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Você não deve desenvolver um CDP internamente!

Por: Pedro Ivo Martins Brandão

Sócio e Chief Revenue Officer (CRO)

Sócio e Chief Revenue Officer (CRO) na Dito CRM. Professor de pós-graduação na Fundação Dom Cabral. Formado em Comunicação, com Especialização em Gestão Estratégica e Mestrado em Ciências Sociais.

Após conversar com diferentes lideranças do varejo de moda, eu descobri que algumas delas, no mínimo uma vez, se depararam com a seguinte pergunta: construir um CDP próprio ou contratar um CDP especialista?

A resposta é complexa, afinal, essa é uma decisão que reflete em muitas áreas do negócio. E uma escolha mal embasada pode impactar diretamente nos resultados da empresa e, claro, na intensidade das cobranças da diretoria.

Descubra se é melhor construir um CDP próprio ou contratar um especialista para otimizar os resultados do seu negócio.

Diante desse cenário que se repete, eu decidi escrever este artigo a fim de trazer algumas reflexões práticas sobre esse assunto e, possivelmente, te ajudar a seguir pelo caminho mais indicado.

Ficou interessado? Então siga a leitura para eu te contar o meu ponto de vista.

(Antes de avançar, eu deixo um agradecimento especial ao meu time de tecnologia que apoiou fortemente na construção deste conteúdo).

Uma breve análise sobre o momento do varejo

Eu estive na NRF 2025, e algumas pautas que eram apontadas como tendência nas edições anteriores agora se converteram em realidade.

Com os consumidores cada vez mais exigentes, em especial da geração Z, entregar experiências personalizadas e relevantes se tornou uma obrigação para os varejistas.

Nesse sentido, os CDPs (Customer Data Platforms) ganharam ainda mais protagonismo, afinal, com a sua capacidade de unificar dados, segmentar a base e de gerar insights rápidos e dinâmicos, com o apoio de IA, ficou mais “fácil” atender às expectativas de customização dos clientes.

Mas, dado esse panorama, voltamos à questão principal do texto: é melhor desenvolver um CDP do zero ou adquirir uma solução especializada que já reúna todas as features que eu mencionei acima? Veja na sequência a minha ótica.

CDP próprio: quais são os desafios?

Criar um CDP do zero é uma ideia bastante atraente, afinal, parece ótimo ter uma solução personalizada, moldada às necessidades específicas do negócio.

No entanto, à medida que o projeto avança, os desafios ficam mais complexos e os custos envolvidos se tornam maiores, revelando obstáculos que podem “quebrar” as expectativas iniciais.

Esses custos envolvem o investimento em tecnologia, mas também na captação e retenção dos profissionais que vão liderar o projeto. E esta última, em específico, é uma tarefa que demandará tempo e resiliência.

Dada a escassez de desenvolvedores, cientistas de dados e engenheiros de software no mercado como um todo, reserve bastante tempo na sua agenda somente para fazer processos seletivos.

Outra dificuldade é acompanhar a constante necessidade de melhorias e novas funcionalidades, exigidas pelas próprias transformações que vão ocorrendo no comportamento do consumidor.

Cada vez que é necessário evoluir o CDP, é obrigatório um novo ciclo de desenvolvimento que consome tempo e recursos. E lembre-se: priorizar uma evolução pode ser sinônimo de deixar outras iniciativas estratégicas de lado.

A qualidade e a governança dos dados representam um obstáculo contínuo. Garantir que os dados sejam consistentes, “limpos” e prontos para uso não é uma atividade trivial.

Pequenos erros na coleta ou no processamento podem comprometer análises e decisões críticas, reduzindo o valor da solução.

A segmentação em tempo real, um dos pilares fundamentais de qualquer estratégia de CRM moderna, também é extremamente desafiadora.

Trabalhar com grandes volumes de dados e oferecer respostas instantâneas requerem uma infraestrutura computacional robusta e altamente otimizada; algo que nem sempre é fácil ou barato de implementar.

Além disso, um CDP criado internamente pode resultar em uma forte dependência de pessoas técnicas para operar a plataforma.

Muitas vezes, equipes de negócios precisam construir queries em linguagens técnicas, o que limita sua autonomia e retarda o processo de tomada de decisão. Isso contradiz o próprio objetivo do CDP, que é empoderar os times de negócio com acesso rápido e fácil aos dados.

Por fim, as integrações, tanto com fontes de dados quanto com ferramentas de comunicação e gestão de campanhas, é outra questão complexa.

Cada nova conexão exige esforço técnico e recursos adicionais. Além disso, para que essas ferramentas sejam utilizadas de forma eficaz, é necessário um conhecimento profundo sobre CRM, suas funcionalidades e métricas.

E quando a decisão envolve a contratação de uma empresa terceira (outsourcing de TI) para o desenvolvimento de um CDP interno, os desafios podem ser ainda maiores. Isso porque:

– O investimento inicial se tornará mais alto;

– O projeto poderá se estender por um prazo elevado, desalinhado com o timing das áreas de negócio;

– Pode surgir uma dependência externa para sustentar e evoluir o projeto.

