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Headless commerce tem potencial para transformar a experiência do cliente no varejo eletrônico

Por: Helena Canhoni

Jornalista

Bacharel em Comunicação Social pela ESPM. Experiência em tráfego pago, cobertura de eventos, planejamento de marketing e mídias sociais.

O cenário do comércio digital está longe de ser estático. Dentro dele, um novo paradigma conhecido como “headless commerce” está ganhando um espaço significativo. A tendência é uma abordagem arquitetônica do mundo digital, na qual a parte do front-end (voltada para o cliente) e a parte do back-end (lógica de negócios e operações) de uma plataforma são desacopladas.

Andrew Gordon, estrategista de pagamentos de e-commerce na Discover® Global Network (DGN), explicou a PYMNTS, que o headless commerce também permite que os comerciantes adotem uma abordagem mais ágil e inovadora no varejo digital, levando melhores experiências ao cliente em todos os canais. 

Visão frontal de miniatura de carrinho de compras com caixas de papelão em cima
Imagem: reprodução

Nas configurações de e-commerce tradicionais, o front-end e o back-end estão fortemente interligados, o que significa que mudanças em uma parte podem impactar a outra. Essa integração muitas vezes leva a limitações na personalização e a uma resposta mais lenta aos avanços tecnológicos ou às demandas dos clientes. 

“O headless commerce consiste em separar os elementos voltados para o cliente — a aparência e a sensação de um site — dos sistemas de back-end que gerenciam funções de negócios como inventário, checkout e pagamentos. Esse desacoplamento é alcançado por meio de APIs, que conectam essas duas camadas”, explica Gordon.

Essa separação permite mais flexibilidade e personalização, pois as empresas podem gerenciar e atualizar a interface do usuário e os sistemas de back-end de forma independente, sem interromper toda a plataforma.

Um novo paradigma para o e-commerce

Entre os principais benefícios do headless commerce está a possibilidade das empresas escolherem as melhores ferramentas e tecnologias para cada parte de seu sistema.

Gordon destaca que um comerciante pode precisar que seu aplicativo móvel e sua loja desktop se conectem ao mesmo software de gerenciamento de relacionamento com o cliente (CRM) e ao gateway de pagamento. E por meio da arquitetura baseada em API do headless commerce, isso é possível.

Além disso, esse nível de configurabilidade também pode ser aplicado aos serviços de back-end que ajudam os comerciantes a administrar suas experiências digitais. A flexibilidade do headless commerce permite que as empresas utilizem as melhores capacidades — por exemplo, um CRM, soluções de pagamento ou até mesmo software de envio — diretamente na solução. 

“Plataformas de e-commerce prontas para uso muitas vezes restringem os negócios aos recursos que oferecem, limitando a personalização. O headless commerce quebra essa limitação, permitindo que as empresas projetem sua experiência de front-end em vários canais — seja desktop, aplicativos móveis ou quiosques — mantendo um sistema de back-end consistente”, declara o executivo.

A capacidade de fornecer uma experiência consistente em todos os pontos de contato é crucial no ambiente de varejo omnichannel de hoje. À medida que os consumidores esperam cada vez mais interações perfeitas, seja comprando online, em dispositivos móveis ou em lojas físicas, o headless commerce permite que as empresas atendam a essas expectativas de forma mais eficaz.

O futuro do e-commerce é headless?

A crescente adoção do headless commerce e sua flexibilidade reduziram a barreira de entrada para as empresas interessadas nessa abordagem. Seus benefícios não se limitam mais apenas a startups de tecnologia ou empresas que constroem uma nova arquitetura online do zero.

“Estamos vendo uma mudança significativa à medida que plataformas legados de e-commerce adotam abordagens de headless commerce. Essa tendência indica uma aceitação mais ampla do modelo, tornando-o mais acessível para empresas de médio porte e até mesmo para algumas menores com recursos de desenvolvimento adequados”, ressalta Gordon.

Para o executivo, existem quatro tendências e pilares que sustentam o crescimento do headless commerce: 

  • Inovação baseada em API;
  • Aplicações de próxima geração de inteligência artificial (IA) e machine learning;
  • Convergência das redes sociais e e-commerce; e por fim,
  • Integração da inovação em pagamentos.

De acordo com Gordon, as APIs são a espinha dorsal do headless commerce, permitindo que diferentes sistemas se comuniquem e compartilhem dados para serviços como mecanismos de recomendação personalizados ou plataformas de análise avançadas. 

Com conectividade via API, os comerciantes obtêm a capacidade de usar ferramentas alimentadas por IA e aprendizado de máquina para beneficiar ainda mais seus clientes. Podendo variar desde um chatbot de IA lidando com perguntas de atendimento ao cliente até um algoritmo de recomendações de produtos que aumenta as vendas no checkout.

Outro aspecto que se beneficia da conectividade aprimorada por meio de APIs e do headless commerce são as redes sociais e o varejo eletrônico. À medida que os consumidores recorrem a influenciadores e as redes para recomendações de produtos, os comerciantes têm mais ferramentas para converter o interesse do consumidor em vendas, conectando diretamente sua presença nas redes sociais aos sites de e-commerce. 

A flexibilidade do headless commerce também se estende aos sistemas de pagamento com as empresas integrando várias opções de pagamento – desde carteiras digitais, soluções de compre agora e pague depois até criptomoedas, atendendo a diversos grupos de clientes.