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Dia do Cliente: por que experiência e humanidade superam tecnologia?

Por: Rebecca Fischer

Chief Strategy Officer (CSO) de co-fundadora da Divibank

Chief Strategy Officer (CSO) de co-fundadora da Divibank, ela é formada pela Universidade de Georgetown e tem mais de 12 anos de experiência na indústria de marketing e publicidade. Iniciou sua carreira em 2008 como estagiária na Pinacoteca do Estado de São Paulo e, ao longo dos anos, ocupou Diretora de Sucesso do Cliente na Skai (antiga Kenshoo), onde atendeu clientes como Mercado Livre, Nubank e iFood. Em 2020, uniu-se a Jaime Taboada para fundar a Divibank, combinando sua expertise em marketing digital com a experiência financeira de Jaime.

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No Dia do Cliente, comemorado em 15 de setembro, a reflexão necessária vai além de compreender o que os consumidores desejam: é preciso avaliar como as empresas estão conseguindo, ou não, corresponder a essas expectativas em um mercado cada vez mais orientado por dados e tecnologia. A promessa de personalização, agilidade, integração de canais e experiências memoráveis esbarra em desafios estruturais, falhas na jornada do cliente e contradições entre estratégia e execução.

Vendedora entregando uma sacola de compras branca para uma cliente sorridente dentro de uma loja de roupas.
Imagem: Freepik.

Nos últimos anos, a experiência do consumidor deixou de ser apenas um diferencial competitivo e tornou-se o principal campo de disputa. Levantamento da OnRamp indica que 89% das empresas projetam competir prioritariamente pela experiência até 2025, acima de preço ou qualidade do produto. Do lado dos consumidores, 80% afirmam que a experiência oferecida por uma marca é tão relevante quanto o próprio serviço ou produto adquirido, segundo pesquisa da SuperOffice.

A resposta corporativa tem sido a adoção em massa de tecnologias como inteligência artificial, automação e análise preditiva. Estudos da Sprinklr mostram que 80% das empresas já integram IA generativa em atendimento e engajamento, enquanto a Fullview projeta que até 95% das interações digitais serão, ao menos parcialmente, mediadas por IA nos próximos dois anos. O potencial de retorno é expressivo: organizações que investem de forma consistente em programas de customer success reportam crescimento até 12% superior, margens 19% maiores e aumento de 25% no valor de vida do cliente (LTV), de acordo com a Gainsight.

Os casos práticos que mostram resultados reais

Casos práticos reforçam essa tendência. O eBay tem usado modelos de IA para personalizar recomendações e automatizar o suporte, com a meta de tornar seus fluxos totalmente automatizados até o fim de 2025. Já a Mastercard implementou IA em seus sistemas antifraude, ampliando em 300% a detecção de transações suspeitas e reduzindo em 22% os falsos positivos, evidenciando ganhos em eficiência e confiabilidade.

Apesar disso, os problemas permanecem. Pesquisa da TechRadar mostra que 91% dos consumidores relataram frustração com interações digitais no último ano, e 70% abandonariam uma marca após experiências ruins com sistemas de IA. A velocidade e a empatia continuam sendo decisivas: mais da metade dos clientes espera respostas imediatas, e 70% das interações críticas ainda acontecem por voz, especialmente em momentos de insatisfação ou insegurança, segundo a Zendesk.

Os riscos invisíveis quando a estratégia falha

O paradoxo é claro: a tecnologia pode otimizar processos e reduzir custos, mas não substitui a sensibilidade humana. A hiperpersonalização, embora valorizada, exige governança rigorosa; sem ela, há riscos de violação de privacidade e vieses algorítmicos que comprometem a confiança do consumidor, alerta novamente a TechRadar. Organizações que sabem equilibrar dados, automação e inteligência emocional conquistam não apenas eficiência, mas também relevância e credibilidade.

Então, para o Dia do Cliente, a mensagem é inequívoca: tecnologia e dados são ferramentas poderosas para criar experiências marcantes, mas falham quando desconectadas da empatia, da transparência e da responsabilidade. Ouvir o cliente, antecipar suas necessidades e responder de forma humanizada continua sendo o maior diferencial competitivo. Paradoxalmente, a tecnologia mais transformadora é justamente aquela que permite às empresas exercer sua humanidade.