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2026 vai ser o ano em que o marketing vai ter que encarar o espelho

Por: Eduarda Camargo

Chief Growth Officer da Portão 3 (P3)

Com mais de 10 anos de experiência na área de marketing, atuando como Chief Growth Officer e responsável pela Aquisição e receita de novos clientes na Portão 3, esta executiva é especializada em gestão de crise, crescimento e posicionamento de marca. Sua carreira inclui passagens por empresas como Zoop, Hurb (anteriormente conhecido como Hotel Urbano), Ancar Ivanhoe, HSBC, Bradesco e Losango. Além disso, ela também é habilidosa em fornecer treinamentos de media training para executivos de alto escalão, tendo trabalhado com a liderança sênior da Elgin. Seu amplo escopo de atuação abrange diversos setores, incluindo tecnologia, serviços financeiros B2C e B2B, e-commerce, turismo, indústria e varejo, demonstrando um conhecimento abrangente em projetos de comunicação integrada.

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Durante anos, todo mundo vendeu a ideia de que IA e personalização iam salvar a experiência do cliente. Mas, segundo a Forrester, “menos de 20% das marcas B2C vão conseguir entregar algo realmente centrado no cliente, enquanto um terço vai se frustrar com chatbots e automações que mais irritam do que ajudam.” O problema não é a IA – é a pressa. Muitas empresas adotaram tecnologias sem considerar a jornada completa do cliente, criando soluções que geram frustração em vez de valor.

Pessoa usando um laptop que exibe na tela gráficos de IA e o termo “Personalização” em destaque.
Imagem gerada por IA.

O problema não é a IA, é a pressa

As empresas entraram na corrida da IA como quem baixa um app novo achando que vai mudar de vida. “IA sem contexto vira gambiarra cara”. Bancos e operadoras, por exemplo, implementaram bots para resolver todas as demandas, mas o cliente ainda precisa pedir “falar com atendente” várias vezes. O resultado? “Economia de custo imediata e perda de reputação a longo prazo”. A lição é clara: tecnologia sem estratégia operacional é apenas um placebo caro.

O hype vai cair (e o compliance vai subir)

A Forrester prevê um crescimento de 20% nas ações coletivas por violação de privacidade. A IA corporativa não ficará mais restrita ao marketing; ela vai impactar diretamente o jurídico e a governança de dados. O marketing precisará trabalhar de forma integrada com compliance e TI, equilibrando inovação com segurança. Antes, escalar campanhas era o desafio; agora, é provar que seu modelo generativo não vazou dado sensível de cliente.

O offline volta com força

Sim, o presencial virou luxo. Mais da metade dos adultos online nos EUA quer experiências táteis e reais. Marcas que esqueceram o valor do humano precisam repensar sua abordagem. Na Apple Store, por exemplo, o cliente vai pela conveniência, mas sai lembrando da experiência sensorial, não da tecnologia. Em 2026, quem entender que memória é ROI emocional” estará à frente no engajamento do consumidor.

Jornada do cliente: hora de amadurecer

Apenas 30% das lideranças de CX acham que suas equipes sabem construir mapas de jornada que realmente sirvam pra algo. O foco deve ser a gestão da jornada, não apenas o desenho dela. Em vez de mapear 40 touchpoints, é preciso identificar onde a decisão do cliente trava e resolver ali. Um exemplo: perceber que o onboarding mata 60% dos clientes e concentrar esforços nesse ponto crítico, não em campanhas superficiais.

Fragmentação de dados é o novo vilão

Cada IA isolada cria uma “torre de Babel digital.” O diferencial competitivo será a integração. Marcas que conectarem plataformas, dados e sistemas entregarão experiências consistentes. Por exemplo, quando o cliente interage com o chatbot, o vendedor e o suporte, todos devem ter acesso ao histórico completo. Isso, sim, é IA a serviço do cliente.

O futuro do CX com IA

O cenário deixa claro que IA e personalização não são soluções mágicas. As empresas que prosperarem em CX serão aquelas que aplicarem tecnologia com estratégia, combinando experiência humana, integração de dados e processos eficientes. Quem continuar tratando IA como atalho para tudo verá clientes frustrados e resultados aquém do potencial. A maturidade e a visão estratégica, e não apenas o hype tecnológico, definirão o sucesso da próxima década.