No Brasil, os pagamentos por meio de cartões (débito, crédito e pré-pago) ultrapassaram, de forma inédita, a marca de R$ 4,1 trilhões em volume total transacionado no ano passado. Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), o número representa uma alta de 10,9% em relação a 2023.

Do valor citado, a pesquisa mostra que aproximadamente R$ 2,8 trilhões são fruto de cartão de crédito, R$ 1 trilhão referente a gastos com débito e R$ 379,4 bilhões na modalidade pré-pago.
O número de transações chegou a 45,7 bilhões no ano, um crescimento de 8,2% em relação ao ano anterior. Deste total, 19,8 bilhões em cartão de crédito, uma alta de 11,2%, 16,7 bilhões em débito (+1,9%), e o restante de 9,2 bilhões em pré-pago (14,5%).
De acordo com Giancarlo Greco, presidente da Abecs, os números menores no débito já indicam a competição com o Pix como forma de pagamento. Mesmo assim, o executivo cita que o crescimento acelerado registrado nos últimos sete anos de 17,8% em valor transacionado e 16,2% em quantidade de transações mostram a evolução do setor como um todo.
Categorias
Entre as áreas que contabilizaram alta na utilização de cartões de crédito, segundo a Abecs, estão:
- Serviços de cuidados às pessoas - 25%
- Companhias aéreas e afins - 22,6%
- Petshops - 22%
- Profissionais liberais - 19,5%
- Serviços médicos - 18,2%
- Cultura e esportes - 17,3%
- Autopeças - 16,9%
- Eletrônicos e eletrodomésticos - 13,2%
- Bares e restaurantes - 12,9%
Pagamento por aproximação
Em relação aos pagamentos por aproximação, o relatório identificou cerca de um R$ 1,5 trilhão gastos em 2024, com alta de 48,3% em relação a 2023 (R$ 986,4 bilhões). A quantidade de compras por aproximação chegou a 23,6 bilhões, correspondendo a uma média por hora de 2,6 milhões de pagamentos por aproximação.
O cartão foi um dos instrumentos mais usados neste modelo de pagamento, sendo responsável por com 74% dos pagamentos. A lista conta ainda com celular (33%) e relógio inteligente (1%).
Panorama em 2025
A Abecs acredita que, neste ano, o ritmo continuará positivo e com expectativa de crescimento entre 9% e 11%. “Teremos mais um ano robusto, caminhando para quebrar novas barreiras. É possível que o gasto com cartões atinja R$ 4,6 trilhões em 2025”, afirma Greco.
A projeção é ancorada em variáveis como PIB, consumo das famílias, IPCA e taxa de desemprego.
Greco admite que o Pix por aproximação será mais uma opção de conveniência para o consumidor, mas não acha que o cartão será muito prejudicado “Porém, o cartão de débito deve andar um pouco de lado.”
Sobre inadimplência, o executivo acredita que as taxas de juros altas devem contribuir para aumento dos atrasos nos pagamentos. “Mas os agentes de mercado, como emissores, criaram regras melhores para administrar o problema. Os portfolios estão saudáveis, apesar das altas taxas de inadimplência.”
Com inflação alta, ele aposta no aumento dos valores transacionados, mas não acha que as pessoas vão se endividar mais por isso.
Fora do Brasil
Os gastos dos brasileiros no exterior utilizando cartões aumentaram 19,7% ante o anterior, chegando a US$ 15,8 bilhões. Deste total, a maior parte foi para a Europa, representando R$ 38,6 bilhões e crescendo quase 31% em relação a 2023.
Os Estados Unidos aparecem na segunda colocação, somando um valor transacionado de R$ 30,7 bilhões e alta de 23,8% na mesma base de comparação. A América Latina fecha o top 3 com R$ 10,2 bilhões e alta de 30,9%.
Já os gastos de estrangeiros no Brasil totalizaram US$ 5,5 bilhões, alta tímida (0,4%) ante 2023.
Consumo não presencial
Nas compras não presenciais, o valor transacionado cresceu quase 18%, movimentando R$ 979,4 bilhões em 2024. E o cartão credito foi uma das grande ferramentas, crescendo 191,9% no uso em cinco anos.
No entanto, o uso do cartão de débito disparou crescendo 397% comparado com 2019, período antes da pandemia. “Mais conveniência, mais segurança e mais fluidez”, disse Greco.