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A revolução das marcas nativas digitais

Por: Hygor Roque

Diretor de Marketing e Parcerias na Uappi

Atua desde 2008 em agências de publicidade envolvidos em projetos de e-commerce, trabalando nas principais plataformas de e-commerce do mercado brasileiro (B2W, Rakuten, VTEX e Loja Integrada). Foi responsável pela equipe comercial da agência de tecnologia e performance que atendia contas como Grupo Boticario, Telhanorte, Sony, C&C entre outros. Hoje está à frente da Diretoria de Marketing e Parcerias da Uappi e é um dos fundadores da StartEcom, comunidade dos heads de e-commerce das marcas mais admiradas do país.

Houve um tempo em que construir uma marca era quase um privilégio restrito a quem tinha dinheiro para aparecer na televisão, no rádio ou em revistas. A lógica era simples: quanto mais se investia em mídia, maior era o alcance e, consequentemente, a venda. Mas algo mudou, e mudou de forma definitiva. Hoje, o jogo não é mais sobre quem gasta mais, mas sim sobre quem constrói uma audiência fiel.

Saiba por que construir uma audiência fiel e ter um canal próprio de vendas são os segredos para um crescimento sustentável no digital.

As marcas que estão ganhando relevância não são necessariamente as que têm os maiores orçamentos de marketing, mas aquelas que criam comunidade antes de criar produto. As DNVBs (Digitally Native Vertical Brands) são prova viva disso. Elas não apenas vendem produtos; elas estabelecem relações, criam conversas e cultivam lealdade.

Em um mercado no qual a atenção das pessoas vale mais do que qualquer investimento publicitário, a pergunta que precisa ser feita é: quem está realmente no controle?

Quem controla a audiência controla o mercado

Durante muito tempo, grandes empresas ditavam as regras. Quem não pudesse pagar para estar nos canais tradicionais simplesmente não existia. Mas a internet descentralizou esse poder. Hoje, a construção de audiência própria é o verdadeiro diferencial competitivo.

Olhe para marcas como Growth, Desinchá e Vitabe. Elas não surgiram despejando dinheiro em mídia tradicional. Elas construíram um público, nutriram esse relacionamento e, depois, monetizaram esse engajamento. O resultado? Crescimento rápido, lucrativo e sustentável.

Se antes as empresas dependiam de grandes canais para chegar ao consumidor, agora elas podem criar seus próprios espaços e gerar tráfego para suas próprias plataformas. O mercado mudou. E se você ainda não percebeu, está ficando para trás.

O novo caminho: audiência + canal próprio de vendas

Construir audiência já não é mais um diferencial, é uma necessidade básica para quem quer sobreviver nos próximos anos. Mas existe um segundo pilar que precisa ser trabalhado: o controle sobre o canal de vendas.

O erro de muitas marcas está em depender exclusivamente de marketplaces e redes sociais para vender. Sim, essas plataformas podem trazer visibilidade e conversão, mas a que custo? Comissões altas, restrições de personalização e um risco constante de mudanças nos algoritmos podem fazer sua margem desaparecer de um dia para o outro.

As marcas que entendem o jogo estão focando em dois elementos essenciais:

1. Construção de audiência própria: engajar diretamente com seu público, sem depender de intermediários;

2. Desenvolvimento de um canal direto de vendas: investir em tráfego próprio para seu site e garantir que a experiência do consumidor aconteça no seu ambiente.

Construção de audiência não é custo, é investimento

Se você olha para a construção de audiência como um custo, está olhando da forma errada. Audiência é ativo. É o que reduz sua dependência do tráfego pago e melhora sua retenção de clientes no longo prazo.

As marcas que estão se destacando sabem disso e investem pesado em:

– Conteúdo que educa e engaja: artigos, vídeos e materiais que criam uma conexão real com o público;

– Comunidades e exclusividade: grupos fechados, programas de fidelidade e experiências únicas para clientes recorrentes;

– Uso estratégico de dados: segmentação avançada, personalização e automação para garantir que cada interação seja relevante.

Canal próprio de vendas: o pilar esquecido por muitas empresas

Ter uma base fiel de consumidores é excelente, mas, se as vendas ainda dependem de terceiros, o risco continua alto. As DNVBs mais bem-sucedidas entenderam que seu site próprio não é só um e-commerce, é um ecossistema.

Quando o consumidor compra diretamente no site da marca, os benefícios são incontestáveis:

– Menos dependência de intermediários: sem pagar comissões para os marketplaces;

– Experiência totalmente personalizada: a marca controla o design, a comunicação e a jornada do cliente;

– Uso eficiente dos dados do consumidor: permite criar ofertas mais inteligentes e melhorar a retenção;

– Construção de valor de longo prazo: a cada nova venda, o custo de aquisição diminui e o relacionamento com o cliente se fortalece.

O crescimento sustentável no e-commerce está na combinação de audiência própria + canal de vendas direto. Quem ainda não percebeu isso está cada vez mais vulnerável.

O futuro pertence a quem constrói relacionamento

A internet nivelou o jogo. Hoje, qualquer marca pode disputar espaço com gigantes, desde que tenha uma estratégia clara para capturar, nutrir e converter sua audiência. Não é mais sobre quem tem mais dinheiro para investir em mídia, mas sobre quem consegue criar conexões reais.

A pergunta que fica é: sua marca está criando uma base sólida ou ainda está dependendo de terceiros para existir?

O jogo já mudou. Quem entender isso primeiro sai na frente.