Com o feriado de 4 de Julho, a categoria de fogos de artifício nos Estados Unidos enfrentou um momento diferente em 2025. A indústria, que depende quase integralmente das importações chinesas, está em alerta diante das tarifas impostas pelo presidente Donald Trump, que já afetam o custo dos produtos e pressionam tanto pequenos comerciantes quanto organizadores de grandes espetáculos. As informações são do The New York Times.
O temor, no entanto, vai além do feriado deste ano. Representantes do setor alertam para o risco de escassez e aumento de preços em 2026. Tendo em vista que o ano representa a comemoração dos 250 anos de independência do país, o mercado teme que as comemorações sejam reduzidas ou até canceladas.
“É o próximo ano que mais nos preocupa. Não sabemos como as tarifas vão impactar a produção”, afirma Stacy Schneitter-Blake, presidente da National Fireworks Association.
Dependência da China
A indústria de fogos de artifícios movimenta cerca de US$ 2 bilhões anualmente nos EUA, mas 99% dos produtos vêm da China. Em 2024, as tarifas sobre essas importações chegaram a 145%, antes de recuarem para 30% após uma trégua comercial. Ainda assim, a incerteza segue gerando instabilidade, já que parte dos importadores tenta estocar produtos antes de novos aumentos, enquanto outros reduziram pedidos por conta da margem de lucro cada vez mais apertada. Alguns carregamentos foram até devolvidos à China por falta de compradores.
A cadeia logística também foi afetada, com atrasos no envio e gargalos nos armazéns. As associações do setor intensificaram a pressão sobre o governo e o Congresso para uma isenção, argumentando que os fogos de artifício são símbolo tradicional do patriotismo americano.
As barreiras para a produção doméstica são consideráveis. O setor lida com regras rígidas para o manuseio de materiais explosivos, além de dificuldades em encontrar mão de obra qualificada.
Margem estreita
Durante a guerra comercial de 2019, o governo Trump havia excluído os fogos das tarifas. Agora, no entanto, a administração tem relutado em conceder isenções por considerar que elas enfraquecem a força dos EUA nas negociações.
Embora populares, os fogos de artifício não são altamente lucrativos. Exibições podem custar de US$ 3 mil a US$ 250 mil, mas a margem de lucro é estreita. “Se os preços subirem demais, o consumidor simplesmente deixa de comprar”, afirma AJ Burns, da distribuidora North Central Industries.
Burns estuda alternativas de fornecedores em países como Camboja e Brasil, mas reconhece que eles ainda não oferecem estrutura e segurança compatíveis com a demanda dos EUA.