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A guerra contra a fraude digital: estratégias para proteger receita sem perder conversão

Por: Ângelo Vicente

CEO e Fundador da SELIA Intelligent Commerce

Mestre em Ciências e Gestão de Tecnologia, pelo MIT Sloan School of Management (2023). Fundador da e-Cadeiras e da SELIA Intelligent Commerce, onde exerce o cargo de CEO atualmente. Com uma trajetória de mais de 12 anos no setor de comércio eletrônico, Ângelo é movido pela paixão em explorar o potencial de novas tecnologias, sempre com o objetivo de agregar valor significativo para seus clientes e parceiros. Além de seu papel na SELIA, ele é uma figura proeminente no cenário de E-Commerce, onde contribui ativamente para a comunidade do setor, participando como articulista, conferencista, professor e palestrante em diversas instituições de ensino e eventos. É membro do Conselho do E-Commerce Brasil e Cofundador da Escola Superior de E-commerce - ESECOM.

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Fraude digital não é mais um problema pontual, é uma ameaça estratégica que exige ação constante. No comércio eletrônico, esse risco se sofisticou nos últimos anos com a popularização de meios de pagamento instantâneos, wallets digitais e aumento no volume de transações mobile.

Pessoa com capuz usando notebook, representando hacker, com códigos e elementos digitais sobrepostos.
Imagem: Freepik.

Entender as modalidades mais comuns é o primeiro passo para proteger a operação.

– CNP (Card-Not-Present): compras com cartão sem presença física, usando dados roubados.
– Account Takeover (ATO): invasão de contas para alterar endereço ou efetuar compras.
– Friendly fraud/chargeback: contestação de uma compra legítima como “não reconhecida”.
– Bot attacks & testing: testes automáticos com cartões e credenciais vazadas.
Golpes via Pix e carteiras digitais: aproveitando instantaneidade e baixa validação.

O tamanho do campo de batalha no Brasil

O cenário brasileiro confirma a gravidade do problema. Com o crescimento do e-commerce, a fraude acompanha o ritmo, explorando pontos fracos na jornada digital. Dados recentes mostram que as tentativas são massivas e cada vez mais direcionadas a categorias de alto valor.

Em 2024, 2,8 milhões de tentativas foram bloqueadas no Brasil, protegendo R$ 3 bilhões em valor, segundo o Mapa da Fraude 2025 (ClearSale). As categorias mais visadas: Celulares (4,0%), Acessórios eletrônicos (3,4%) e Eletrodomésticos/Informática (3,2%). Já a Serasa Experian apontou 1,119 milhão de tentativas em fevereiro de 2025, uma a cada 2,2 segundos, alta de 37,4% vs. 2024.

Brasil x mundo: uma ameaça global

A fraude não é um fenômeno isolado no Brasil. No mundo todo, lojistas enfrentam um desafio crescente: manter aprovação de pedidos sem abrir portas para perdas. De acordo com o estudo LexisNexis True Cost of Fraud 2025, cada US$ 1 perdido em fraude custa US$ 4,60 quando somamos logística, SAC e multas. A Juniper Research projeta perdas globais de US$ 44,3 bilhões (2024) para US$ 107 bilhões (2029).

Ou seja: não é apenas sobre risco financeiro, mas sobre competitividade. Empresas que não gerem fraude com inteligência terão margem corroída e crescimento limitado.

Onde estão as brechas e como fechá-las

Antes de investir em tecnologia antifraude, é essencial entender onde estão os principais pontos de vulnerabilidade na jornada do cliente. As brechas mais comuns se concentram em quatro áreas críticas:

– Cadastro & login (ATO)
Mitigue com MFA adaptativa, biometria comportamental, reputação de IP/dispositivo e limites de tentativas.

– Pré-autorização (CNP testing & bots)
Use device fingerprint, score de risco em milissegundos, limites por CPF/cartão e desafios 3DS2 inteligentes.

– Pós-autorização (friendly fraud)
Mantenha provas digitais robustas: AVS, CVV, geolocalização, foto na entrega e logs de consentimento.

– Pix & carteiras digitais
Valide KYC/KYB, monitore contas suspeitas e reconcilie automaticamente transações com QR code.

Checklist para quem atua no e-commerce

Quer reduzir risco sem perder venda? Comece agora com estas práticas:

– Mapear risco por categoria/SKU.
– Monitorar login e cadastro como pontos críticos.
– Implementar bot management desde a primeira interação.
– Testar fluxos antifraude antes de datas de alto volume.
– Fechar o ciclo: disputar chargebacks e retroalimentar modelos.
– Criar um comitê de risco x conversão para decisões rápidas.

Fraude digital é uma guerra que não pode ser ignorada. Quem lidera esse combate, com tecnologia e governança, protege resultado e ganha vantagem competitiva.

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