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Mercado Livre mais que dobra suas tarifas de frete nos últimos seis anos

Por: Raul Prado

Mineiro de 29 anos, fundou a Lojas Mineiras aos 16, quando ainda morava num vilarejo rural de uma pequena cidade do sul de Minas. Formado em Ciência da Computação pelo Mackenzie e Universidade de Coimbra, com MBA de Gestão Empresarial pela FGV e de Gestão de Pessoas pela Anhembi Morumbi. Vende em vários marketplaces e posta mais de 300.000 pedidos por ano. Foi premiado em 2015 pelo Mercado Livre por boas práticas de venda e em 2018 recebeu o Prêmio Internacional Histórias que Inspiram. Desde então, ajuda outros vendedores, compartilhando o conhecimento que adquiriu através da Uai Consultoria. Ama cachorros e bolos e escreve sobre marketplaces, empreendedorismo e varejo.

Reajuste acumulado chega a 125% nas tarifas de frete. Se em 2018, ao vender um item de R$ 120 pela plataforma o repasse era de R$ 91,53, hoje o valor creditado pela venda é 14% inferior, R$ 78,35.

Mercado Livre continua crescendo em volume de vendas e participação de mercado, enquanto o mercado brasileiro de varejo vive uma de suas piores fases.

Como já virou tradição, neste começo de ano, o Mercado Livre anunciou um novo reajuste nas tarifas de frete cobradas dos vendedores, que entrou em vigor em 15 de janeiro. Embora tenha anunciado um reajuste médio na ordem de 4%, o aumento chega a beirar a casa dos 10% nos itens mais leves comercializados no marketplace.

Aumentos das tarifas cobrada dos vendedores

No acumulado dos últimos seis anos, as tarifas cobradas dos vendedores para que o frete grátis seja ofertado aos compradores registram aumentos expressivos, principalmente na modalidade de envios “Full”, nos quais os produtos ficam armazenados em centros de distribuição do próprio Mercado Livre, que fica responsável por todo processo de armazenagem, preparo, envio e pós-venda dos pedidos.

Nesse cenário, o aumento foi superior a 125%, levando em conta o fim de subsídios nas tarifas cobradas concomitantemente à implantação de tarifas por coleta, armazenagem, descarte e/ou armazenamento prolongado.

Para ilustramos todos esses reajustes, que superam em mais de três vezes a inflação no período – o IPCA acumulado de 01/2018 a 12/2023 ficou abaixo de 40% – vamos apresentar os rendimentos recebidos por um vendedor numa venda realizada no começo de 2018 com a mesma venda, realizada agora em 2024:

Vale ressaltar que o reajuste médio dos fretes, na casa dos 36% ao longo desse período, foi similar ao da inflação e que os aumentos mais expressivos coincidem com os subsídios que eram aplicados às vendas realizadas via fulfillment.

Mercado Envios Full

O cenário do Mercado Envios Full, inclusive, era muito diferente do atual em 2018: o serviço mal tinha completado um ano de existência e ainda não oferecia a experiência de entrega que vemos atualmente. Pelo contrário, o Mercado Livre ainda realizava um esforço comercial para convencer os vendedores a aderirem ao serviço, motivo pelo qual o subsídio de 40% de desconto na tarifa do frete foi criado.

O benefício teve fim em 2019, e os reajustes de tarifas ocorrem de maneira periódica desde então. A dependência dos vendedores do serviço Full também cresceu consideravelmente nos últimos anos, uma vez que o comprador se habituou a ter as entregas superexpressas que são oferecidas nessa modalidade.

Dessa forma, é esperado que novos reajustes continuem acontecendo, acompanhando a inflação e também a dependência que o Mercado Envios Full gera tanto de compradores quanto de vendedores, ao oferecer uma experiência de entrega tão incrível que a concorrência parece estar longe de alcançar.

O Mercado Livre continua crescendo em volume de vendas e participação de mercado, bem como apresentando números mais sustentáveis e positivos, enquanto o mercado brasileiro de varejo, como um todo, vive uma de suas piores fases.