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Entregar para grandes e-commerces e marketplaces: dicas para colocar a operação de transportes na frente

Por: Ewerton Caburon

CEO da EmiteAí!

Graduado em Engenharia Mecânica pela Unicamp, possui MBA em Gestão de Negócios pelo Insper. Desde 2021, é CEO da Emiteaí, uma startup de logística responsável por facilitar a emissão de documentos e promover o gerenciamento de transportes eficientes. Atualmente, atende os principais marketplaces do mercado. Já atuou como Diretor Executivo de Operações na BBM Logística, liderando projetos de otimização com IoT e Machine Learning. Também exerceu cargos de liderança na Raízen e Ambev, sempre focado em eficiência operacional e gestão de grandes equipes.

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Atuar como transportadora para grandes marketplaces é, ao mesmo tempo, um grande desafio e uma enorme oportunidade. Quem quer operar nesse segmento precisa ir além da simples entrega – é preciso ser parceiro estratégico, entender os processos a fundo e garantir excelência na execução.

Mulher sorridente usando colete refletivo sentada ao volante de um ônibus.
Imagem: Envato.

Aqui, compartilho algumas dicas para quem quer começar a atuar com grandes e-commerces ou melhorar a prestação de serviço, tornando-se um player competitivo e atraente para mais ofertas de carga.

1. Emissão ágil de documentos é fundamental

O e-commerce exige velocidade em todas as etapas, e na logística não é diferente. Por isso, um dos principais pontos que a transportadora precisa garantir é a agilidade na emissão de documentos de transporte. CT-e, GNRE, MDFe e demais obrigações precisam ser emitidos rapidamente para não travar o fluxo da carga ou paradas longas em postos fiscais. O atraso nesse processo pode significar perda de prazos e, consequentemente, insatisfação do cliente final.

2. Compliance fiscal é inegociável

Trabalhar com grandes marketplaces significa, obrigatoriamente, estar 100% adequado às exigências fiscais. Não se trata apenas de evitar multas, mas de garantir segurança jurídica para a operação e para os parceiros. Estar com toda a documentação correta e guias de recolhimento de impostos pagas é essencial, nem que você, transportadora, assuma a responsabilidade de emitir e pagar esses impostos como GNRE e DIFAL, repassando depois os custos ao embarcador. Isso evita paradas demoradas em postos fiscais, que podem atrasar a entrega e prejudicar sua reputação.

3. Conheça bem as regras de cada e-commerce

Cada grande player possui seus próprios procedimentos: prazos de pagamento, políticas de coleta, exigências logísticas e fiscais, entre outros detalhes. Não conhecer ou não seguir essas regras pode significar exclusão do pool de fornecedores. Por isso, mantenha um mapeamento claro de como funciona cada operação com quem você trabalha e treine sua equipe para seguir esses padrões. E sobre pagamentos, é comum que cada marketplace trabalhe com um prazo específico. Portanto, antes de entrar na operação do marketplace, tenha esse prazo provisionado para evitar impacto no caixa da operação.

4. Tenha um ponto focal exclusivo para o e-commerce

Se quer crescer nesse segmento, minha recomendação é simples: tenha uma pessoa dedicada para atender exclusivamente aos processos relacionados ao e-commerce. Isso facilita a comunicação, evita ruídos e garante que qualquer ajuste ou necessidade sejam resolvidos rapidamente. Grandes marketplaces valorizam muito essa eficiência e clareza.

5. Invista em integração de sistemas

O volume operacional é altíssimo. São milhares de documentos sendo gerados: emissão de CT-e, GNRE, relatórios de performance. Por isso, ter na sua transportadora um sistema de emissões homologado pelo marketplace não é mais diferencial, é pré-requisito. Automatizar esses processos reduz erros manuais, acelera a operação e facilita a rastreabilidade das entregas.

6. Base de motoristas e veículos fixos: estratégia inteligente

Manter uma base de motoristas fixos, com placas já pré-definidas, é outro ponto que, se você conseguir adaptar em sua operação, recomendo fortemente. Muitas operações exigem que, com até uma semana de antecedência, sejam informados quais motoristas e veículos farão o transporte. Isso facilita o planejamento logístico e a segurança da operação. Além disso, essa previsibilidade é bem-vista pelos marketplaces.

7. Foque na sua especialidade: line haul, middle mile ou last mile?

Dependendo do tamanho e da frota, sua transportadora pode escolher com mais assertividade onde atuar. Quem tem veículos grandes pode se especializar em operações de line haul (longas distâncias) ou middle mile (transferências entre hubs). Já quem trabalha com frota menor pode focar em first mile (coletas) ou last mile (entregas finais). Seja qual for a escolha, é preciso ter uma boa gestão operacional, com total visibilidade do que foi coletado, entregue ou não entregue, e também dos motivos do insucesso e sucesso de uma entrega.

8. Gestão de risco: nunca comece sem ela

Não se deve iniciar nenhuma operação sem uma excelente gerenciadora de risco. Trabalhar com grandes marketplaces envolve volumes altos e, muitas vezes, produtos de grande valor. A gestão de risco é o que garante que, diante de um sinistro, a carga esteja protegida, e a operação, assegurada.

Atuar com grandes marketplaces pode levar sua transportadora a um novo patamar, mas exige preparo, investimento em processos e tecnologia, além de foco total na excelência operacional. Se você garantir esses pontos, com certeza terá mais espaço, mais cargas e um relacionamento sólido com os maiores players do e-commerce.