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Estrutura bancária brasileira pode prejudicar pequenas e médias empresas, afirma Datafolha

Por: Helena Canhoni

Jornalista

Bacharel em Comunicação Social pela ESPM. Experiência em tráfego pago, cobertura de eventos, planejamento de marketing e mídias sociais.

Homem branco frustrado em frente ao computador por conta de contas a pagar
Imagem: reprodução

Operar conforme o sistema bancário brasileiro vem sendo um problema para muitas empresas. De acordo com a pesquisa Indicador Nacional de Atividade da Micro e Pequena Indústria, da Datafolha, uma média de 28% das empresas funcionam sem conta bancária de Pessoa Jurídica (PJ); entre as micro indústrias a porcentagem atinge 33%. 

A desbancarização constrói uma nova dinâmica econômica. No momento, as empresas possuem CNPJ, portanto há uma ruptura entre a formalização legal e o acesso aos serviços bancários. 

O presidente do SIMPI (Sindicato da Micro e Pequena Indústria), Joseph Couri, reflete: “estamos testemunhando uma parcela substancial de nossas indústrias operando à margem do sistema financeiro formal, o que não apenas impacta sua eficiência operacional, mas também pode resultar em consequências legais indesejadas”. 

Gráfico da empresa Datafolha demostrando a média de empresas que não possuem conta de pessoa jurídica
Imagem: reprodução

Não sendo mais um segredo, a burocracia para abertura de contas bancárias jurídicas é um problema estrutural no Brasil. Por conta de uma padronização e burocracia acima da média, os empreendedores das MPIs saem prejudicados e acabam optando pela informalidade. 

“A desbancarização evidencia desafios estruturais que as empresas de menor porte enfrentam em meio ao panorama econômico do país”, justifica o presidente. 

Tendências para pequenas empresas

Algumas das principais tendências que a pesquisa evidenciou dizem respeito à: desbancarização regional, métodos alternativos de pagamento e limitações de crédito. Couri ainda explica que “[as contas bancárias jurídicas] oferecem taxas de manutenção diferenciadas, personalizadas de acordo com as necessidades e o porte do negócio, resultando em potenciais economias de custos”. 

Referente primeiro às regiões com maiores índices de desbancarização, o levantamento mostrou que em São Paulo 33% das empresas operam sem contas de pessoas jurídicas. Isso classifica o município com as maiores taxas de empresas informais. 

“As contas bancárias jurídicas são essenciais para facilitar uma série de questões burocráticas, tornando os processos bancários mais ágeis e eficientes para os empresários”, diz Joseph. 

Na sequência, os métodos alternativos de pagamento despontam entre as empresas desbancarizadas, com 87% afirmando que utilizam as contas pessoais – físicas – para movimentar os recursos da empresa. Os donos de negócios destacam que se adaptaram de maneira criativa, mas precária, frente aos desafios financeiros.

Gráfico de barra demostrando a quantidade de empresas que utilizam os diferentes meios de pagamentos com fonte da Datafolha
Imagem: reprodução

Como última tendência, a pesquisa revela que 25% das empresas não possuem contas que oferecem uma linha de crédito para capital de giro. A limitação ao crédito aparece como uma lacuna para o acesso aos recursos financeiros essenciais para a sustentabilidade e crescimento dos negócios. 

Dificuldades financeiras

Em meio às dificuldades frente ao acesso às contas bancárias jurídicas, segundo a pesquisa, o faturamento das empresas desbancarizadas traz à tona um quadro preocupante. Sendo considerada a maioria (69%) das empresas faturam até R$ 15 mil por mês, uma realidade de micro e pequenas empresas com receitas mais modestas. 

Além disso, a distribuição geográfica impacta diretamente na desbancarização dessas empresas. Metade das empresas, 49%, está concentrada na região Sudeste do país; segundo o Datafolha, isso sugere uma correlação entre densidade populacional e a incidência de desbancarização. Outro dado relevante é que 54% das empresas estão localizadas no interior dos estados, evidenciando que o fenômeno não se limita às grandes metrópoles. 

Outra preocupação dos empreendimentos é a avaliação dos negócios e a probabilidade de fechamento no curto prazo. Para os desbancarizados, 72% das empresas apresentam um risco maior de fechamento em comparação com os que possuem contas de pessoas jurídicas.