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O futuro do dinheiro: o mercado de finanças e as novas maneiras de transacionar

Por: Lucas Gonzalez

Lucas Iván Gonzalez é Chief Strategy Office da Koin desde 2021 e lidera quatro áreas da companhia: Business Development ('BizDev'), Business Intelligence ('BI'), Revenue and Planning. Suas responsabilidades na empresa incluem, dentre outras, a prospecção e gestão de parcerias, expansão regional, prospecção de novos negócios e produtos, gestão de lucros e receitas dentre as diferentes áreas, e análise das informações financeiras com foco na tomada de decisão. Graduado pela Universidad de Buenos Aires em Economicas, tem um Mestrado em Finanças da Universidad del CEMA e um MBA da Universidad Torcuato Di Tella. Lucas trabalhou anteriormente em empresas como Despegar, Banco Santander e BBVA.

O contexto da economia global encontra-se numa perspectiva de desaceleração em meio a uma série de acontecimentos, como exemplos, podemos citar a alta da inflação, que pode acarretar em uma recessão para o controle de nível de preços, o cenário de guerra entre Rússia e Ucrânia sem um fim à vista, e a escassez de ofertas de alguns produtos que impactam a relação comercial entre as nações.

Com o preço dos produtos e serviços aumentando a cada dia e o poder de compra ficando mais escasso, o dinheiro no Brasil se torna um assunto cada vez mais importante de ser debatido.

No Brasil, o ambiente doméstico não apresenta um contexto tão diferente. Afetados por uma série de fatores — como o momento pós-crise sanitária, acarretada pelo COVID-19, a alta da inflação, as mudanças nas taxas de juros e a preocupação pelo crescimento do PIB —, os economistas discutem planos de contingência e já foi possível ver alguma evolução sobre este assunto nos últimos meses.

Segundo o IBGE, a inflação no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal índice inflacionário brasileiro, fechou o mês de agosto com queda de 0,36%. No acumulado de 12 meses, a inflação ficou em 8,73%, fazendo o Brasil voltar a um dígito de inflação, o que não ocorria desde setembro de 2021. Esses números mostram que, recentemente, o país tem conseguido dar boas respostas frente ao cenário que estava enfrentando e mostra sinais de recuperação nos últimos meses.

Com um contexto mundial tão cheio de variações importantes, o dinheiro no Brasil se torna um assunto cada vez mais importante de ser debatido. Seja com a população querendo buscar conhecimento sobre a melhor maneira de usá-lo ou para as empresas que buscam formas mais inovadoras na oferta de meios de pagamento que se adaptem à realidade do seu público e facilitem a experiência de compra.

Oferta de crédito

Diante disto, o mercado financeiro vem se atualizando e injetando cada vez mais tecnologia nos seus processos. É o que observamos no caso das fintechs locais, que estão cada vez mais maduras e em maior quantidade.

Segundo a 2ª edição da pesquisa “Fintechs de Crédito Digital”, realizada em parceria entre a Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD) e a PwC Brasil, o crédito concedido pelas fintechs em 2021 foi de R$ 12,8 bilhões, o que é quase o dobro em relação ao ano anterior. Como a pesquisa não abrange todas as fintechs brasileiras, estima-se que o montante levantado seja muito maior.

A oferta de crédito é uma saída para ajudar a população a cumprir seus compromissos e equilibrar as contas mensais. Para tangibilizar e acelerar esse processo, a tecnologia tem sido peça fundamental com a criação de novos produtos e serviços que chegam mais rápido e em mais pessoas.

Portanto, é urgente se debater cada vez mais saídas tecnológicas para os produtos financeiros a fim de democratizar e descentralizar o acesso para todas as camadas da população. Essas ações têm se mostrado uma saída interessante para o cenário econômico atual.

Mas e o futuro? O dinheiro vai mesmo ser digital?

Quando pensamos num horizonte a médio ou longo prazo, sempre nos deparamos com termos como blockchain, NFTs, criptomoedas… E muitas pessoas se perguntam se isso é verdade mesmo ou só mais um modismo passageiro.

Nos últimos anos, o mundo acompanhou a evolução do dinheiro numa economia cada vez mais digital. O avanço das ferramentas citadas acima gera uma série de tendências e oportunidades que devem ser aproveitadas por todos os negócios que desejam vender para o público mais antenado no mundo digital e chegar na frente dos concorrentes com produtos inovadores.

Claro que não temos a resposta concreta quando falamos de futuro, porém os indícios são consistentes e apontam para uma revolução na maneira como o dinheiro é utilizado e rastreado. Todas essas inovações são produto de um incremento tecnológico no mercado buscando dar mais transparência, acessibilidade e conveniência para as relações comerciais daqui pra frente.

As criptomoedas são um bom exemplo de como uma maior confiança na transação executada ganha aderência no mercado. A utilização dessa moeda tem crescido exponencialmente, principalmente entre os usuários da geração z e millennials. Apesar de atualmente o seu principal uso ser para investimento, é possível aplicá-la também para o consumo cotidiano, uma vez que tenhamos os incentivos corretos e uma maior estabilidade de preços.

Segundo a Receita Federal, em relatório divulgado recentemente, o número de investidores brasileiros em criptomoedas aumentou cerca de 200% este ano, mesmo após a baixa nos valores de algumas moedas.

Para se ter uma ideia do potencial desse nicho, o Banco Central informa que os criptoativos já movimentam no Brasil metade dos R$ 600 bilhões movimentados por produtos de investimento de renda variável, como ações, fundos, BDRs e ETFs negociados na B3.

Neste cenário, existe uma grande oportunidade para as marcas atraírem estes clientes e fomentarem o uso das suas criptomoedas para além dos investimentos, inserindo-as também nas transações cotidianas. É preciso desbravar esse novo mercado que tem um alto potencial de se tornar um novo meio de pagamento.

Em uma pesquisa realizada pela Carat Insights, descobriu-se que 16% dos americanos usam criptomoedas para pagar bens e serviços, porém 34% estão interessados em pagar. Ou seja, há uma demanda reprimida esperando as marcas explorarem estratégias para incentivá-las.

Para as marcas, o futuro é agora

Seja por meio de tecnologias de acesso ao crédito, ou entendendo os novos rumos de se usar dinheiro no mundo, as marcas que desejam ser mais competitivas devem entender profundamente as próximas grandes tendências do mercado financeiro.

Sairão na frente aquelas que conseguirem adaptar os incrementos tecnológicos que estão em franco crescimento no mundo afora com as necessidades locais de seus clientes, oferecendo uma nova possibilidade de compra e uma experiência mais fluida, inclusive ofertando as moedas que eles utilizem e confiem.

Por último, e não menos importante, é preciso ressaltar que essas soluções ainda são novas para a maioria da população. Por isso, ao mesmo tempo em que se configura uma oportunidade para gestores e empreendedores, é também uma responsabilidade no que tange o processo de implantação.

É necessário que se tenha tempo e esforços voltados para educar e criar uma nova cultura de compra com os clientes, mostrando os benefícios que o dinheiro do futuro pode trazer para todos.

Com esse processo sendo respeitado, uma nova forma de entender o dinheiro e os meios de pagamento se torna um diferencial competitivo significativo e duradouro.