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De moedas digitais à conciliação: veja as tendências do mercado de pagamentos que a Vindi trouxe para o Locaweb Digital Conference

Por: Júlia Rondinelli

Editora-chefe da redação do E-Commerce Brasil

Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero e especialização em arte, literatura e filosofia pela PUC-RS. Atua no mercado de e-commerce desde 2018 com produção técnica de conteúdo e fomento à educação profissional do setor. Além do portal, é editora-chefe da revista E-Commerce Brasil.

Digitalização acelerada dos meios de pagamento, necessidade de crédito para aquecer o varejo e conciliação para a transparência na gestão foram algumas das tendências apresentadas no palco Vindi

Em sua 23ª edição, o maior evento do Brasil sobre transformação digital de negócios, o Locaweb Digital Conference trouxe, de forma presencial e online, dez palcos com programação exclusiva sobre os principais assuntos relacionados ao empreendedorismo e gestão de negócios. De mídias sociais a logística, as palestras enriqueceram os participantes com temas didáticos e exemplos práticos de aplicação.

Este ano, a Vindi conduziu o palco de pagamentos do evento e trouxe conteúdos com verdadeiras tendências para o mercado dos próximos anos, além de abordar a acelerada digitalização dos meios de pagamento e seus impactos durante a pandemia.

Especialistas como Fábio Araújo, coordenador da iniciativa do Real Digital no Banco Central do Brasil e Willer Marcondes, líder em Payments Advisory na PwC Brasil, marcaram presença e compartilharam seus conhecimentos com o público do evento. Compilamos, a seguir, algumas das principais tendências e insights que surgiram em relação ao mercado de pagamentos. Confira!

Pix: o início da era da digitalização financeira

Sem dúvida, uma das tendências mais importantes em pagamentos é a digitalização que, embora já fosse prevista, foi acelerada durante o período da pandemia, quando se fez necessário disponibilizar e aperfeiçoar novos recursos para o consumo remoto e para a realização de transações não presenciais.

Do lado dos especialistas, Fábio Araújo e Willer Marcondes, o grande insight do evento apontou que o Pix é uma importante ferramenta não apenas porque tangibiliza, no dia a dia, este processo de digitalização de pagamentos no Brasil, mas também porque se torna, cada vez mais, um meio para a inclusão financeira de novos modelos de negócios.

Isso porque, com o advento do Pix, tanto empresas com uma estrutura financeira já bem estabelecida, quanto vendedores de rua, profissionais autônomos e outras configurações de negócio, também passaram a acessar os meios de pagamento digitais, possibilitando a liquidação da transação financeira em segundos.

Painel: “Rentabilidade & Modelo de Negócio: como alavancar suas vendas com as formas de pagamentos” no Palco Vindi

Do lado das empresas, Guilherme Brunhole, CEO e fundador da UAUBox, e Raphael Ruiz, CEO e fundador do Instituto Mindset, possuem opiniões não menos favoráveis, pois, na visão dos empreendedores, o meio de pagamento ajudou na construção de uma nova estratégia de pagamentos, gerando uma boa navegabilidade e uma importante transição para o digital já que, antes, quase todos os meios de pagamento eram físicos. O Pix favoreceu, também, o processo de renegociação de pendências das empresas, tornando-se um importante recurso para os inadimplentes e contribuindo na recuperação de pagamentos.

Conforme dados do Banco Central, apresentados por Araújo, atualmente existem 409,6 milhões de chaves ativas do Pix no Brasil e são realizadas mais de um bilhão de transações por mês através deste meio de pagamento que, mesmo com um ticket médio que, no geral, é baixo, possui uso bem difundido e alcança os objetivos a que se propõe, isto é, permitir o acesso à digitalização de pagamentos.

Além disso, segundo dados da pesquisa da PwC, o Pix possibilitou que 40 milhões de brasileiros antes sem acesso a pagamentos digitais, começassem a usufruir deste ambiente, ampliando as possibilidades de negócios.

