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A nova economia do tempo: como velocidade e instantaneidade definem o sucesso das lojas online

Por: Rodrigo Cursi de Carvalho

Co-CEO e CXO na FRN³

Rodrigo Cursi é Co-CEO, CXO (Chief Experience Officer) e co-fundador da FRN³, empresa especializada em desenvolvimento digital. Com formação em Design de Games e Gráfico e Pós-graduação em Design: Conceito e Aplicação, possui 15 anos de experiência nas áreas de User Interface (UI), User Experience (UX), branding, e-commerce e aplicativos. Ao longo de sua trajetória, atuou como Diretor de Arte e Criação, liderando projetos de diversos segmentos e tamanhos, com foco em soluções criativas e de alto impacto. Seu trabalho se destaca pelo gerenciamento de equipes criativas e squads especializados em mídia e desenvolvimento de projetos digitais. Atualmente, é especialista em UX e UI, com um portfólio robusto de mais de 500 projetos realizados.

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Se tem algo que aprendi depois de anos acompanhando o comportamento de consumo no digital, é que o tempo deixou de ser um recurso escasso para se tornar a régua que define se uma marca continua relevante ou se vai ficar para trás.

Laptop e ampulheta sobre uma mesa.
Imagem: Freepik.

Hoje, não estamos competindo apenas por preço, estética ou conveniência. Estamos competindo por segundos. E o curioso é que, muitas vezes, esses segundos que parecem invisíveis são justamente o que separa a intenção de compra da conversão real.

A velocidade como diferencial estratégico

Se você atua no e-commerce e ainda não parou para rever a jornada de checkout da sua loja, recomendo que faça isso agora. Em análises recentes que realizamos na FRN³, vimos que a diferença entre um fluxo de um minuto e outro de 30 segundos no checkout impacta diretamente em até 20% a taxa de conversão. E não é exagero.

Checkout é momento de decisão. É quando o cliente quer resolver, não pensar. Pedir CPF duas vezes, carregar a tela lentamente ou exigir cadastro obrigatório são obstáculos invisíveis que, na prática, gritam: “não estamos prontos para te atender do jeito que você espera”.

Em ambientes de alta concorrência, o tempo de resposta técnico do servidor, a estrutura do front-end e até o uso de tecnologias como Web Vitals tornam-se fatores determinantes de performance. Negligenciar isso é comprometer a entrega de valor desde o primeiro clique.

E isso vale também para o mobile, em que cada segundo conta em dobro.

A promessa da entrega expressa e o desafio real

Se por um lado os consumidores querem agilidade para comprar, do outro eles passaram a esperar a mesma velocidade na entrega. A cultura do “receber em menos de uma hora” ganhou força com o delivery e agora transbordou para o varejo tradicional.

Mas aqui entra uma questão importante: prometer entrega expressa não é sobre marketing, é sobre estrutura. Logística em grandes centros urbanos virou um quebra-cabeça complexo. Já vi operações prometerem entrega rápida e perderem margem, reputação e recorrência por não darem conta da demanda.

Implementar dark stores, utilizar microhubs e integrar estoques com marketplaces parceiros são algumas das estratégias viáveis para otimizar esse cenário. Contudo, a previsibilidade só vem com controle e maturidade de dados, e isso exige investimento contínuo em inteligência logística e monitoramento em tempo real.

O ideal é aconselhar clientes a olhar para dados geográficos de consumo, cruzar com clusters de estoque e montar planos realistas. Porque o consumidor aceita esperar – desde que você diga a verdade. Agora, dizer que chega em uma hora e aparecer em três dias… isso não tem volta.

A batalha invisível: onde o tempo é desperdiçado

Existem muitos pontos em um site onde o cliente trava. E quase sempre isso está ligado ao tempo. Tempo para encontrar o que quer, tempo para entender se confia na marca, tempo para sentir que está fazendo uma boa escolha.

É por isso que insisto tanto no combate às fricções. Isso inclui falta de clareza, botões mal posicionados, descrições insuficientes e falta de contexto.

Além disso, a ausência de elementos de confiança imediata – como selos, avaliações e provas sociais visíveis – gera ruído na tomada de decisão. Cada clique adicional exigido pode ser uma conversão a menos. Nesse sentido, UX e CRO deixam de ser diferenciais e passam a ser o básico.

Eliminar esses pontos não é só um ajuste de usabilidade – é entregar respeito ao tempo do seu cliente.

Velocidade é experiência

Essa tal “nova economia do tempo” exige uma nova postura. Não se trata apenas de ser mais rápido. É sobre ser mais inteligente com o tempo do outro. É antecipar, simplificar, otimizar.

Empresas que colocam o tempo do cliente no centro das decisões operacionais conseguem inovar em processos, produtos e comunicações. Isso vai desde a arquitetura de informação até a automação de atendimento com IA, passando pela adoção de sistemas de recomendação com base em machine learning.

Marcas que entendem isso criam experiências que não se esquecem. Porque quando tudo flui, o cliente nem percebe – só sente que foi bom. E é exatamente esse sentimento que constrói a lealdade.