O segundo dia do Web Summit Rio 2025 revelou um traço em comum entre vozes tão diversas quanto chefs, diretores de inovação, fundadores de startups, criadores de conteúdo e jornalistas: vivemos um tempo de transição radical em que palavras como confiança, fluidez, propósito e inteligência (humana e artificial) assumem protagonismo. Dos debates sobre desinformação à ascensão dos agentes de IA, passando por estratégias de marca, criação de comunidades e transformação social, o evento enfatiza o que já chegou e reafirma que quem não se adaptar vai ficar para trás.

Inteligência artificial como infraestrutura e o papel da ética
A inteligência artificial, por exemplo, deixou de ser tendência e passou a ser infraestrutura. Em painéis sobre finanças, software e mídia, especialistas reforçaram que os agentes autônomos de IA já operam processos, otimizam jornadas e moldam novas formas de interação. Mas com grandes poderes vêm grandes responsabilidades: a governança ética, a proteção de dados e a inclusão digital foram apontadas como pontos de atenção cruciais. A masterclass do Gov.br mostrou como a identidade digital pode ser um ativo nacional, e a fala de Daniela Monteiro, da Microsoft, reforçou o Brasil como possível hub global de inovação em IA – desde que se invista em talento e diversidade.
A confiança também emergiu como um recurso escasso e valioso. Paineis sobre mídia e marketing apontaram que consistência e verdade não são apenas virtudes, mas diferenciais estratégicos. Gabriel Oliveira, da MOTIM, resumiu: reputação é o que ancora marcas em tempos instáveis. O jornalismo, por sua vez, foi reposicionado quase como um serviço público. Em meio ao caos informacional, veículos independentes e plataformas novas discutiram como manter relevância e credibilidade sem perder alcance. “Credibilidade é o novo luxo”, ouviu-se.
Criatividade, comunidade e empreendedorismo na era digital
No campo da criação, três palavras atravessaram os palcos: comunidade, estratégia e autenticidade. Fábio Porchat e Patrícia Muratori revisitaram a ascensão do Porta dos Fundos como símbolo da liberdade criativa proporcionada pelo YouTube, enquanto Kaique Alves, da KondZilla, lembrou que criatividade precisa de planejamento, e que as narrativas da favela têm potência global – desde que recebam visibilidade e investimento. Chris Roças, por sua vez, fez um chamado direto: parar de interromper e aprender a conquistar atenção genuína, com conteúdo relevante e empático.
Quase no fim do segundo dia de evento, Vintage Culture e Guga Trevisani discutiram como artistas brasileiros estão conquistando o mundo mesmo com recursos limitados. A adaptação ao conteúdo curto, o uso criativo das redes e o equilíbrio entre dados e intuição foram tratados como habilidades essenciais para se destacar em um cenário superlotado. Já Chef Otto e Benjamin, da Koala, mostraram que criadores de conteúdo precisam evoluir para empreendedores com estratégia, dados e controle sobre sua audiência, e não depender apenas de algoritmos.
Ficou evidente que o futuro não está dado – ele será moldado por quem tiver coragem de agir agora. Como disse Nicole Ingra, “o futuro não existe ainda, ele está aberto à criação”. E, no Web Summit Rio, esse futuro está sendo desenhado a muitas mãos, em tempo real.