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Especialista ajuda a diagnosticar problemas na quarentena do e-commerce

Por: Redação E-Commerce Brasil

Equipe de jornalismo E-Commerce Brasil

Em tempo de coronavírus, quarentena, reclusão e perda do convívio social, mesmo que momentaneamente, os efeitos não são só nos e-commerces, mas nas pessoas que fazem o comércio eletrônico e têm seus negócios atingidos pela falta de vendas e de perspectivas quanto ao futuro.

Por isso, o Marketplace Live Edition trouxe para palestrar Rodrigo Maruxo, CEO da Maruxo Consultoria. Ele é especialista em comportamento humano e negócios.

Rodrigo Maruxo, CEO da Maruxo Consultoria, conversa com Vivianne Vilela, Diretora Executiva do E-Commerce Brasil

“Como vai você? Como você está?”. As perguntas provocativas foram feitas porquê, na visão de Maruxo, a gente sempre perguntou como as pessoas estavam, mas não com uma essência profunda e real de preocupação.

Ele acredita que estamos vivendo um período em começamos a perguntar “como vai você” para os nossos amigos, parentes e equipes, realmente preocupados em saber como eles estão, seja fisicamente e emocionalmente. 

“O primeiro grande ensinamento desta pandemia e desse vírus é que ele traz algumas coisas positivas, apesar de todo o problema que é. A gente tem um aprendizado para voltar de novo a se sensibilizar”, afirma Maruxo. 

Ele explica que nos últimos 50 anos, o mundo tem avançado de maneira rápida na tecnologia, porém, houve um efeito colateral. Começamos a esquecer a humanidade. “Passamos a olhar tudo como dados, como números, como clicks, como views. E agora somos provocados, nesta quarentena, a voltar de novo a pensar como pessoa, como ser humano”, reflete Maruxo.

Ele acrescenta: “Eu sou apaixonado pelo assunto ‘gente’, porque nós falamos de empresas, mas as empresas não são nada mais que um amontoado de gente pensando na mesma direção, fazendo uma construção em conjunto e é muito importante fazer essas reflexões”. 

Entre as reflexões que ele levantou, está o Modelo de Kübler-Ross, que tem esse nome por causa de Elisabeth Kübler-Ross, uma psiquiatra, que ensina pessoas a lidarem com casos de dor e questões como luto, doença incurável e tratamentos difíceis.

De acordo com Maruxo, “ela diz que a gente passa cinco momentos, alguns mais rápidos, outros mais devagar e em outros ficamos travados em algum estágio.”

NEGAÇÃO

O primeiro estágio é a NEGAÇÃO. Na negação, quando se tem um impacto de que alguma coisa vai acontecer e que não se tem controle sobre isso, muitos de nós tentam evitar essa realidade, segundo Maruxo. “Começamos a dizer ‘isso não existe, não’. ‘isso não é nada’. ‘isso é na China’, ‘isso é só uma gripinha’. Esse momento agora é de negação porque a gente não quer confrontar a realidade, porque a realidade vai provocar mudança. Então, a gente evita”, explica Maruxo. Mas ele afirma que não adianta negar, pois as coisas já estão acontecendo. 

RAIVA

Muitos migram, em seguida, para um próximo estágio que é a RAIVA. Neste momento, as pessoas começam a apresentar revolta, fazendo questionamentos. “Elas se perguntam ‘por que comigo?’, ‘o que eu fiz para merecer isso?’. E começam os desequilíbrios. A gente começa a brigar com as pessoas, porque estamos sob pressão. É natural a gente reagir assim Mas a raiva vai até um ponto que a gente percebe que não adiantou nada explodir, machucar os outros e perder o controle. Afinal, a realidade continua lá, latente, batendo à porta”, diz Maruxo.

NEGOCIAÇÃO

Depois disso, o ser humano vai para o próximo estágio, que é o de NEGOCIAÇÃO. “É o período de começamos a invocar entidades divinas, barganhar situações, do tipo ‘se a gente sair agora dessa quarentena, eu juro que eu vou ser chefe melhor’, ‘vou atender melhor meu cliente’, ‘vou fazer agora trabalho voluntário’, ets. Só que as coisas não se alteram por causa da nossa barganha. Não é só com essa negociação que o quadro se transforma”, reflete Maruxo.

DEPRESSÃO

Aí, a tendência de muitas pessoas, se acordo com Maruxo, é entrar em um estágio que é o da DEPRESSÃO, na quarentena. Essa fase é caracterizada com situações como acordar e não querer tirar o pijama, não querer levantar para fazer as coisas e não querer tomar banho. “A gente se vê meio largado , a gente fica triste e sem esperança. A gente pensa ‘ah, eu vou perder o emprego’, ‘meu negócio vai ter que ser fechado’, ‘vou ter que demitir funcionários’. Isso tudo são coisas naturais e reais. E isso nos deixa tristes”, acrescenta. 

ACEITAÇÃO

Maruxo lembra que esses estágios não vão contribuir para que a gente faça algo positivo e propositivo para resolver a situação. Uma vez que a realidade está batendo e não há o que fazer, a gente chega, então, no quinto estágio, que é o da ACEITAÇÃO. Ele explica: “é aquela famosa frase ‘aceita que dói menos’. É quando a gente percebe que a situação já está construída e eu preciso me organizar para poder agir”.

Análise

O especialista lembra que é muito importante, nesta quarentena, que todos se analisem e vejam em que momento se encontram. Ele mesmo diz que já passou por todas essas fases e que, às vezes, volta para alguma etapa: “às vezes dá raiva de novo, às vezes eu fico triste, o que é natural, afinal a gente transita por nossas emoções. Mas é fundamental a gente trabalhar muito fortemente dentro da gente para ficar na aceitação o máximo que a gente puder.”

Ele explica: “aceitação não é passividade. Não é baixar a cabeça e falar ‘vamos tomar pancadas’. Mas é no sentido  positivo e propositivo de falar ‘agora eu tenho organização para cuidar, eu tenho fontes para pensar, eu tenho atitudes para tomar”.

Depois de um surto como o que estamos vivendo, ele acredita que nasça um “novo normal”, depois de passar por um processo de recuperação. “O novo normal é interessante porque não vamos para o mesmo estágio que estávamos antes do coronavírus. E é muito bom saber disso, porque estamos sendo convidados a tratar os negócios de maneira diferente e as pessoas de forma diferentes também. Estamos sendo convidados a revisitar vários conceitos internos e várias questões que a gente, até então, não precisava lidar”, reflete Maruxo.

Uma vez que já entramos em aceitação, ele explica, precisamos pensar e planejar o que fazer, mesmo em quarentena. Mais que isso, temos que pensar o que vamos produzir de novas frentes para recuperação, quando as coisas começarem a se estabelecer novamente, Além disso, temos que planejar o que eu vamos conduzir dali em diante para viver no “novo normal”.

Por Rafael Chinaglia, da Redação do E-Commerce Brasil