No universo do comércio, a confiança é um dos principais fatores que determinam o sucesso de uma loja. Antes de realizar uma compra, o consumidor precisa sentir-se seguro de que seus dados pessoais e financeiros estarão protegidos, e que a loja está comprometida com a segurança e a privacidade das informações fornecidas.

Essa confiança não é conquistada apenas com promessas, mas por meio da implementação de medidas eficazes de segurança da informação, transparência nas políticas de privacidade e práticas que garantam a integridade dos processos de compra.
Assim, cabe às lojas virtuais adotar estratégias robustas de proteção de dados, criar um ambiente digital seguro e confiável que inspire os consumidores a realizarem suas compras com tranquilidade. A seguir, exploramos algumas ações essenciais que toda loja online deve tomar para fortalecer essa relação de confiança e proteger as informações dos seus clientes.
1. Consuma apenas dados necessários
Quando se trata de proteção de dados dos usuários, a abordagem mais eficaz é evitar o consumo de dados desnecessários. Coletar apenas as informações essenciais para a conclusão das transações de sua loja não só reduz a exposição a riscos de segurança, mas também minimiza a responsabilidade legal e as obrigações regulatórias.
Quanto mais dados forem coletados, maior será a superfície de proteção, o que exige mais esforços e recursos para garantir a segurança e a conformidade com a legislação de privacidade, como a LGPD ou a GDPR. Ao coletar dados além do necessário, aumenta-se a complexidade da segurança, elevando o risco de falhas e expondo os dados dos clientes a possíveis vazamentos ou ataques cibernéticos.
A privacidade do cliente deve ser uma prioridade constante e não pode ser tratada como um aspecto secundário. É essencial manter um diálogo transparente com os consumidores, explicando de forma clara e acessível quais dados são coletados, por que são necessários, como serão utilizados, com quem serão compartilhados e por quanto tempo serão armazenados.
É importante lembrar que, uma vez atingido o objetivo para o qual os dados foram coletados, eles devem ser eliminados de forma segura e efetiva, garantindo que sejam retidos apenas pelo tempo necessário para cumprir os requisitos legais ou contratuais.
Apesar do que fora redigido acima, é importante ressaltar que, no contexto de uma loja virtual, certos dados sensíveis serão necessários para o funcionamento do negócio. Informações como CPF, data de nascimento e outros dados pessoais são essenciais para a emissão de notas fiscais e para o prosseguimento adequado do fluxo de vendas, por exemplo. Diante disso, é fundamental adotar medidas eficazes para a proteção desses dados, assegurando que a segurança seja mantida enquanto essas informações estiverem em posse do seu negócio.
2. Criptografia
A criptografia é uma das formas mais eficazes para proteger informações sensíveis, garantindo sua segurança tanto durante a transmissão quanto no armazenamento. É essencial criptografar dados sempre que eles estiverem em trânsito, como nas comunicações entre o cliente e o servidor, e também quando estiverem em repouso, ou seja, armazenados em bancos de dados ou dispositivos físicos.
A criptografia em trânsito deve ser implementada utilizando protocolos robustos, como SSL/TLS, garantindo que todas as informações trocadas entre o cliente e o servidor sejam protegidas. O uso de VPNs (Redes Privadas Virtuais) para acessar dados sensíveis, especialmente em ambientes de trabalho remoto, adiciona uma camada extra de segurança. Mesmo que a comunicação seja interceptada, os dados estarão criptografados e ilegíveis sem a chave apropriada.
Quando os dados estão em repouso, ou seja, armazenados em servidores, bancos de dados ou dispositivos de trabalho, também é crucial aplicar criptografia. Isso garante que, mesmo se um atacante conseguir acesso físico a esses dispositivos ou extrair dados dessa base de dados, as informações permaneçam inacessíveis sem a chave correta de descriptografia.
Para garantir que a criptografia seja realmente eficaz, é fundamental adotar práticas e técnicas seguras. A escolha de um algoritmo de criptografia robusto é um dos aspectos mais críticos desse processo.
O uso de algoritmos modernos e seguros, como o AES-256, utilizando modo de cifra autenticados, como CCM ou GCM, é altamente recomendado, pois oferece criptografia de chave simétrica forte, com um modo de cifra que assegura tanto a confidencialidade quanto a integridade dos dados. Além disso, a chave de criptografia utilizada deve ser longa o suficiente e gerada de maneira segura, evitando algoritmos antigos ou vulneráveis.
