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Catálogo digital: a engrenagem invisível que sustenta a performance nos marketplaces

Por: Rafaela Luna

Gerente de Catálogo Digital na Social Digital Commerce

Rafaela Luna possui mais de 10 anos de experiência em e-commerce e operações digitais. Pós-graduada em Digital Business pela USP/Esalq, especializa-se na estruturação de catálogos complexos e conteúdo estratégico, buscando melhorar a performance e visibilidade dos produtos em ambientes digitais. Atualmente lidera iniciativas de SEO, integrando processos de cadastro, otimização e posicionamento com uma visão analítica e orientada a resultados. Destaca-se também na integração de dados, gestão de taxonomias, UX e jornada do consumidor, com experiência em grandes operações digitais e projetos escaláveis de cadastro e governança de conteúdo.

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Em um cenário de altíssima competitividade, no qual dezenas de milhares de produtos disputam espaço nos mesmos canais, a forma como o conteúdo é estruturado deixou de ser apenas uma etapa operacional para se tornar um diferencial estratégico. No contexto dos marketplaces, o catálogo digital é o principal elo entre o produto e o consumidor final, e seu papel vai muito além do simples cadastro.

Um bom catálogo não é apenas aquele que “preenche os campos obrigatórios”, é aquele que conversa com o algoritmo, entrega clareza para o consumidor, respeita a hierarquia de atributos e ajuda o produto a ser encontrado, comparado e escolhido. Esse processo exige organização, padronização, inteligência semântica e, sobretudo, um alinhamento profundo entre áreas técnicas, comerciais e de conteúdo.

Homem em escritório ajustando informações de um tênis em um sistema de catálogo exibido no computador.
Imagem: Gemini.

Ativo mais estratégico e muitas vezes subestimado

Um dos erros mais comuns na jornada de transformação digital das empresas é subestimar a complexidade e o impacto do cadastro de produtos. No ambiente dos marketplaces, a ausência de dados estruturados compromete diretamente o ranqueamento do SKU (Stock Keeping Unit ou Unidade de Manutenção de Estoque) nas buscas e reduz a performance de campanhas patrocinadas. Títulos inconsistentes, imagens genéricas ou ausência de palavras-chave afetam significativamente a performance dos produtos nos canais.

Em marketplaces como Amazon, Mercado Livre, Magalu ou Via, os critérios de relevância são definidos por algoritmos que combinam fatores como: qualidade do título, presença de termos buscados, completude da ficha técnica, qualidade das imagens, avaliações e histórico de vendas. A etapa de cadastro é, portanto, uma peça imprescindível para que a engrenagem do sistema funcione corretamente.

A estrutura de dados com SEO

Com a crescente sofisticação dos mecanismos de busca interna nos marketplaces, o SEO (Search Engine Optimization, ou Otimização para Motores de Busca) ganha uma aplicação direta nas fichas de produtos. A escolha de termos relevantes, o uso adequado de atributos, a hierarquia semântica entre título e descrição e a coerência entre nome da variação e especificações são elementos que influenciam o alcance orgânico do item dentro da plataforma.

No catálogo digital, SEO não é um campo específico, é uma mentalidade aplicada à estruturação de dados. Um título rico em palavras-chave (sem ser poluído), uma descrição com linguagem clara e escaneável, e atributos bem preenchidos, como cor, material, voltagem, gênero ou faixa etária, ajudam tanto no ranqueamento quanto na conversão.

Conteúdo padronizado e estruturado

A falta de padronização é outra dificuldade recorrente. Um mesmo produto pode ser descrito como “camiseta”, “t-shirt” ou “blusa”, o que fragmenta os resultados e dificulta o agrupamento por filtros. Da mesma forma, inconsistências em atributos como cor (“azul-marinho”, “marinho”, “azul escuro”) geram ruído para o algoritmo e podem ocultar produtos do consumidor que está filtrando por essas opções.

Marcas que investem na criação de árvores de categorias e atributos bem definidas, com validações automáticas e consistência semântica, tendem a ter melhor posicionamento nos marketplaces.

Conteúdo como parte da experiência

Além da estrutura técnica, o conteúdo precisa ser pensado para o consumidor. Fichas de produto não são apenas blocos de texto, mas pontos de contato que impactam a decisão de compra. Imagens de alta qualidade, descrições que respondem a dúvidas frequentes e a comunicação clara de diferenciais do produto (como selos de sustentabilidade, tecnologia específica e certificações) fazem diferença na taxa de conversão.

Um cadastro elaborado com cuidado traduz os valores da marca, reforça a credibilidade e transmite segurança, e esses são fatores essenciais em um ambiente no qual o consumidor não pode tocar, testar ou experimentar o produto antes da compra.

Do operacional ao estratégico

A mudança de mentalidade sobre o papel do catálogo digital é um movimento necessário. Deixar de tratá-lo como uma etapa “burocrática” e passar a vê-lo como um ativo estratégico é o primeiro passo para melhorar a performance, escalar com consistência e construir reputação nos marketplaces.

Investir em processos de cadastro bem definidos, com times capacitados, integrações inteligentes e cultura de dados, impacta diretamente os indicadores de sell-out, CAC (Custo de Aquisição de Clientes), retorno sobre mídia e posicionamento orgânico.

O catálogo digital é o alicerce invisível, que sustenta, silenciosamente, todo o ecossistema de vendas digitais. Em um mercado no qual ser visto é o primeiro passo para ser vendido, estruturar bem o cadastro de produtos é inegociável.