O que começou como um brinquedo de designer com circulação limitada se transformou, em 2025, em uma das maiores febres de consumo da internet. Os bonecos Labubu, criados pela marca chinesa Pop Mart, ganharam status de item colecionável e tomaram o centro das atenções nas redes sociais, especialmente entre jovens e adultos.

O movimento não passou despercebido pelo e-commerce. Lojas especializadas, marketplaces e vendedores independentes viram a demanda explodir nos últimos meses. A escassez dos modelos mais desejados impulsionou não só o valor de revenda, mas também a criação de listas de espera e grupos exclusivos de negociação.
Alta demanda, estoques limitados
O que torna os Labubus tão desejados é justamente o que limita a oferta. A distribuição restrita, aliada ao apelo visual entre o fofo e o estranho, criou um terreno fértil para a cultura do hype. No comércio eletrônico, isso se traduz em estratégias agressivas de reposição de estoque, ampliação de categorias de colecionáveis e ações de marketing baseadas em senso de urgência.
Marketplaces como Shopee, Amazon e Mercado Livre passaram a destacar os bonecos em campanhas específicas, enquanto plataformas menores, como lojas voltadas à cultura asiática, registraram picos de tráfego e vendas. Algumas reportaram aumento de até 300% na busca por termos relacionados aos personagens, especialmente após vídeos virais no TikTok e Instagram.
O consumidor do hype
O perfil de quem compra Labubu online é variado, mas há padrões: jovens adultos entre 20 e 35 anos, consumidores conectados, habituados ao ambiente digital e altamente influenciados por tendências visuais. Muitos deles nunca haviam comprado itens colecionáveis antes, mas foram atraídos pela estética única e pela escassez controlada dos bonecos.
Esse comportamento impacta diretamente o varejo digital. Não se trata apenas de vender um produto, mas de oferecer uma experiência: da embalagem ao unboxing, do conteúdo compartilhável nas redes até o senso de comunidade que se forma entre colecionadores.

Quando a paixão vira peso
Se por um lado a febre dos Labubus impulsiona o e-commerce e movimenta comunidades, por outro, acende um alerta sobre os impactos emocionais e financeiros desse tipo de consumo. Relatos de compradores que contraíram dívidas para manter o ritmo de aquisição dos bonecos começaram a aparecer nas redes sociais.
Muitos consumidores relatam sensação de culpa após a compra ou arrependimento por ter adquirido itens caros movidos por impulso e escassez. A combinação entre desejo estético, algoritmos que reforçam o hype e o medo de “ficar de fora” cria um ciclo que lembra comportamentos compulsivos. Em alguns casos, usuários relatam gastar parcelas significativas da renda mensal em coleções que, pouco tempo depois, já não trazem a mesma satisfação.
A discussão sobre saúde financeira e emocional associada ao consumo vem ganhando força, e deve se intensificar nos próximos meses, conforme o ciclo de euforia dos Labubus atinge novos públicos.
Da fofura ao luxo
No e-commerce, o Labubu deixou de ser apenas um item “fofo”. Em grupos de revenda, modelos raros chegam a custar mais de R$ 1.500, enquanto kits fechados com bonecos aleatórios são vendidos como caixas-surpresa, uma tática semelhante ao loot box dos jogos digitais. O desejo de encontrar a versão rara ou exclusiva alimenta o ciclo de compra.
Empreendedores e influenciadores também se mobilizaram. Muitos passaram a criar conteúdo voltado à revenda, com reviews, dicas de investimento e unboxings de alto alcance. TikTok Shop, Instagram e Shopee tornaram-se vitrines para esse mercado emergente, onde o Labubu virou ativo.
Aprendizados para o varejo
O caso Labubu mostra que, no e-commerce, os ciclos de consumo acelerado demandam mais do que logística rápida. Eles exigem atenção às motivações emocionais do consumidor, à responsabilidade na comunicação e ao impacto da escassez como estratégia.
A valorização da experiência de compra, o uso de narrativas que respeitem o ritmo do consumidor e a promoção de compras conscientes são pontos cada vez mais relevantes para marcas que desejam criar vínculos duradouros, especialmente com as gerações mais jovens.
O caso Labubu é um alerta: o que parece apenas uma moda passageira pode virar alavanca de crescimento para negócios atentos. Em tempos em que a atenção é escassa e a fidelidade, volátil, saber ler sinais culturais se tornou diferencial competitivo.
E no e-commerce, onde tudo acontece em tempo real, quem entende rápido o que move as paixões do consumidor tem mais chances de conquistar não só cliques, mas relacionamentos duradouros.