Grande parte das empresas que atuam no e-commerce ou em outras áreas de uma economia cada vez mais digitalizada ainda não se conscientizou sobre as perdas que podem sofrer caso não estejam preparadas para a extinção do Google Universal Analytics (UA) e sua completa substituição pelo Google Analytics 4 (GA4). Um dos impactos mais significativos é que elas poderão perder em definitivo o principal capital da economia digitalizada: a base de dados, fundamental para o planejamento e a execução de seus negócios.
O calendário estipulado pelo Google indica que no dia 1º de julho de 2023 as propriedades gratuitas do Universal Analytics (UA) deixarão de coletar dados. A partir disso, os usuários ainda terão acesso aos dados dessas propriedades gratuitas por pelo menos seis meses. Usuários de Google Analytics 360, a versão paga, têm um ano a mais de prazo. Suas propriedades param de coletar dados em 1º de julho de 2024.
O cancelamento das versões anteriores se dará principalmente devido à criação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), de 14 de agosto de 2018 e que passou a vigorar no Brasil em setembro de 2020. O Universal Analytics é poderoso e gratuito, todo mundo usa, mas tem um problema fundamental. Quando foi criado, não havia as leis de proteção de dados, como a LGPD brasileira.
O UA usa muitos dados do usuário e os cookies devem ser controlados de forma mais rígida, conforme as leis internacionais de proteção de dados, como a europeia e a brasileira. Assim, o Google entendeu que era preciso refazer a ferramenta e desenvolveu o Google Analytics 4.
Sobre o G4
A nova ferramenta é baseada em eventos e faz a contagem do que o usuário está fazendo no site, e não mais a partir dos cookies. Com isso, a forma de medir as visitas muda totalmente. É uma ferramenta nova. Por isso, após a transição, de repente o número de visitas, que era de dez mil, pode cair para nove mil ou subir para 12 mil, dependendo da forma como o site funciona.
Vale destacar que o Google Analytics 4 e o Google Analytics 4 360 são ferramentas muito mais complexas, e seu uso adequado, de modo a atender aos objetivos estratégicos de uma empresa, dependerá de uma adaptação igualmente criteriosa.
Para as empresas, o problema é que, com a mudança de tecnologia, não é possível simplesmente passar de uma versão para outra. É preciso instalar o GA4, não é o mesmo sistema, não é como a atualização de um aplicativo de celular.
Principais mudanças
No caso da migração do UA para o GA4, uma das importantes mudanças será no tempo de armazenamento de dados na interface. O UA garantia um tempo ilimitado de retenção, mas o GA4 disponibilizará os dados por até 14 meses.
Essa alteração significa que as empresas poderão perder relevantes conjuntos de dados históricos, a menos que recorram a serviços de cloud. A integração com a plataforma BigQuery é apresentada como uma alternativa pelo próprio Google, mas a solução pode não ser acessível em termos econômicos a todas as empresas que obrigatoriamente necessitam utilizar ferramentas de mensuração de tráfego e dados.
Se a empresa possui aplicativo, deve fazer imediatamente a mudança para o GA4. O Analytics não mede o tráfego em aplicativo. O GA4, sim, está mais preparado para acompanhar toda a jornada do consumidor de uma empresa de e-commerce, por exemplo.
O GA4 é uma evolução, é um produto melhor, tem uma detecção de anomalias mais sofisticada e preenche lacunas que o UA não preenchia.
O prazo para o encerramento das atividades do Universal Analyctics e do Universal Analytics 360 está se esgotando. As empresas que não desejam sofrer perdas irreversíveis em seus dados e, consequentemente, em suas receitas precisam contratar serviços especializados para se adaptar de forma correta à transição de ferramentas.
Todo o histórico da pessoa ou empresa no Universal Analytics será perdido. Não haverá mais acesso. É preciso migrar os dados para outro lugar. Empresas com operações simples, com uma jornada de servidor simples, só precisam fazer a instalação do GA4 e seguirão rodando. Mas empresas com operações complexas, sofisticadas, têm que fazer a migração de forma manual. Elas precisam copiar configurações antigas para o novo sistema. Há algumas empresas com várias contas no Analytics e, por isso, demandará um grande trabalho.
É aconselhável uma revisão completa do que é preciso fazer para migrarem do UA para o GA4. É uma ótima oportunidade para que as empresas melhorarem suas métricas. Um e-commerce poderá conhecer muito melhor a jornada do consumidor e, com isso, desenhar estratégias melhores para vendas e fidelização.
No caso de clientes com operações mais simples, esse processo de transição dura cerca de um mês. Quando se trata de um cliente com operações muito mais complexas, como um banco, uma seguradora ou uma loja de departamentos, o processo de migração é mais longo, diante da proximidade do prazo final dado pelo Google.
Se a empresa começar a migração agora, terá mais tempo de se adaptar, haverá mais tempo para a comparação entre o que ela já tem de dados e o que necessita. Se deixar para última hora, encontrará um mercado totalmente congestionado, no caso das empresas que necessitam de serviços mais complexos. Ela corre então o sério risco de ficar sem o histórico das jornadas de seus consumidores, que está armazenado no UA.