige mais do que conectores técnicos. Exige flexibilidade para operar em diferentes canais, personalizar experiências com base em dados em tempo real, experimentar novos fluxos e escalar rapidamente as soluções que funcionam. É aí que o composable commerce mostra seu valor: ele transforma o e-commerce em uma plataforma viva, que evolui junto com o negócio e com as pessoas que ele atende.

Escolher uma arquitetura composable não é apenas uma decisão técnica. É uma decisão de futuro. É reconhecer que a jornada de compra é dinâmica, e que a tecnologia que a sustenta precisa ser igualmente viva, adaptável, em constante movimento. É dar à sua operação a capacidade de crescer, se transformar, testar o novo e, principalmente, responder com velocidade ao que realmente importa: o comportamento das pessoas.

No fim das contas, a pergunta que importa não é mais se o composable commerce faz sentido. É quanto tempo mais dá para adiar essa virada. Porque a inovação já não é mais um diferencial competitivo, é o que separa quem segue no jogo de quem já ficou para trás.