Logo E-Commerce Brasil

Realidade aumentada no e-commerce: transformando cliques em experiência

Por: Andrea Rivetti

Andrea Rivetti é formada em Direito pela FAAP e fundadora e CEO da Arklok. Com mais de 15 anos de experiência no setor de tecnologia e inovação, Andrea é reconhecida por sua atuação estratégica e visão empreendedora e se destaca como uma das poucas mulheres à frente de uma tech brasileira. Sob sua liderança, a Arklok consolidou-se como referência em outsourcing e gestão de ativos de TI no país.

Ver página do autor

Imagine navegar por uma loja online, ver um móvel na sua sala ou experimentar um par de óculos no seu rosto, tudo antes de clicar em “comprar”. Essa ponte entre o mundo digital e o físico já não é mais ficção: é realidade aumentada (RA). No e-commerce moderno, a RA se consolida como uma das tecnologias mais promissoras para transformar a experiência de compra, conectando conveniência, confiança e encantamento.

Pessoa com óculos de realidade virtual interagindo com tela digital flutuante que exibe produtos e paisagens em 3D.
Imagem: Envato.

De acordo com o relatório E-commerce Trends 2025, uma das principais barreiras do comprador digital ainda é o receio de que o produto “não seja como descrito” ou “não caiba bem”. As soluções imersivas, como visualização em 3D e provadores virtuais, estão ajudando a mudar esse cenário. Elas reduzem devoluções, aumentam a taxa de conversão e reforçam a relação de confiança entre consumidor e marca.

Transformação da jornada de compra

A RA muda completamente a jornada do consumidor. Quando o cliente consegue testar digitalmente um produto, ele passa a interagir com a marca de forma mais ativa e emocional. É o que acontece com o Sizebay, empresa brasileira que desenvolveu um provador virtual inteligente capaz de indicar o tamanho ideal de roupas e calçados com base em dados biométricos. A ferramenta combina realidade aumentada e inteligência artificial para reduzir devoluções e aumentar a confiança na compra, dois desafios históricos do varejo online.

Outro exemplo é o da Infracommerce, que usou a RA para criar uma experiência imersiva durante o Fórum E-Commerce Brasil 2025. O público pôde interagir com produtos e operações logísticas em 3D, simulando o processo de compra em um ambiente virtual. A iniciativa mostrou como a tecnologia pode ir além do entretenimento e se tornar um ativo estratégico para engajar consumidores e fortalecer marcas.

Esses casos refletem uma tendência crescente: o e-commerce não se limita mais à transação, mas à experiência. Marcas que investem em interação e imersão criam laços mais duradouros e se diferenciam em um mercado cada vez mais competitivo.

O potencial da tecnologia e o momento de investir

A adoção da RA ainda está em amadurecimento, mas o movimento é claro: quem se antecipar sairá na frente. Estimativas globais apontam que o mercado de realidade aumentada e virtual voltado ao varejo já movimenta dezenas de bilhões de dólares e deve continuar crescendo à medida que consumidores buscam experiências mais personalizadas e seguras.

Mais do que um diferencial tecnológico, a RA representa uma mudança cultural. O consumidor atual quer ver, testar e sentir antes de comprar. A experiência visual se torna parte essencial da decisão, e o encantamento que ela gera é o que fideliza.

Implementar com propósito

Adotar a RA não significa apenas investir em tecnologia, mas em estratégia. É fundamental entender onde ela gera mais valor: em categorias de produtos que dependem da visualização espacial, como móveis, moda e decoração.

O WebAR, que permite ao usuário acessar a experiência diretamente pelo navegador, vem ganhando espaço por eliminar a necessidade de aplicativos e facilitar o uso. Já soluções mais robustas, integradas a aplicativos nativos, oferecem experiências de alta fidelidade e maior imersão.

Mais importante do que a ferramenta é a execução. Uma boa estratégia de RA precisa ser simples, intuitiva e integrada ao processo de compra. O consumidor deve conseguir interagir com o produto em segundos, sem fricção, sem lentidão e sem precisar de instruções complexas.

Os desafios da implementação

Embora o potencial da RA seja enorme, sua implementação ainda envolve obstáculos. O principal está no custo inicial de desenvolvimento e modelagem 3D, que pode ser alto para empresas menores. Além disso, a compatibilidade técnica nem sempre é garantida, já que nem todos os dispositivos ou navegadores suportam os mesmos recursos de renderização. Há também um fator humano: o consumidor brasileiro ainda está se familiarizando com experiências imersivas, o que exige das marcas uma comunicação clara e educativa.

Superar esses desafios requer planejamento e parcerias certas. Começar com projetos piloto, testar em grupos menores de clientes e medir resultados de engajamento e conversão são caminhos que ajudam a amadurecer a estratégia sem comprometer grandes investimentos. Aos poucos, a RA deixa de ser uma inovação experimental e se torna parte natural da jornada de compra.

O novo e-commerce é imersivo

Nos próximos anos, veremos uma convergência ainda maior entre realidade aumentada, inteligência artificial e realidade mista. Essa fusão dará origem ao chamado “e-commerce invisível”, em que compras poderão ocorrer diretamente em vitrines interativas, anúncios ou QR codes, sem a necessidade de abrir um site tradicional.

Mais do que vender produtos, o e-commerce do futuro venderá sensações. A RA já está tornando isso possível, transformando a compra em uma jornada envolvente e personalizada. Em um mercado que valoriza experiências acima de tudo, investir nessa tecnologia é mais do que inovar: é se preparar para o novo comportamento de consumo, em que o toque virtual vale tanto quanto o real.