O mês de abril foi sem dúvidas um mês incrível para debates sobre diversidade e inclusão. Seja pelo posicionamento da Bia do Bradesco, seja pela Dai, nova assistente virtual da Dailus. Ou, ainda na contramão de tudo isso, sobre a proposta da PL 504/2020.
A PL 504/2020, de autoria da deputada estadual Marta Costa (PSD), é totalmente sem pé nem cabeça. Ela trata de “impedir desconfortos sociais e atribulações de inúmeras famílias e situações, evitando tanto a possibilidade, quanto a inadequada influência na formação de jovens e crianças”. E, ainda, a "proibição de qualquer veículo de comunicação e mídia de material que contenha alusão a preferências sexuais e movimentos sobre diversidade sexual relacionados a crianças no Estado". Ou seja, na visão da PL, pessoas LGBTQIA+ são “má influência" e não podem entrar na casa das famílias através de publicidade…
A alegria é que graças ao bom senso a resposta veio em uníssono. Diversas empresas se posicionaram em notas de repúdios e lotaram a internet dizendo não ao PL 504/2020 — apoiando a Associação Brasileira de Agências de Publicidade (ABAP).
Por ora, a conquista é o adiamento pela segunda vez nesta semana. De acordo com a comunicação da Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo), a pauta deverá entrar em discussão na próxima semana. Ou seja, vejamos cenas dos próximos capítulos.
Humanização que gerou admiração
Para contrapor este absurdo, vimos as assistentes virtuais dominando o “pedaço” com muita humanização e posicionamento.
O tamanho da minha admiração por duas dessas grandes ações é enorme. Primeiro, o anúncio veiculado em escala sobre o posicionamento a assédios ou xingamentos contra a Bia (Inteligência Artifical do Bradesco). Para quem não viu, ficam algumas respostas que
podem ser vistas na íntegra neste link. É um posicionamento ideal, e para mim soou como uma vitória de final de campeonato.
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Imagem retirada do site do Bradesco através de print de tela.[/caption]
Acredito que como eu, muitas mulheres ficaram mais do que felizes com este posicionamento. Além de emponderar, ela acaba sendo uma ferramenta educativa. Afinal, fala por exemplo sobre o posicionamento da UNESCO para casos de assédios. É ou não é sensacional?
Dai - assistente virtual "real"
Agora, outra "maravilhosidade" da semana foi a Dai, assistente virtual da Dailus. Ela foi escolhida pelo público em uma eleição com mais de 25 mil votos — sem contar que ela tem um “fit” tremendo com a geração Z. Eu, apesar de já ter passado um pouco desta geração (risos), ver uma assistente virtual que tem características reais, um sorriso e uma espontaneidade tão delicada, me faz mais que satisfeita. O benefício de não ter uma modelo magérrima e utópica faz a marca conquistar nossa admiração e lembrança, que faz sentido porque é uma transformação não moda. A gente sente na Dai alguém de verdade! Por isso mesmo ela conquistou o feed do LinkedIn neste abril cheio de diversidade e “pessoas”, mesmo que virtuais: possíveis e reais.
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Imagem de divulgação do site da Dailus.[/caption]
Fora essas estrelas, já temos a fantástica Lu, do Magalu, que brilha em todas as redes sociais há tempos. Mas além disso,
fala sobre inclusão de pessoas com deficiência no site agora. Ou ainda a Nat, assistente virtual da Natura. Trata-se de uma mulher negra, descrita como uma ferramenta de personalidade e funcionalidades. No caso, a Nat ajuda a renegociar dívidas, solicitar a segunda via de boletos e consultar status dos pedidos e pagamentos. Ou seja, ela facilita o atendimento de clientes e consultoras. Humanização, neste caso, para processos que precisam de “carinho” mesmo, né? Quem nunca teve uma dívida que atire o primeiro boleto!
E assim, o mês de abril deu um sete a um na LGBTfobia, machismo e todo esse trelelê que deixa a nossa sociedade doente.
Posicionamento que gerou engajamento
Que a humanização conquistou nossos corações já sabemos. Mas, além disso, a fidelidade do consumidor 5.0, que quer emoção e identificação com as suas marcas do coração. Hoje, todos os grandes lançamentos de assistentes virtuais se transformam em grandes ferramentas de branding — e se tornaram campanhas de grande alcance. Pense nisso!
Durante a semana, em um grupo de WhatsApp, surgiu a pergunta sobre o que achávamos sobre a PL 504/2020. Só consegui pensar em como o posicionamento das marcas pelo alcance é fundamental também para educar e conscientizar as pessoas sobre pontos que têm de interesse comum para a sociedade como um todo. É papel da marca? Parece que nessa nova proposta não tem papel organizacional ou pessoal: está tudo misturado.
Ou seja, o consumidor 5.0 quer conexões afetivas e poder se orgulhar da sua loved brand; quer interagir e quer uma marca antenada aos assuntos atuais. Porém, para este consumidor 5.0, precisamos de marketing 5.0, análise de dados 5.0 e tecnologia, que serão assunto para outro artigo.
O que fica para mim, além de pequenas alegrias com estas conquistas, é: “fingir” posicionamento o tempo todo vai ser cada vez mais difícil para marcas (e para profissionais, ouso dizer). Afinal, o cliente está cada vez mais interessado em entender o organismo que cada empresa é. Neste caso não vence o “melhor”, mas o que é bom, o mais bem-intencionado, o corajoso em dizer o que “sente”. E para nós do e-commerce, sabemos que isto é uma quebra de paradigmas. Ainda que sejamos só online, podemos estar no bolso nossos clientes e em seus corações. É só acertar bem na estratégia — ou melhor, na intenção — de cada ação.