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A próxima fronteira da experiência do cliente no mercado financeiro é conversacional

Por: Eduarda Camargo

Chief Growth Officer da Portão 3 (P3)

Com mais de 10 anos de experiência na área de marketing, atuando como Chief Growth Officer e responsável pela Aquisição e receita de novos clientes na Portão 3, esta executiva é especializada em gestão de crise, crescimento e posicionamento de marca. Sua carreira inclui passagens por empresas como Zoop, Hurb (anteriormente conhecido como Hotel Urbano), Ancar Ivanhoe, HSBC, Bradesco e Losango. Além disso, ela também é habilidosa em fornecer treinamentos de media training para executivos de alto escalão, tendo trabalhado com a liderança sênior da Elgin. Seu amplo escopo de atuação abrange diversos setores, incluindo tecnologia, serviços financeiros B2C e B2B, e-commerce, turismo, indústria e varejo, demonstrando um conhecimento abrangente em projetos de comunicação integrada.

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No epicentro da transformação digital, o relacionamento entre empresas e clientes está passando por uma reescrita profunda e o setor financeiro não é exceção. A ascensão dos agentes de Inteligência Artificial conversacional já deixou de ser apenas inovação de ponta para se tornar parte da infraestrutura essencial, especialmente em segmentos em que agilidade, confiança e escalabilidade são determinantes para a competitividade.

Um homem conversa com um bot de bate-papo de inteligência artificial. Interagindo com novas tecnologias.
(Imagem: Envato)

As projeções reforçam a dimensão dessa mudança. De acordo com a Future Market Insights, o mercado global de comércio conversacional deve saltar de US$ 8,8 bilhões em 2025 para US$ 32,7 bilhões em 2035. Já a Grand View Research aponta que a IA conversacional deve crescer, em média, 14,8% ao ano até o fim da década. Esse avanço não se restringe a interfaces mais modernas: trata-se de uma mudança estrutural na forma como serviços financeiros são prestados, vendidos e percebidos.

No universo das fintechs, o impacto é particularmente relevante. Assistentes transacionais já ajudam clientes a interpretar seus gastos em tempo real, oferecendo insights personalizados que antes dependiam de um gerente ou analista. Agentes autônomos são capazes de realizar triagem de suporte e resolver até 80% das demandas sem que o cliente enfrente filas ou longos tempos de espera.

Bots especializados em negociação conseguem, por meio de linguagem natural, renegociar limites, ajustar faturas e antecipar recebíveis, reduzindo custos operacionais e elevando o Net Promoter Score (NPS). Esses avanços não são apenas incrementais, mas transformacionais. A Servion Global estima que, nos próximos anos, 95% das interações entre empresas e clientes terão algum nível de automação com IA.

O impacto nos indicadores de negócio é significativo: usuários que interagem com assistentes conversacionais gastam, em média, 25% mais por compra, concluem transações 47% mais rápido e têm taxas de conversão até quatro vezes maiores que as registradas em interfaces tradicionais. A equação é clara: eficiência combinada a uma experiência mais fluida gera mais receita e maior fidelidade.

O novo diferencial competitivo está na relevância contextual. Ferramentas como o Retail-GPT demonstram o potencial de unir linguagem natural a dados comportamentais para recomendar produtos, negociar condições e fechar vendas com mínimo atrito.

No setor financeiro, a lógica é semelhante: usar IA para personalizar jornadas de ativação de conta, onboarding de novos clientes, renegociação de dívidas ou até programas de educação financeira. Quanto mais contextualizada e proativa for a interação, maior o valor percebido pelo usuário e menor a chance de churn.

Porém, velocidade e precisão não bastam. Uma boa inteligência artificial conversacional é também aquela que entrega utilidade sem sacrificar a percepção de empatia. Estudos indicam que o tom, a linguagem e a clareza das respostas influenciam diretamente a confiança do usuário. Nesse sentido, o design conversacional assume papel estratégico: não se trata apenas de criar um agente “que parece humano”, mas de projetar interações que sejam transparentes, seguras e consistentes com a identidade da marca.

Em um mercado cada vez mais competitivo, a verdadeira disrupção pode vir não apenas da tecnologia, mas de como ela é desenhada para gerar conexões reais, mesmo quando a conversa acontece com uma máquina.