Em vigor a partir desta terça-feira (4), a nova tarifa extra de 10% para importações estabelecida à China pelo presidente dos EUA, Donald Trump, pode reverberar negativamente em plataformas de e-commerces do gigante asiático. Isso porque, com a interrupção da isenção para remessas internacionais de até US$ 800, as movimentações de mercado destas empresas estão ameaçadas.

A decisão também afetava México e Canadá com uma alíquota de 25%. Contudo, o chefe de estado norte-americano suspendeu a taxação dos países na noite da última segunda-feira (3).
Ao todo, em 2024, cerca de 1,4 bilhão de pacotes entraram nos EUA por conta da brecha alfandegária, segundo a Nomura Holdings. Além disso, conforme a própria alfândega estadunidense, entre janeiro e setembro do mesmo ano, o valor total de importações chegou a US$ 48 milhões entre consumidores e empresas.
Possíveis desdobramentos
Com o fim da facilitação na alfândega, companhias como Temu e Shein estão no centro de um problema operacional. Beneficiados há alguns anos com a isenção citada, este novo momento dos EUA podem representar um efeito imediato nos negócios de ambas no país.
Para a primeira, pertencente ao grupo PDD Holdings, o problema imediato é a diminuição das vendas para usuários norte-americanos. Com os descontos altos como principal característica comercial, a Temu pode ver o número de remessas ao país diminuir. Hoje, dados do EMarketer apontam que as vendas da plataforma nos EUA em 2025 vendas cheguem a US$ 30 bilhões.
No caso da varejista de moda, o principal impacto aconteceria no processo de IPO, ou seja, a abertura de capital, em Londres. Isso porque, a partir das sanções, a projeção é que as margens de receita diminuam e este plano seja adiado.
Na prática
Fora o que se especula quanto ao impacto comercial, as decisões de Donald Trump já são sentidas por algumas empresas da China. É o caso de JD.com, também do e-commerce, e Li Ning Co., marca de roupas esportivas. Na bolsa de valores de Hong Kong, ambas tiveram retrações de 3,2% e 2,9%, respectivamente.
E o Brasil?
O novo pacote tarifário de Trump não chegou ao Brasil, mas existem chances dessa onda chegar por aqui. Em entrevista ao O Globo, Otaviano Canuto, ex-vice-presidente do Banco Mundial e ex-diretor executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI), comenta que a ampliação das taxações para outras nações deve acontecer cedo ou tarde.
“A dúvida apenas é como isso vai chegar ao Brasil. Donald Trump pode optar por uma tarifa geral ou medidas específicas. O setor de aço e alumínio, principalmente, precisa estar preocupado agora”, afirma.
Caso isso aconteça, o especialista acredita que o governo federal rebata com outras sanções.