Moedas digitais: a evolução

Se o Pix deu início à era da digitalização dos meios de pagamento, a principal tendência para o futuro próximo são as moedas digitais, que não se limitam mais apenas às implicações das criptomoedas e seus aspectos de risco, mas se tornam uma necessidade cada vez mais latente para que os países insiram em suas economias formais.

Conforme Willer Marcondes, a estrutura de pagamentos no Brasil é robusta e valiosa e possui elementos avançados de segurança, que permitem a integração de novos métodos digitais como parte de si.

Segundo pesquisa da PwC, o volume de transações sem o uso de dinheiro em espécie, mais que dobrará até 2030 em todo o mundo. E estima-se que, como os sistemas de pagamentos digitais são mais inclusivos, os países de maior volume populacional tendem a ter um melhor desenvolvimento neste setor.

Atualmente, o Banco Central do Brasil já possui um projeto de moeda digital, o Real Digital, que será emitido pela própria instituição com o intuito de eliminar a burocracia da mineração de bitcoins e regulamentar uma moeda digital oficial que será produzida e distribuída pelo Banco Central. O projeto se encontra em fase de testes e a previsão inicial de lançamento é para 2024.

Estande de Negócios da Vindi no Locaweb Digital Conference

Crédito: o motor para movimentar a economia no varejo

Eduardo Peixoto, CEO da Credisfera, trouxe outro insight importante para o futuro do mercado de pagamentos, o crédito e seus impactos, sobretudo no varejo. Conforme Peixoto, o volume de crédito no Brasil ainda é baixo em relação à média mundial e o país tem potencial para dobrar sua média de crédito concedido.

Uma das principais métricas de crescimento deste mercado deve ser a taxa de juros média cobrada no Brasil, favorável a quem deseja emprestar dinheiro. Além disso, a ampliação da oferta de crédito é um fator que pode transformar o relacionamento entre empresas tomadoras e bancos, além de ser um diferencial importante na competitividade entre as empresas de crédito.

Como recurso de aquecimento do mercado, a oferta de crédito tira as pessoas da informalidade, especialmente agora que muitos modelos de negócio estão aderindo aos meios de pagamento digitais. Com isso, fornecem suas informações ao mercado de crédito e se tornam potenciais tomadores, ampliando o público potencial deste setor.

Atualmente, conforme Peixoto, cerca de 30% das empresas brasileiras estão com registro negativo, muito devido às dificuldades advindas do período da pandemia. Essas empresas, porém, desejam negociar suas dívidas, pois encontram oportunidades de expansão no contexto atual e, para aproveitá-las, precisam ter acesso ao crédito.

Com a impossibilidade de tomar este crédito através das instituições bancárias, devido aos nomes negativados, mas, por outro lado, sendo potenciais bons pagadores, já que deixam a sua própria receita como garantia de pagamento, as empresas de crédito encontram um público potencial bastante promissor.

Open banking e open finance: a transformação das relações bancárias

As facilidades do open banking e do open finance fazem com que as empresas se vejam diante da possibilidade de competir de forma muito mais equilibrada entre si. Além de reduzirem os preços dos serviços financeiros e torná-los mais acessíveis ao consumidor. Na opinião de Arthur Barbosa, CEO da PagCerto, este cenário transforma totalmente a necessidade do empreendedor ter um relacionamento com uma instituição financeira já que, atualmente, encontra plataformas de gestão de negócios totalmente capazes de integrar seus processos, inclusive contas para receber pagamentos.

Este processo de transformação começou quando o Banco Central passou a regulamentar os pagamentos via cartão de crédito, promovendo a ruptura da exclusividade de bandeiras e permitindo que uma só maquininha passasse a aceitar diversas bandeiras. Já o open banking e o open finance, tornam as pessoas donas de seus próprios dados, libertando-as para procurar entre as soluções, a mais favorável para si ou para seu negócio.

