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Seu e-commerce vende, mas não cresce? O problema pode estar no mix de produtos

Por: Thiago Garavelo

Fundador e CEO da Vello Ecommerces

Empreendedor com mais de 12 anos de experiência no mercado digital, especializado em e-commerce. Ele é fundador e CEO do Grupo Vello, gerenciando marcas próprias que faturam mais de R$ 30 milhões por ano. Além disso, compartilha conhecimento e estratégias para negócios digitais por meio de sua mentoria.

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Muitos lojistas ainda montam seu catálogo com base em achismo, impulso ou exclusividade de fornecedores. Mas, na prática, o que sustenta um crescimento escalável e lucrativo no e-commerce é ter um mix de produtos bem estruturado, pensado de forma estratégica para potencializar as três alavancas fundamentais de crescimento: aquisição, recompra e satisfação.

Loja virtual de moda exibida em tablet e celular sobre mesa azul com materiais de design.
Imagem: Freepik.

Ao longo dos últimos anos, testando e ajustando operações digitais em diversos segmentos, desenvolvemos um modelo prático que ajuda a entender a função real de cada produto no mix e, principalmente, como eles devem ser distribuídos dentro do faturamento da loja. Esse modelo parte de um princípio simples: nem todo produto precisa ser o mais vendido para ser o mais importante.

As três categorias que compõem um mix estratégico

Para construir um portfólio equilibrado, dividimos os produtos em três grandes grupos, cada um com um papel específico na estratégia:

1. Produtos de atração

São produtos com alta demanda e baixa margem, geralmente com um preço acessível e ampla procura. Em muitos casos, são itens populares, básicos ou que funcionam como “boi de piranha”, aqueles que chamam atenção, criam tráfego e servem como porta de entrada para novos clientes.

    Esses produtos representam, em média, 60% do faturamento das operações que mais performam. Seu objetivo não é gerar lucro isoladamente, mas atrair novos consumidores e permitir uma primeira experiência com a marca. Por isso, é comum que a lucratividade desses itens seja mais enxuta, mas com alto volume de vendas.

    2. Produtos de alta margem

    Aqui estão os produtos com valor agregado maior, menos concorrência direta e margem bruta significativa. Eles não costumam ser os mais vendidos, mas são responsáveis por equilibrar a operação e aumentar a rentabilidade.

      São ideais para estratégias de upsell, cross-sell ou recompra, e costumam representar cerca de 30% do faturamento. Seu papel principal é diluir o custo de aquisição e sustentar a lucratividade da operação no médio e longo prazo.

      3. Produtos “uau” ou de desejo

      Esses são os produtos que geram encantamento, despertam desejo imediato ou funcionam como ícones da marca. Possuem boa margem, alto apelo visual e costumam ser comprados por impulso.

        Apesar de representarem apenas 10% do faturamento na maioria dos casos, são importantes para gerar buzz, fortalecer o posicionamento e impulsionar o boca a boca, funcionando muitas vezes como vitrines da marca, mesmo que não liderem o volume de vendas.

        Mix inteligente é mix que conversa com a jornada

        Um erro comum é tentar construir um catálogo baseado apenas no que o lojista gostaria de vender, ignorando a jornada real do cliente. Um bom mix precisa oferecer respostas para diferentes momentos da vida do consumidor: da compra por necessidade até a recompra por confiança ou desejo.

        Ao pensar de forma estratégica, cada novo produto deixa de ser apenas mais um item no estoque e passa a cumprir um papel: atrair, rentabilizar ou encantar.

        Quando essas funções estão bem definidas, fica muito mais fácil planejar lançamentos, ajustar campanhas e prever crescimento.

        Conclusão

        Montar um mix vencedor não é sobre quantidade, mas sobre intenção. Ao entender a função de cada produto na estratégia de crescimento, o lojista passa a tomar decisões com base em dados, comportamento e margens — e não em achismos.

        É esse tipo de visão que diferencia um catálogo desorganizado de um portfólio que realmente sustenta o crescimento do e-commerce de forma consistente e lucrativa.