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Como a realidade aumentada está mudando o comércio eletrônico

Por: Caroline Belem

Especialista Sênior de CX da SAP Brasil

É uma entusiasta de tecnologia, apaixonada por temas relacionados a vendas e marketing. Atua desde 2018 no mercado de tecnologia e inovação, tendo passado por grandes empresas multinacionais. Carol é especialista em customer experience e atualmente tem a missão de ajudar empresas a engajarem seus clientes de forma personalizada e sem fricções, por meio de uma estratégia omnicanal. Graduada em engenharia pela UFF (Universidade Federal Fluminense), também possui MBA Executivo em administração com foco em Tecnologia da Informação pela FGV.

O comércio eletrônico está em franca evolução e, a cada nova tecnologia testada e implementada, ele busca se aproximar mais e mais das boas experiências que os consumidores têm nas lojas físicas. É aqui que o uso da realidade aumentada (RA) vem causando impacto: da realização de testes virtuais até a visualização de produtos em 3D, o uso dessa tecnologia promete reinventar a experiência de compra, fundindo o ambiente físico com experiências digitalizadas cada dia melhores.

Da realização de testes virtuais até a visualização de produtos em 3D, a realidade aumentada promete reinventar a experiência de compra, fundindo o ambiente físico com experiências digitalizadas cada dia melhores.

E isso vem acontecendo em casos de uso diversos, desde a experimentação de um produto até o dimensionamento de um móvel no espaço existente na casa do consumidor, apenas com o uso das câmeras dos smartphones e de fones de ouvido específicos. Não por acaso, o setor de e-commerce conta hoje com uma série de exemplos de uso de RA fazendo com que muitos clientes não precisem mais entrar em uma loja física para testar seus produtos favoritos.

Um estudo da Statista aponta que o volume de consumidores que usarão a realidade aumentada deve chegar a 4,3 milhões em 2025, contra 1,5 milhão em 2021. Trazemos aqui alguns exemplos de como ela vem sendo utilizada:

1. O provador virtual

Uma das principais barreiras que separam as compras nos ambientes físicos e digitais é a possibilidade de experimentar os produtos. Em uma loja física, é possível experimentar roupas e testar tons de maquiagem antes de tomar a decisão de compra. Usando a realidade aumentada, as marcas agora podem projetar imagens ao vivo de seus consumidores em uma tela de celular para testar cores de maquiagem ou experimentar roupas com sobreposições digitais de seus produtos.

A Sephora é um ótimo exemplo. Depois de lançar seu próprio artista virtual com tecnologia RA há alguns anos, sua loja online e aplicativo agora permitem que os consumidores usem seus smartphones para experimentar tons de base e cores de batom antes de comprar. A YSL Beauty é outro exemplo de comércio eletrônico baseado em realidade aumentada. Usando a loja online ou o aplicativo, os consumidores podem experimentar cores de batom e brilho labial por meio de imagens ao vivo ou enviadas antes de comprar.

2. Pré-visualização de posicionamento

Em outra frente, esse recurso também vem sendo usado para ajudar clientes a escolherem o sofá perfeito. A Realidade Aumentada Espacial é uma tendência crescente para varejistas de móveis, permitindo aos consumidores colocar móveis virtuais em sua sala para terem uma ideia de como será a aparência de sua próxima luminária, mesa ou sofá.

A IKEA foi um dos primeiros grandes varejistas de móveis a utilizar o recurso em seu e-commerce, há cinco anos. No ano passado, a rede escandinava lançou outra aplicação baseada em IA, através da qual os clientes podem criar uma réplica 3D do seu espaço residencial, editar os móveis existentes e ver como ficariam as novas peças. A Amazon também introduziu recursos de RA em sua experiência de compras online em 2017 para ajudar os compradores a visualizarem produtos em seu próprio espaço e, desde então, vem ampliando seu uso.

3. Manuais de usuário interativos

Outro caso de uso interessante é o da realidade aumentada na venda de produtos que requerem instruções, melhorando o atendimento ao consumidor. Manuais interativos com tecnologia RA permitem que o cliente acesse instruções digitalmente e interaja com elas como projeções virtuais. Fornecendo suporte na página e visualizações de partes e métodos específicos, eles se tornaram uma ótima maneira para os usuários entenderem mais sobre como um produto funciona.

4. Filtros de mídia social

Quem é usuário frequente de redes sociais certamente já viu filtros interativos inteligentes preenchendo postagens do Snapchat e histórias do Instagram. Embora a maioria deles seja usada para diversão, os filtros sociais de RA também têm sido aproveitados pelas marcas para aprimorar a experimentação e o compartilhamento de produtos, aumentando o envolvimento online. Aqui estão alguns exemplos de marcas que utilizam esse tipo de filtro no Instagram:

– Adidas Originals: tire uma selfie ou faça um vídeo enquanto os logotipos dourados da Adidas circulam você.
– Kylie Cosmetics: experimente os batons dos Kylie’s Lip Kits para ver qual tom melhor se adapta ao seu tom de pele antes de comprar.
– Disney: adicione orelhas de Mickey Mouse ou Minnie Mouse às suas fotos ou vídeos e toque na tela para alternar entre os diferentes estilos.
– Lego: tire uma foto ou grave um vídeo com seu rosto incorporado em um Lego Astronaut.
– NBA: dê uma tacada no meio da quadra de dentro de uma arena virtual usando sua câmera traseira.

É importante conhecer as tecnologias disponíveis

Para quem deseja impulsionar as operações online e pensa em incorporar a realidade aumentada às estratégias de seu site, é fundamental conhecer os tipos de realidade aumentada. As mais usadas hoje são:

RA baseada em marcador – ela exige uma câmera e um marcador, como um código QR ou um design de embalagem específico. Com ela, os usuários podem simplesmente apontar seu smartphone para o marcador e visualizar sobreposições digitais 3D em um ambiente do mundo real. Um ótimo exemplo vem da Good Crisp Company, que usa a embalagem reconhecível de seu produto como um marcador para desencadear uma experiência emocionante com infusão de RA.
– RA sem marcador – é acessada por meio de um link ou aplicativo e funciona escaneando uma área ao redor do usuário e colocando a sobreposição digital em uma superfície plana, como uma estrada. Um bom exemplo é a experiência Jurassic World, do Google, em que o usuário pesquisa “dinossauro” ou um dos dez dinossauros no Google app ou em qualquer navegador e toca em “Ver em 3D” para ver um dinossauro virtual em um local do mundo real.
– RA baseada em localização – é uma opção para marcas que operam no setor de turismo ou possuem múltiplas lojas de varejo em diferentes países. A RA baseada em localização aproveita o GPS do usuário e sobrepõe experiências 3D em ambientes da vida real para fornecer informações sobre pontos de referência, mapas interativos e muito mais.

Esses são apenas alguns exemplos. Está claro que o uso da RA no comércio eletrônico está apenas começando, e sua evolução com o tempo deverá dominar o envolvimento da marca e continuar a melhorar a experiência do consumidor. Até 2025, espera-se que a receita gerada por AR e VR no setor de varejo atinja US$ 1,6 bilhão.

A questão é: para onde a tecnologia irá agora? Após o “boom” do comércio eletrônico impulsionado pela pandemia, as soluções RA/RV (realidade aumentada/realidade virtual) estão apenas iniciando sua jornada no setor, e é preciso estar pronto para acompanhá-las.