Barbosa acredita que, especialmente com o recurso open finance, em dois ou três anos, se tornará cada vez menos necessário ter relacionamento com instituições financeiras. Com a vantagem de poder integrar o processo de recebimento de pagamentos, que anteriormente era dependente de se ter uma conta bancária, na própria solução de gestão, sem que seja necessário depender da instituição para realizar essa mediação.

Já na percepção de Willer Marcondes, líder em Payments Advisory na PwC Brasil, os bancos continuarão tendo sua importância no sistema financeiro, certamente continuarão tendo um crescimento significativo em suas receitas, assim como adquirentes, bandeiras de cartões, etc. A diferença é que a transformação digital dará muito mais liberdade de escolha e fará com que as instituições e empresas precisem ser competitivas e favorecer, de fato o cliente, para manterem seu espaço.

Varejo físico x digital: a necessidade de integrar o melhor dos dois mundos

Se a pandemia acelerou a digitalização dos pagamentos, não foi diferente com os métodos de consumo. José Renato Galletti, head da unidade física e POS da Yapay, apresentou alguns dados que comprovam essa realidade. Por exemplo, 23 milhões de brasileiros compraram online pela primeira vez nos últimos dois anos. Além disso, 46% das pessoas que compraram online pela primeira vez, acreditam que o processo de compra é mais prático.

A digitalização que a pandemia trouxe consigo, também abriu espaço para uma perspectiva diferente de negócios, tirando a percepção de que as pessoas acham difícil comprar online. Também retirou das empresas o poder de ditar como o consumidor deve comprar e, por outro lado, empoderou este consumidor a decidir como ele deseja consumir.

Para Galletti, o papel da nova loja física no varejo deve ter como palavra-chave “adaptação”, pois uma loja física hoje não nasce ou, no mínimo, terá dificuldades de sobrevivência, se não estiver integrada com o ambiente online. Quando uma loja nasce integrada, ela tem uma prospecção mais ativa e fomenta uma relação muito mais próxima com o cliente, oferecendo uma verdadeira experiência de compra, ao invés de somente empurrar uma venda e contar com a sorte de garantir o consumo por impulso.

A questão do relacionamento com o cliente se torna outro insight importante para ter no radar, já que as possibilidades virtuais são muitas, então, é preciso se diferenciar. Essa construção de relacionamento pode ser decisiva, por exemplo, para trazer de volta um cliente que, de início, não estava pensando em voltar e consumir mais na mesma loja.

Daqui para o futuro não muito distante, os varejos físicos que não se adequarem à tendência e integrarem seus negócios com o ambiente digital, devem ter dificuldades para sobreviver, mesmo que sejam marcas grandes e já bem consolidadas. Isso porque a digitalização dos negócios é mais do que uma tendência, se tornou uma necessidade.

Conciliação: transparência e visibilidade da gestão

Fechando o palco Vindi, Reginaldo Dutra, diretor de operações da Vindi e Locaweb, e Carlos Pavan, diretor comercial e de marketing da Concil, falaram sobre a importância da conciliação de pagamentos para que as empresas tenham mais controle e ampliem a visibilidade sobre sua gestão financeira.

Os especialistas apontaram que, para o empreendedor, a venda não termina quando o produto/serviço é entregue e a transação aprovada, na verdade, é ali que começa a gestão dos recebíveis. E é aí que a conciliação entra como um recurso para sanar um problema e permitir uma previsibilidade dos recebíveis mais precisa, já que considera as taxas de transação, antecipação, etc., e oferece à empresa uma visão clara sobre o que ela recebeu e o que pagou.

Em resumo, o recurso da conciliação não tem como função apenas encontrar um problema, mas fornecer uma visão transparente sobre a situação financeira do negócio ao seu gestor.

Atualmente, a empresa não precisa mais realizar este tipo de gestão de forma manual, pois conta com soluções que podem automatizar esses processos a valores bem acessíveis, para todos os portes e segmentos. O sistema de venda da Vindi, por exemplo, possui integrações com sistemas de conciliação e é possível gerenciar todos esses recursos em uma só plataforma.