A rotação de chaves é outra prática fundamental para garantir a segurança da criptografia. Substituir periodicamente as chaves de criptografia reduz o risco de comprometimento, caso uma chave seja vazada ou descoberta por atacantes. Esse processo de rotação deve ser bem planejado para garantir que a nova chave seja distribuída e armazenada com segurança, sem interromper a continuidade dos serviços ou afetar a integridade dos dados armazenados.
Além da rotação, o armazenamento seguro das chaves de criptografia é uma medida crucial. As chaves nunca devem ser armazenadas em locais acessíveis, como servidores de aplicação ou bancos de dados, onde poderiam ser facilmente comprometidas. O ideal é utilizar módulos de segurança de hardware (HSMs) ou cofres de chaves virtuais, que oferecem uma camada adicional de proteção contra acessos não autorizados.
3. Gestão de identidade e acesso
A gestão de identidade e acesso (IAM) é um conjunto de práticas e tecnologias que visam garantir que as pessoas certas tenham acesso aos recursos certos, no momento certo e de maneira segura. A identidade digital refere-se à representação eletrônica de uma pessoa ou entidade, enquanto o acesso é o processo pelo qual um usuário autorizado interage com sistemas ou dados.
Uma boa gestão de identidade não apenas autentica quem está tentando acessar os recursos, mas também controla quais recursos podem ser acessados e sob quais condições.
A aplicação de uma política de “privilégio mínimo” – na qual os usuários recebem apenas os privilégios necessários para executar suas funções – é um princípio central na IAM e ajuda a reduzir a exposição de dados sensíveis e os riscos associados ao acesso indevido. Quando falamos de acesso, é importante que as permissões sejam revistas regularmente, para garantir que os usuários não mantenham acessos que não são mais necessários devido a mudanças em suas funções ou em sua relação com a organização.
Quando se fala em gerenciamento de identidade, um dos controles mais eficazes é a autenticação multifatorial (MFA), que adiciona camadas extras de segurança ao processo de login. MFA combina dois ou mais fatores de autenticação para garantir que a pessoa que está tentando acessar a conta seja realmente quem diz ser. Esses fatores podem incluir:
– algo que o cliente sabe (como uma senha);
– algo que o cliente possui (como uma chave de autenticação ou um aplicativo autenticador);
– algo que o cliente é (como biometria ou reconhecimento facial).
Esse método reduz significativamente o risco de invasões, pois um atacante que tenha comprometido a senha de um usuário não conseguirá acessar a conta sem também obter os outros fatores de autenticação.
Orientar o uso de senhas fortes e complexas é fundamental para impedir que contas sejam comprometidas por senhas fracas ou padrões. A política de senhas deve exigir, no mínimo, uma senha de oito caracteres em sistemas nos quais a MFA está disponível e 14 caracteres em sistemas sem MFA.
Para fortalecer ainda mais a segurança, deve-se orientar o uso de combinações de letras maiúsculas e minúsculas, números e caracteres especiais. No entanto, é importante lembrar que forçar um padrão excessivo de caracteres pode ter o efeito oposto, tornando a senha mais previsível.
Por exemplo, se uma regra exigir obrigatoriamente números e letras maiúsculas, os atacantes saberiam exatamente quais tipos de combinações testar, facilitando a quebra da senha. Portanto, a flexibilidade na criação de senhas, aliada a orientações para criar senhas complexas, torna os testes de invasão mais difíceis.
Além disso, deve-se considerar a adoção de soluções de gerenciamento de senhas, como cofres de senhas, para garantir que os usuários possam armazenar e gerar senhas fortes sem o risco de esquecê-las ou utilizá-las em várias plataformas.
No que se refere à gestão de acessos, é imprescindível que os colaboradores tenham acesso apenas aos dados necessários para o desempenho de suas funções. O critério de acesso deve ser baseado nas responsabilidades específicas de cada cargo, e não apenas em senioridade ou tempo de serviço.
Restringir o acesso aos dados ajuda a diminuir o risco de vazamentos internos ou exposição por engenharia social. Para dados sensíveis, todos os acessos devem ser registrados e monitorados, preferencialmente com a presença de uma testemunha, garantindo que nenhuma violação ou uso indevido ocorra durante o processo de acesso.
O uso de ferramentas de IAM também pode ser decisivo, uma vez que essas soluções permitem uma gestão centralizada e um controle mais rígido sobre quem tem acesso a dados sensíveis, garantindo que as permissões sejam concedidas e retiradas de forma eficiente e conforme necessário.
