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Autonomia do consumidor: inovações que ajudam o usuário a combater fraudes e golpes no e-commerce

Por: Orlando Ovigli

Sócio e VP OmniCommerce da FCamara. Formado em Ciências da Computação, atua há mais de 15 anos com soluções digitais e tecnologia para o segmento de Varejo e Serviços Financeiros. Durante sua trajetória, participou da reestruturação da loja virtual do Extra.com e atende os principais players do mercado, como Via Varejo, Magazine Luiza, B2W, Mercado Livre, Raia Drogasil, Grupo Boticário e Santander.

Um dos grandes desafios do ecossistema varejista é prevenir as fraudes durante as transações, principalmente no ambiente digital. De acordo com o Mapa da Fraude da ClearSale, só em 2022, o Brasil registrou aproximadamente 5,6 milhões de tentativas de golpe, totalizando R$ 5,8 bilhões em ações fraudulentas. Diante desse cenário, o varejo está sempre em busca de alternativas para diminuir esses números e garantir maior segurança para lojistas e clientes durante as operações.

Com consumidores cada vez mais digitalizados e autônomos, a evolução de ameaças têm se tornado preocupante para o segmento, uma vez que nem sempre os avanços da tecnologia conseguem barrar as investidas. Uma das formas de garantir um gerenciamento eficaz desse tipo de crise está em tornar o cliente um protagonista quando se trata de proteger e compartilhar seus próprios dados, funcionando como mais uma barreira de segurança contra fraudes.

O mercado de fraude está cada vez mais sofisticado, e é só por meio da tecnologia que poderemos mudar isso.

Posso dizer que esse molde de autonomia tem como ótimo exemplo o Open Finance, sistema bancário aberto de compartilhamento de dados pessoais relacionados aos serviços financeiros. Esse modelo, em que o consumidor é o protagonista e o responsável pelas trocas de dados que permite compartilhar, acabou abrindo margem para outros segmentos, como varejo e e-commerce, para entendermos que é completamente possível e benéfico colocar o cliente nessa posição.

A ideia é realmente colocar o consumidor como personagem principal nessa guerra contra as fraudes e, para isso, é necessário muni-lo de ferramentas que auxiliem na detecção de golpes e na segurança de dados. Penso que as empresas de tecnologia têm um papel fundamental nesse sentido, com o intuito de apoiar seus clientes em toda jornada, oferecendo também soluções de segurança, avaliando cada vez mais meios e parceiros que tornem isso tudo realidade.

Pensando nisso, elenquei algumas das tendências para tornar o consumidor um protagonista no combate às fraudes e melhorar a experiência dos usuários. Confira:

Aplicativos que detectam atividades envolvendo o seu CPF

Alguns sites de produtos e serviços solicitam documentos importantes na hora da compra, como o CPF. Porém, é importante estar atento ao uso desses dados, já que a utilização indevida pode resultar em prejuízos financeiros significativos. Verificar regularmente as transações realizadas em seu nome pode ser essencial para evitar grandes perdas.

Nesse sentido, uma grande inovação do mercado é o aplicativo Confi, que permite monitorar compras realizadas com seus dados, facilitando a identificação daquelas que não foram feitas por você. Disponível para Android e iOs, a ferramenta também envia notificações quando novas compras são realizadas em lojas parceiras. O app tem como principal objetivo conectar o público e as empresas para uma jornada digital mais segura, monitorando as compras e gerando uma rede de varejo mais confiável.

Utilização da Web3

A Web3 se baseia na tecnologia blockchain, na internet das coisas (IoT) e em inteligência artificial (IA), dando mais segurança aos usuários. Sua utilização depende de criptografia, que garante que os dados obtidos não sejam alterados ou removidos sem o consentimento do portador, além de permitir que os usuários possam escolher quem guarda as informações e como. Ou seja: o internauta é dono dos próprios dados, permitindo ou não modificações e acessos. A escolha potencializa a jornada do cliente e torna o ambiente mais seguro para todos.

De maneira simplificada, na Web1, os usuários só tinham acesso à leitura de conteúdos e dados. Com a evolução para a Web2, surgiram as redes sociais que possibilitam a interação entre as pessoas e a geração de novas informações. Já na Web3, a tecnologia blockchain permite que usuários tenham maior controle e propriedade sobre seus próprios dados, porque as informações são registradas de forma descentralizada e imutável, garantindo a segurança e a privacidade.

Segurança 360°

Mais do que nunca, é importante haver um movimento colaborativo em prol da segurança no varejo. Para isso, precisam estar unidos varejistas, consumidores e tecnologia. Unificando as três partes, é possível construir um ambiente mais seguro, com um gerenciamento de fraudes mais ativo e uma estratégia de ponta a ponta para garantir a segurança em todas as etapas.

Com uma inteligência trabalhando para o setor, o varejista consegue visualizar toda a sua operação e identificar qualquer golpe de forma rápida. Quando todo mundo coopera, temos a chamada segurança 360°, em que até o consumidor pode identificar cobranças indevidas e denunciar sites fraudulentos.

O mercado de fraude está cada vez mais sofisticado, e é só por meio da tecnologia que poderemos mudar isso. É preciso tornar o consumidor o principal protagonista na guerra contra as fraudes no e-commerce, trazendo ferramentas e conhecimento para que ele tenha autonomia durante suas compras. Para viabilizar essa força-tarefa, os varejistas precisam fornecer soluções para que todo o ecossistema consiga se proteger efetivamente de ameaças, buscando sempre por novos parceiros e tecnologias que auxiliem nessa jornada.