Diante de tantos desafios, fica claro que criar um CDP do zero é uma empreitada custosa e complicada, muitas vezes, além do que se percebe inicialmente.

Para concluir esse tópico, veja a seguir um cenário comum do ecossistema, em casos de CDPs próprios:

A imagem acima ilustra a grande complexidade que é a integração de dados entre ferramentas, como mostram as setas pretas, além da necessidade de se desenvolver as funcionalidades (caixas azuis) de um CDP, que podem ser encontradas prontas no mercado hoje.

Nesse contexto, o investimento inicial e o custo de sustentação de todas as estruturas de dados, integrações e funcionalidades ficarão com o varejista que decidir desenvolver um CDP próprio.

CDP especialista: melhor ou pior?

Optar por um CDP especialista, já pronto e reconhecido pelo mercado, traz uma série de vantagens para as marcas varejistas que buscam consolidar e utilizar dados de maneira estratégica.

Essas soluções combinam expertise acumulada, funcionalidades avançadas e foco em inovação, proporcionando benefícios que vão além da economia de recursos.

Inclusive, um CDP especialista elimina grande parte dos custos iniciais e reduz os gastos contínuos com manutenção e evolução.

Além disso, as plataformas de dados de clientes já estabelecidas trazem consigo o aprendizado contínuo adquirido em diversos setores do varejo e indústrias, oferecendo uma base sólida e já testada para o contratante.

As funcionalidades são outro diferencial. CDPs especialistas já solidificados permitem a segmentação avançada dos clientes e a compreensão aprofundada de suas características e comportamentos, via inteligência artificial.

Conexões nativas com canais de comunicação eliminam integrações manuais complexas, e a facilidade de entrada e saída de dados otimiza o enriquecimento da base.

O foco em inovação também é um grande atrativo. Por serem parte do core business dos provedores, os CDPs de mercado estão em constante evolução, incorporando novas funcionalidades que mantêm as empresas atualizadas com as tendências do setor.

Por fim, a operação e a análise são simplificadas. Com dados transformados e prontos para uso analítico, essas soluções otimizam processos nas áreas de negócio, reduzindo o esforço operacional e proporcionando maior autonomia para as equipes de marketing, vendas e produtos. Isso acelera a tomada de decisão e potencializa os resultados.

Optar por um CDP especialista de mercado é uma decisão estratégica que combina eficiência operacional, funcionalidades avançadas e redução de custos, permitindo que as empresas foquem no que realmente importa: gerar valor a partir de dados e criar experiências excepcionais para os seus clientes.

Na imagem a seguir, confira o ecossistema em casos nos quais o varejista opta por contratar um CDP especialista.

Nesse caso, o grau de complexidade é minimizado, uma vez que todas as integrações passam a ser executadas através de professional services, possibilitando que as funcionalidades (caixas azuis) que já foram implementadas sejam aproveitadas.

O investimento inicial é menor, pois se trata do custo das integrações das fontes de dados com o CDP, absorvendo toda a expertise e as funcionalidades que seguem evoluindo sem custo de desenvolvimento.

Não confunda Data Lake e CDP

Esse tópico merece um espaço reservado, pois alguns varejistas acreditam que estão construindo um CDP, quando, na verdade, o que receberão ao final do projeto será um Data Lake.

Para clarear a diferença, um CDP é uma plataforma que “trata”, centraliza, unifica e deduplica dados dos clientes, e permite a segmentação das informações para uso estratégico nas ações de marketing e vendas.

Inclusive, se a sua marca contratar um CDP especialista, não será necessário haver pessoas técnicas na equipe para operá-lo e/ou dar manutenção.

Já no caso do Data Lake, o cenário é bastante diferente. Essa solução, basicamente, armazena grandes volumes de dados diversificados, que podem estar estruturados ou não.

É fundamental haver no time um profissional especializado em SQL para operar e gerar as queries. E vale ressaltar que um Data Lake pode servir de fonte para “alimentar” com dados um CDP especializado.

Conclusão

Hoje, pela minha experiência após acompanhar a integração de dados de mais de 300 marcas varejistas, com certeza, eu optaria pela contratação de um CDP já consolidado no mercado.

Como eu procurei mostrar no decorrer do texto, um CDP próprio está mais para “nice to have” do que para “must have”. Ou seja, pode ser interessante assumir a “bronca” de criá-lo internamente?

Sim. Mas, entre o certo e o incerto, eu prefiro ir na direção onde os riscos e os custos são mais baixos e as “dores de cabeça”, menores.

De toda forma, se mesmo com essas explicações as suas dúvidas persistirem, fique à vontade para me enviar uma mensagem privada no Linkedin. Para te ajudar, eu posso te colocar em contato com o meu diretor de tecnologia.

Espero que este artigo tenha te ajudado. Até breve!