4. Conscientização de segurança
A conscientização em segurança da informação é um pilar essencial para garantir a proteção dos dados sensíveis em uma organização, especialmente quando esses dados estão acessíveis a colaboradores.
Mesmo com a implementação de controles rigorosos de identidade e acesso, a segurança da informação não pode depender exclusivamente de ferramentas e tecnologias; ela deve ser sustentada por uma cultura organizacional sólida, em que todos os colaboradores entendam a importância da proteção de dados e adotem comportamentos responsáveis.
Todos os colaboradores devem ser treinados de forma contínua sobre as melhores práticas de segurança, como o reconhecimento de tentativas de phishing, a importância de manter senhas fortes e únicas, a utilização obrigatória de autenticação multifatorial (MFA) e a forma correta de lidar com dados confidenciais, seja em transações, comunicações ou armazenamento.
É importante que esses treinamentos cubram a gestão de riscos associados a comportamentos cotidianos, como o uso de dispositivos pessoais para acessar sistemas corporativos, a navegação em redes inseguras ou a troca de senhas e compartilhamento de informações confidenciais com colegas de trabalho.
A falta de conscientização pode levar a falhas simples, mas extremamente prejudiciais, como a exposição inadvertida de informações ou o compartilhamento inadequado de dados, que podem ser explorados por agentes maliciosos, seja através de ataques internos ou externos.
Também deve-se promover um ambiente em que os colaboradores se sintam à vontade para relatar incidentes de segurança sem medo de represálias, incentivando uma postura proativa. A conscientização deve ser integrada no dia a dia da empresa, fazendo com que os colaboradores percebam que a segurança da informação é uma responsabilidade compartilhada, e não apenas de uma área específica.
Outro ponto importante é a implementação de um sistema de feedback contínuo, no qual os colaboradores podem ser avaliados quanto à adesão às práticas de segurança e receber orientações sobre como melhorar. Com uma equipe bem informada, vigilante e engajada, a probabilidade de falhas de segurança diminui consideravelmente, pois os colaboradores serão capazes de identificar ameaças antes que se tornem incidentes graves, além de adotar as medidas corretas para proteger os dados sensíveis da organização.
5. Auditoria de processos e sistemas
Auditar processos e sistemas regularmente garante que as medidas de segurança implementadas sejam eficazes e que não existam vulnerabilidades desconhecidas que possam ser exploradas por agentes maliciosos. Essas auditorias, realizadas de forma periódica e sistemática, ajudam a identificar falhas ou inconsistências nos controles de segurança e fornecem uma visão clara sobre o desempenho dos sistemas em termos de proteção de dados.
Os testes de penetração simulam ataques cibernéticos em um ambiente controlado para identificar pontos fracos antes que possam ser explorados por hackers. Esse tipo de teste é realizado por profissionais especializados, que buscam ativamente vulnerabilidades que poderiam permitir uma invasão.
Dessa forma, os testes de penetração funcionam como uma avaliação pró-ativa, oferecendo uma visão clara sobre a resistência dos sistemas e permitindo que as organizações corrijam falhas críticas antes que um atacante real possa se aproveitar delas.
O monitoramento contínuo, por sua vez, complementa as auditorias e os testes. Manter sistemas de monitoramento em tempo real, capazes de detectar comportamentos anômalos e tentativas de intrusão, permite uma resposta rápida e eficaz a incidentes de segurança. Ferramentas de monitoramento ajudam a identificar padrões suspeitos, como acessos não autorizados ou tentativas de manipulação de dados, alertando os administradores de sistemas antes que um ataque tenha sucesso.
Esse tipo de vigilância ativa não só ajuda a identificar vulnerabilidades de maneira antecipada, mas também possibilita que as equipes de segurança adotem ações corretivas imediatas para mitigar danos e prevenir maiores complicações. Essas práticas são vitais para a segurança cibernética de qualquer organização.
Conclusão
A proteção de dados na sua loja deve ir além da implementação de tecnologias avançadas; trata-se de adotar uma abordagem holística que combine controles de técnicos rigorosos, conscientização constante e auditoria regular. Essas práticas não só asseguram a proteção de informações sensíveis, mas também criam uma base sólida para cultivar e manter a confiança do consumidor.
Segurança da informação deve ser vista como um investimento, não um gasto. Ao alocar recursos para proteger dados e fortalecer a infraestrutura de segurança, sua empresa não só minimiza riscos de ataques e vazamentos, mas também assegura a continuidade dos negócios e a fidelidade dos clientes, garantindo um retorno muito maior a longo prazo.