Importar da China pode ser uma das decisões mais estratégicas e lucrativas para grandes varejistas. Mas fica o questionamento: será que a operação da empresa está realmente preparada para extrair o melhor dessa oportunidade, sem comprometer margens ou assumir riscos desnecessários?

Este artigo reúne sete boas práticas voltadas a operações que desejam importar com eficiência, minimizar riscos operacionais e otimizar a rentabilidade da cadeia de suprimentos internacional.
1. Investigue antes de importar
Antes de fechar com qualquer fornecedor internacional, é fundamental conduzir uma due diligence completa. Isso inclui checar registros comerciais, verificar conformidade com padrões técnicos, práticas trabalhistas, sustentabilidade e reputação no mercado.
Negligenciar essa etapa pode gerar atrasos, produtos fora do padrão ou danos à reputação da marca. Empresas com operações robustas contam com parceiros especializados nesse tipo de análise, que oferecem desde auditorias fabris até validações fiscais e aduaneiras, aumentando a segurança e a previsibilidade desde a origem.
2. Contratos claros evitam prejuízos
Um contrato internacional bem estruturado é uma salvaguarda para proteger margens e garantir a continuidade do fornecimento. Cláusulas sobre prazos, formas de pagamento, responsabilidade logística, qualidade mínima e penalidades são indispensáveis.
Além disso, considerar as diferenças legais entre os países de origem e destino é crucial. Apoiar-se em profissionais com experiência em comércio exterior e direito internacional ajuda a mitigar riscos jurídicos e garantir acordos bem executados.
3. Logística internacional exige preparo
A logística é um dos pontos mais sensíveis da importação e onde os erros custam caro. É essencial trabalhar com operadores logísticos experientes, avaliar diferentes modais (marítimo, aéreo, multimodal) e investir em seguros apropriados para transporte internacional.
Um bom planejamento envolve cronogramas realistas, que considerem possíveis atrasos e imprevistos, para evitar rupturas na cadeia de suprimentos. O gerenciamento eficaz desses aspectos pode prevenir prejuízos significativos e garantir a continuidade das operações.
4. Atenção total às exigências regulatórias
Importar produtos para o Brasil exige o cumprimento de normas específicas conforme a categoria: produtos de saúde, alimentos e cosméticos com fins farmacêuticos seguem as diretrizes da Anvisa; eletrônicos com conectividade sem fio precisam de homologação da Anatel; brinquedos e eletroportáteis passam pelas exigências do Inmetro.
Importações sem a documentação exigida podem ser barradas na alfândega, multadas ou até inutilizadas, gerando impacto financeiro e reputacional. O ideal é mapear as exigências antes mesmo de fechar com o fornecedor, garantindo regularização e evitando surpresas no desembaraço.
5. Decida com base em dados
Tomar decisões baseadas apenas na experiência ou intuição pode funcionar no curto prazo, mas não sustenta o crescimento. Análises de tendências de consumo, sazonalidades, concorrência e comportamento regional permitem uma seleção de portfólio mais inteligente.
Ferramentas de inteligência de mercado ajudam a antecipar mudanças de demanda e ajustar o pricing com mais assertividade, protegendo margens e otimizando giro de estoque.
6. Margens saudáveis nascem do cálculo preciso
Importar exige visão total de custos, não apenas o valor da mercadoria. É fundamental considerar frete internacional, impostos, taxas portuárias, armazenagem, seguro, despesas bancárias e oscilação cambial.
Empresas que não acompanham essas variáveis com precisão podem ter prejuízos silenciosos. Um cálculo realista permite precificar melhor, identificar gargalos de rentabilidade e evitar distorções no fluxo de caixa.
7. Escale com controle e previsibilidade
Ganhar escala reduz o custo unitário e melhora a competitividade, mas só funciona com uma operação bem estruturada. Relações duradouras com fornecedores confiáveis, planejamento logístico, previsão de demanda e controle de estoque inteligente são os pilares para escalar sem perder qualidade.
A previsibilidade é aliada da margem: permite renegociar condições, evitar compras emergenciais e manter uma base de fornecimento resiliente a oscilações externas.
Ao adotar essas práticas, grandes varejistas não apenas minimizam riscos, como constroem uma operação de importação mais eficiente, estratégica e rentável. A chave está em olhar para a importação com a mesma profundidade que se olha para a expansão comercial: com dados, método e visão de longo prazo.