O consumo de café caiu no Brasil em 2025 e o preço se tornou o principal critério de escolha do consumidor. De acordo com pesquisa do Instituto Axxus, encomendada pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), a disparada nos preços levou parte da população a diminuir a quantidade ingerida e a optar pelas marcas mais baratas disponíveis.

Mudança de hábito nas prateleiras
O levantamento, que entrevistou 4.200 pessoas em setembro, mostra que 96% dos brasileiros continuam tomando café todos os dias. Apesar da presença consolidada na rotina, o consumo foi ajustado:
- 24% reduziram a quantidade da bebida neste ano, o maior índice já registrado;
- 39% passaram a escolher a marca mais barata da prateleira. Em 2019, esse percentual era de apenas 7%.
Segundo a Abic, até 2023 a tendência era diferente: os consumidores escolhiam entre suas marcas preferidas e, dentro delas, optavam pela de menor preço. Em 2025, a estratégia mudou para priorizar apenas o custo.
Consumo diário ainda elevado
Apesar da redução, o hábito de tomar café segue firme. Quase metade dos entrevistados (44%) declarou consumir entre três e cinco xícaras de 50 ml diariamente. O índice de brasileiros que bebem café todos os dias, de 96%, se manteve estável em relação às pesquisas anteriores.
Preço do café quase dobrou em dois anos
Dados da Abic referentes a agosto de 2025 mostram que o quilo do café custa em média R$ 62,83, quase o dobro em comparação a dois anos atrás, quando estava em R$ 32,40.
Já o IBGE aponta que a bebida acumula alta de 60,85% nos últimos 12 meses, mesmo com quedas registradas em julho e agosto. A própria Abic projeta nova elevação, de cerca de 15%, nas próximas semanas, impulsionada pelo repasse da indústria ao consumidor.
Fatores que pressionam os preços
A escalada de preços está ligada a uma combinação de fatores internos e externos:
- tarifa de 50% aplicada pelos Estados Unidos sobre o café brasileiro, elevando a cotação do grão na Bolsa de Nova York, referência global para o setor;
- estoques internacionais em baixa, após quatro anos de colheitas reduzidas nos principais países produtores devido a problemas climáticos;
- queda na produção de café arábica no Brasil em 2025;
- geadas no Cerrado Mineiro, que provocaram perda estimada em 424 mil sacas (25 mil toneladas), segundo a consultoria StoneX Brasil.