Durante palestra no The Future of E-Commerce, edição Logística, Eduardo Mayerhofer, Diretor Comercial & Marketing da Total Express, explicou um pouco sobre o processo de descentralização vivenciado hoje pelo varejo brasileiro. De acordo com o executivo, essa é uma tendência mundial que pode beneficiar as entregas e melhorar a experiência dos consumidores.
Ele usou como exemplo os faturamentos assustadores no e-commerce mundial para expressar o crescimento das vendas online e, como consequência, a evolução dos processos logísticos em que as empresas brasileiras podem se espelhar.
O mais impressionante, segundo Mayerhofer, é a eficiência com que de países como os Estados Unidos e China, que, em escala continental, conseguem entregar de maneira cada vez mais rápida e inovadora.
Por aqui, já se fala bastante em “same day delivery” (entregas no mesmo dia), mas a média de prazo de entrega no Brasil ainda é de 9 dias, o que afasta o país da experiência que é esperada pela tendência internacional.
Para o executivo, no entanto, essa realidade é uma grande oportunidade para o mercado. Isso porque percebe-se hoje uma descentralização do eixo Rio-São Paulo, que foi durante muito tempo o polo consumidor e distribuidor do e-commerce no Brasil.
Para ele, a descentralização traz diversos benefícios, dos quais ele cita a facilidade de entrega, fragmentação de coleta, capacidade de personalizar o atendimento de acordo com a região e a redução dos custos.
5 principais motivos para a descentralização de operações logísticas:
- Proximidade dos consumidores e embarcadores locais;
- Redução do tempo de entrega;
- Redução de custos;
- Fragmentação da capacidade de coleta;
- Viabilização das operações de entrega no mesmo dia.
“Hoje já vemos os grandes varejistas brasileiros próximos aos outros polos consumidores do Brasil, principalmente no Nordeste”, ele explica.
Para as grandes empresas varejistas não é custoso descentralizar os estoques, por causa do forte giro dessas marcas. Porém, para os menores, não é tão simples assim: “é preciso inovar e pensar em alternativas”, diz Mayerhofer.
Os marketplaces, por sua vez, vêm pensando na oferta de facilidades para os lojistas das plataformas, principalmente os pequenos e médios.
“É daí que surge essa necessidade dos marketplaces em construir CDs em múltiplas localidades”, argumenta o executivo, pois isso acaba auxiliando a distribuição e a capilaridade dos lojistas das plataforma, o que, por sua vez, torna-se uma alternativa para os menores.
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Ship from store
Segundo ele, a modalidade que mais cresceu entre os varejistas em 2020 foi o ship from store (a entrega vinda da loja).
Além de usar o estoque da loja para fazer a entrega do e-commerce, o ship from store ajuda na regionalização do e-commerce e também na redução de custos e desperdícios para a marca. Funciona basicamente como um hub logístico.
Um estoque menos central, porém localizado perto dos consumidores, torna-se uma vitrine virtual que agiliza o giro de produtos e ainda beneficia a receita da loja.
De acordo com Eduardo, algumas marcas conseguem aumentar em até 30% os lucros com essa estratégia.
Benefícios do ship from store:
- Aumento da receita;
- Regionalização;
- Otimização;
- Menor desperdício;
- Minimização de riscos.
F2C
Ligar a indústria ao consumidor final também é uma alternativa viável em alguns casos: na China e nos EUA, esse tipo de estratégia já vem se mostrando muito lucrativa. Conhecida como F2C (Factory to consumer), nela são eliminadas as etapas intermediárias entre indústria e consumidor final (como a distribuição e as redes varejistas), permitindo a venda por um preço mais baixo e aproveitando os estoques e malha de distribuição da própria fábrica.
Dark stores
O conceito de dark stores (algo como “lojas escuras”, em Português) se tornou muito popular em 2020 em decorrência do fechamento das lojas durante os primeiros meses da pandemia.
Não é propriamente o estoque da loja física, pois estes espaços não estão abertos ao consumidor do estabelecimento, mas servem como pequenos espaços mais próximos dos polos consumidores para entrega exclusiva do e-commerce. Muitas vezes aproveitando a estrutura física de estabelecimentos da marca já existentes.
Porém, com tantas alternativas de entrega, por que os prazos não diminuem?
Segundo o executivo, a redução dos voos e a dependência do mercado aéreo prejudicou muitas entregas em escala global e regional também, o que aumentou os prazos em 2020.
Ele espera que com a lenta retomada das atividades em 2021, haja uma mudança de prazos novamente. “Nós, consumidores, somos quem determinamos quais são as necessidades de produção da indústria ou não”, ele explica.
Para ele, o mercado logístico já está mudando. As empresas estão cada vez mais preocupadas em atender de maneira flexível as empresas médias e pequenas, tirando um pouco a dependência dos lojistas das grandes (e caras) transportadoras tradicionais que não se adaptaram.
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Pudos
Nova modalidade de entrega, ainda sem tradução, que serve como ponto de transferência secundária, como uma lavanderia ou loja de outra categoria. Trata-se de pontos de “pick up ou drop off”, que funcionam como pontos de retirada e despache de mercadorias.
- Beneficiam os consumidores que moram em locais de difícil acesso fora da área de cobertura das transportadoras;
- Beneficia as lojas que não tem uma vazão grande e precisam de soluções logísticas para pequenas quantidades;
- E beneficia também as transportadoras, que conseguem atender mais lojas e consumidores, dando vazão às demandas que antes ficavam represadas pela dificuldade de entrega.
O The Future Of E-Commerce – Logística 2021 abre o calendário de eventos do E-Commerce Brasil em 2021. Todas as palestras serão disponibilizadas no canal do ECBR no YouTube nos próximos dias.
Por Júlia Rondinelli, da redação do E-Commerce Brasil.