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"Brasil ocupará espaço entre grandes potências do e-commerce em 2027", afirma analista do eMarketer

Por: Lucas Kina

Jornalista e repórter do E-Commerce Brasil

O encerramento do Congresso Digitalização do Varejo 24′, realizado na última quinta-feira (16), veio com uma série de dados e tendências para o varejo de forma geral. Com foco nos mercados latino-americano e brasileiro, um estudo exclusivo da eMarketer revelou como e-commerce e varejo físico estão se complementando nos últimos anos.

Matteo Ceurvels, analista na eMarketer - e-commerce e varejo físico - Congresso Digitalização do Varejo 24'
Matteo Ceurvels, analista da eMarketer (Imagem: Studio WTF/E-Commerce Brasil)

A explicação das informações ficou por conta de Matteo Ceurvels, analista principal na eMarketer para América Latina e Espanha. Segundo ele, o Brasil é um dos principais mercado quando se fala em digitalização de varejistas. Prova disso é que, desde 2021, o mercado nacional fica na terceira colocação entre os países que mais cresceram em vendas no e-commerce.

Mais do que isso, o cenário no país contabiliza penetração de 12,1% do e-commerce nas vendas gerais do varejo. Na prática, em uma lista com os 28 principais mercados neste aspecto, o Brasil é 9º colocado, a frente de Argentina, Espanha, França, Alemanha, Índia, entre outros.

“O Brasil é um dos destaques no e-commerce desde 2021, com o grande crescimento do setor visto em meio à pandemia. Agora, mais do que isso, vemos um mercado mais maduro e que caminha para, em 2027, ser o 8º no ranking das nações que mais vendem no e-commerce mundialmente”, explica Ceurvels.

Na série de 2021 a 2027, por exemplo, a análise da eMarketer traz que as vendas no e-commerce devem dobra. Além disso, o Brasil pode se tornar o maior número de compradores digitais na América Latina, sendo o quinto em termos de penetração mundialmente.

Oportunidades dentro do varejo

O levantamento do eMarketer também conta com quatro áreas consideradas como oportunidades para empresas investirem em 2024. São elas:

Comércio Unificado

Durante a apresentação, Ceurvels citou a estratégia como “novo omnichannel“. Com capacidade de condensar uma série de jornadas na mesma experiência de compra, pode ser uma forma de unir online e físico sem perder o melhor dos dois lados. O foco, contudo, ainda deve ser em fornecer fluidez e quebrar barreiras com o formato.

Retail Media

Amplamente aplicado dentro do e-commerce brasileiro, o estudo acredita que a troca entre formatos e modelos (TV, publicidade digital e lojas físicas) deve ser ainda maior.

A queda em audiência na televisão, por exemplo, pode motivar a ida de marcas para empresas mais digitais. O Retail Media pode ser uma boa estratégia, neste caso, já que a previsão entre 2024 e 2028 é de um mercado valendo o triplo do atual, chegando a US$ 5 bilhões.

Live commerce

Um sucesso na China e com boa adesão nos EUA, é um modelo que ainda busca reconhecimento no Brasil e tem pouca penetração na América Latina como um todo.

Apostar nessa estratégias, segundo Ceurvels, está ligado à busca dos consumidores por preços mais baixos e descontos maiores. Neste caso, então, o live commerce é um dos que mais oferece este tipo de contrapartida, trocando-a pela audiência do usuário.

Outro ponto são as explicações dos apresentadores sobre cada produto apresentado. A dúvida é, por muitas vezes, a grande inimiga da conversão, fato evitado pelas transmissões ao vivo.

Pagamentos digitais

A digitalização dos meios de pagamento também é considerada uma tendência a ser observada para este ano. Isso porque, segundo a análise, especificamente no Brasil, a alta adesão ao Pix representa um olhar cada vez mais a frente neste assunto.

A explicação está no menor custo em relação a outros modelos, além de boa aceitação, maior taxa de conversão (90%) e prazo de financiamento (imediato e a qualquer momento). A venda online também é impulsionada pelo Pix.

Varejo no futuro

Por fim, Ceurvels citou algumas previsões para o futuro do varejo mundialmente. O especialista dividiu em três o que entende como principais caminhos em termos de comportamento, alicerces e tendências para o setor.

1. Competividade

De acordo com ele, o ecossistema do varejo será ainda mais competitivo nos próximos anos. A relação disso está diretamente conectada com a chegada constante de mais empresas, soluções e inovações.

Neste contexto, o foco das marcas, paralelamente, será em estratégias voltadas ao cliente. A ideia com será garantir o espaço como “Top of Mind” entre os usuários, isto é, uma empresa que está sempre na mente de quem consome.

2. Experiência de compra

Outra tendência incluída pelo estudo da eMarketer é de que, conforme a evolução das ferramentas digitais, espera-se também uma humanização da experiência de compra.

A ideia é que a hiperpersonalização do atendimento, por exemplo, seja melhorada ainda mais em razão dos dados disponíveis. O entendimento de hábitos e preferências será um trunfo na análise e criação de jornadas cada vez melhores.

3. Retail media e lojas físicas

Fechando a lista, Ceurvels afirmou, com base na pesquisa, que varejistas omnichannel devem ‘brilhar’ na próxima fase do retail media.

Segundo sua explicação, as lojas físicas serão ativos importantes neste período, contribuindo diretamente para o sucesso de publicidades digitais na América Latina.

“O amadurecimento da América Latina, com destaque ao Brasil, é nítido. O varejo, online e físico, ganha cada dia mais corpo nessa região e o panorama é otimista, principalmente para quem souber aproveitar oportunidades para se digitalizar. Além disso, reforço que o papel do varejo tradicional continuará sendo importante, se integrando cada vez mais ao digital. O começo pode estar nos quatro caminhos que citei anteriormente”, finalizou o especialista.