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Revolução do e-commerce: como o cross border D2C pode impulsionar a economia brasileira

Por: Rafael Sant'Anna

CEO e fundador da e-Cross. O executivo foi CEO da Sinerlog e Managing Director Brasil da TLG, Venture Capital focado em startups AgTech e FoodTech. Acumulando quase 15 anos de experiência no mercado do agronegócio, nacional e internacional, liderou o início da operação no Brasil do marketplace Agrofy, como General Manager. Bacharel em Engenharia Mecatrônica e Administração de Empresas, com MBA em Desenvolvimento de Negócios e Inteligência de Mercado pelo Ibramerc.

Com toda a movimentação do mercado nos últimos anos, o comércio eletrônico também tem passado por mudanças significativas e vem se expandindo cada vez mais. As compras virtuais continuam sendo as preferidas dos consumidores brasileiros, e as projeções de vendas em marketplaces seguem otimistas. Segundo uma pesquisa da All in, realizada em parceria com a Opinion Box, 47% dos consumidores confiam mais nos marketplaces do que em ferramentas de busca, como Google e Yahoo, o que nos mostra que o e-commerce é uma tendência que veio para ficar.

O cross border D2C (Direct to Consumer) está despertando a atenção das grandes marcas e varejistas. Saiba o motivo.

Com isso, o cross border D2C (Direct to Consumer) – que nada mais é do que a venda direta de produtos de empresas estrangeiras para consumidores brasileiros por meio de plataformas digitais – está despertando a atenção das grandes marcas e varejistas.

Desafios e potencial

No entanto, é importante observarmos que o cenário do cross border D2C para o Brasil ainda apresenta alguns desafios. Um deles é a complexidade dos procedimentos de importação, que envolvem questões regulatórias, como os regulatórios aduaneiro, do Banco Central, tributário e fiscal. Outro ponto está relacionado à experiência de compra, que vai desde a forma como o produto é publicado em um site local, passando pelos meios de pagamentos, até a logística – que, atualmente, possui algumas falhas.

Mas, apesar desses desafios, acredito que o cross border D2C possui um potencial gigante para o Brasil, visto que o conceito permite que os clientes possam ter acesso a uma variedade de produtos e marcas que não estão disponíveis localmente. Quem aí não gostaria de ter um creme da Victoria’s Secret ou um perfume da Dior com mais facilidade, por exemplo? Tenho certeza de que muitos!

A tendência para os próximos anos é de que as empresas estrangeiras continuem investindo em estratégias de vendas diretas ao consumidor, aproveitando o crescimento do comércio eletrônico e buscando formas de superar os obstáculos existentes. Então, por que não aproveitar essa oportunidade para investir no Cross Border D2C?

Previsão de crescimento

Segundo estudos da Ebit|Nielsen, a previsão de crescimento médio do cross border D2C é de 44% ao ano até 2027, representando duas vezes mais do que o e-commerce local. Com a evolução da tecnologia, a tendência é de que os procedimentos de importação se tornem cada vez mais simplificados e automatizados, reduzindo os custos e o tempo de entrega, o que também pode impulsionar ainda mais o comércio direto aos consumidores de empresas internacionais.

Outro fator que pode impulsionar o cross border D2C no Brasil é a crescente demanda por produtos mais sustentáveis e inovadores. Isso porque as companhias de fora podem aproveitar essa tendência para oferecer itens exclusivos e diferenciados, com maior valor agregado. Mas, para que o cross border D2C tenha sucesso nos próximos cinco anos, as organizações precisam estar preparadas para enfrentar os desafios do mercado brasileiro, como a complexidade tributária e a logística.

Em relação à economia brasileira, o faturamento do comércio eletrônico brasileiro chegou a R$ 262,7 bilhões em 2022, com uma alta de 1,6% em relação ao ano anterior. Apesar do crescimento bem abaixo da inflação, o valor representa um recorde para o setor, de acordo com dados da NielsenIQ|Ebit. Por isso, acredito que o cross border D2C possa ter um impacto positivo na nossa economia ao ampliar o acesso dos consumidores a uma maior variedade de produtos e marcas estrangeiras. Além do mais, essas empresas poderão testar o mercado brasileiro com o intuito de ampliar a presença de investimentos no país.

Para impulsionar, de fato, a economia local, é preciso que as marcas se atentem para alguns pontos primordiais, como o cumprimento e a simplificação dos processos aduaneiros para facilitar a importação e a exportação de bens, reduzindo custos e tempo para empresas e usuários, além de trazer toda transparência e compliance para o processo. Também é imprescindível investir em infraestrutura logística para melhorar a eficiência do transporte de mercadorias, o que pode incluir a modernização de portos, aeroportos, estradas e ferrovias, assim como o uso de tecnologias avançadas para otimizar o gerenciamento de cadeia de suprimentos.

Eu diria, ainda, que a promoção de produtos e marcas é fundamental para aumentar a demanda e impulsionar o cross border, com a utilização de campanhas de marketing, feiras internacionais, eventos promocionais e parcerias com empresas nacionais, assim como o investimento em tecnologia, logística e segurança de informações e meios de pagamentos.

Tenho plena convicção de que aqueles que conseguirem superar os atuais obstáculos enfrentados pelo e-commerce no país e oferecerem uma experiência de compra diferenciada terão mais chances de sucesso. Por isso, esse é o momento para as marcas investirem no cross border D2C!