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Yuval Harari avalia guerra da Ucrânia, diz que ela será longa e convoca: “Todos podemos nos inspirar a ousar fazer algo”

Por: Tiago Baeta

Fundador e Editor do E-Commerce Brasil

Yuval Harari, autor do clássico “Sapiens: Uma breve história da humanidade”, se tornou um guru também da tecnologia após ter seus livros recomendados por Bill Gates e Mark Zuckerberg e descrever a viagem a um futuro dominado pela tecnologia, onde afirma que ela permitirá “hackear” seres humanos.

Yuval Noah Harari/Divulgação

Harari, que esteve no Brasil nos últimos anos para falar sobre tecnologia e o futuro da humanidade, publicou um texto no The Gardian analisando a situação na Ucrânia e afirmando que, mesmo achando que ela ainda será duradoura, Putin já perdeu essa guerra.

“Ao planejar sua invasão da Ucrânia, Putin podia contar com muitos fatos conhecidos. Ele sabia que militarmente a Rússia supera a Ucrânia. Ele sabia que a Otan não enviaria tropas para ajudar a Ucrânia. Ele sabia que a dependência europeia do petróleo e do gás russos faria países como a Alemanha hesitarem em impor sanções rígidas. Com base nesses fatos conhecidos, seu plano era atingir a Ucrânia com força e rapidez, decapitar seu governo, estabelecer um regime fantoche em Kiev e enfrentar as sanções ocidentais. Mas havia uma grande incógnita sobre esse plano. O povo ucraniano simplesmente aceitaria o regime fantoche de Moscou? Putin apostou que sim.”

Segundo Harari, é muito mais fácil conquistar um país do que conservá-lo. “Os russos ainda podem conquistar toda a Ucrânia. Mas para vencer a guerra, os russos teriam que controlar a Ucrânia, e eles só podem fazer isso se o povo ucraniano permitir. Isso parece cada vez mais improvável de acontecer.”

O autor também nos convoca a entender e a escrever a nova história.

“As nações são construídas sobre histórias. Cada dia que passa acrescenta-se mais histórias que os ucranianos contarão não apenas nos dias sombrios que virão, mas nas próximas décadas e gerações. O presidente que se recusou a fugir da capital, dizendo aos EUA que precisa de munição, não de carona; os soldados da Ilha das Cobras que mandaram um navio de guerra russo ‘Vá se f***’; os civis que tentaram parar os tanques russos sentando-se em seu caminho. Este é o material de que as nações são construídas. A longo prazo, essas histórias contam mais do que tanques.”

E conclui: “Todos podemos nos inspirar a ousar fazer algo, seja fazer uma doação, receber refugiados ou ajudar na luta online. A guerra na Ucrânia moldará o futuro do mundo inteiro.”