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Do pico ao lucro: como operar na BF e Natal como projeto (sem apagar incêndio)

Por: Carlos Henrique Jovelli

Gerente de Projetos e S&OP na Social Digital Commerce

Gerente de Projetos e S&OP na Social Digital Commerce, Carlos Jovelli tem mais de 22 anos de experiência em gestão, supply chain e e-commerce, atuando na governança de projetos e na otimização de operações com foco em eficiência e performance.

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A Black Friday e o Natal representam muito mais do que picos de vendas! São os momentos decisivos que exigem uma abordagem orientada a projetos para transformar demanda em resultado.

Várias caixas de papelão interligadas por linhas luminosas sobre um mapa-múndi digital.
Imagem: Reprodução.

Empresas que tratam a preparação para essas datas como um projeto formalmente estruturado, e não como uma série de ações desconexas, conseguem não apenas evitar falhas operacionais, mas também capitalizar oportunidades de crescimento com eficiência e previsibilidade.

Um projeto, por definição, possui objetivo claro, prazo determinado, recursos alocados e entregas bem especificadas. Aplicar essa lógica à preparação para a alta sazonalidade permite uma visão integral do ciclo, na qual, desde a previsão de demanda até o pós-venda, todas as etapas são planejadas, monitoradas e integradas.

A definição de marcos e metas é essencial, com cronogramas realistas, sendo possível assegurar que cada fase, como aumento de estoque, contratação de pessoal e testes de sistemas, seja concluída a tempo. Não menos importante, com a alocação responsável de recursos, evitam-se o desperdício e as surpresas de última hora. Sem essa abordagem, as empresas caem no modo “apaga incêndio”, com equipes sobrecarregadas, estoques desbalanceados e clientes insatisfeitos.

E como transformar esse desafio sazonal em um projeto estruturado, com etapas claras e entregas bem definidas?

Um projeto de preparação para datas sazonais de grande importância como essas deve ser dividido em sprints, fases interdependentes, cada uma com entregas claras, sendo elas:

Fase de diagnóstico e planejamento

– Realizar análise de dados históricos de vendas e desempenho operacional.

– Definir metas de vendas, níveis de serviço e capacidade necessária.

– Mapear riscos e criar planos de contingência para cada cenário crítico.

Fase de preparação operacional

– Ajustar políticas de estoque com base na curva ABC e na previsão de demanda.

– Formalizar parcerias com fornecedores e operadores logísticos.

– Estruturar a escalação de equipes e treinamentos específicos.

Fase de implementação e testes

– Realizar testes de carga em sistemas e processos.

– Simular fluxos de picking, packing e expedição.

– Validar a comunicação entre áreas e a clareza dos papéis.

Fase de execução e monitoramento

– Acompanhar KPIs em tempo real e realizar ajustes rápidos.

– Manter canais abertos entre operação, comercial e atendimento.

Fase de encerramento e aprendizado

– Documentar lições aprendidas e oportunidades de melhoria.

– Realizar análise de desempenho comparado às metas iniciais.

Essa abordagem transforma um grande projeto macro em ciclos menores, gerenciáveis e com entregas bem definidas, aumentando a flexibilidade e a capacidade de resposta da equipe. Dentro dessa estrutura, alguns elementos são fundamentais como:

– Gestão de demanda e capacidade: utilizando o processo de S&OP para integrar previsão comercial e capacidade operacional;

– Gestão de estoque: definir políticas de reabastecimento, acordos com fornecedores e uso de WMS para assegurar acurácia e disponibilidade.

– Otimização logística: incorporar transformações profundas em três dimensões fundamentais: tecnologia, fluxos e processos.

– Gestão de pessoas: capacitar equipes, definir lideranças e assegurar clima organizacional favorável mesmo sob pressão.

A diferença entre o sucesso e o fracasso nas datas sazonais está na forma como a empresa enxerga a preparação. Quem trata a Black Friday e o Natal como um projeto estratégico, com metodologia, governança e disciplina, não apenas se adianta aos problemas, mas cria vantagens competitivas duradouras.

A sazonalidade, então, deixa de ser uma ameaça e passa a ser uma oportunidade planejada, executada e aprendida.