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Pix por aproximação é lançado: o que muda para e-commerces e consumidores?

Por: Amanda Lucio

Jornalista e Repórter do E-Commerce Brasil

A partir desta sexta-feira (28), o Pix por aproximação, também conhecido como Pix por biometria, pode ser utilizado em todo o Brasil. A nova modalidade de pagamentos opera via Open Finance, uma jornada que pretende descomplicar e trazer mais segurança aos usuários. Com isso, não será mais necessário o redirecionamento para a tela do QR Code para finalizar o pagamento pelo aplicativo do banco, a transação é concluída com a autenticação selecionada previamente pelo consumidor.

Imagem aproximada de um homem usando um smartphone enquanto paga a um garçom em um café
(Imagem: Envato)

Para falar sobre o assunto, conversamos com Renato Migliacci, VP de Vendas da Adyen Brasil em entrevista. Ao comentar seu acompanhamento sobre a introdução da modalidade no país, o executivo analisou o cenário de chegada do Pix por aproximação, destacando os benefícios e desafios que a inovação traz para consumidores e empresas, assim como os próximos passos da solução ainda este ano. Para Migliacci, “a inovação reforça a consolidação do Pix e a maturidade do Open Finance no Brasil, ao mesmo tempo em que reduz a fricção dos pagamentos e aumenta a conversão de vendas”.

Como irá funcionar na prática o Pix por aproximação?

A partir de agora, a Jornada Sem Redirecionamento permitirá que os consumidores paguem com Pix sem precisar sair da tela do checkout, copiar o código, abrir o app do banco e colar a chave de pagamento. Em uma transação online, o consumidor vai poder realizar o pagamento por Pix com a mesma facilidade do cartão de crédito ou de débito já cadastrados – sem sair da tela da compra, nem ter que abrir o aplicativo do banco e digitar senhas.

Para isso acontecer, haverá uma etapa inicial de cadastro que vincula o dispositivo e método de pagamento ao e-commerce. Após conceder a autorização, os demais pagamentos via Pix naquele comércio serão sem redirecionamento, apenas com a autenticação por biometria ou senha no próprio dispositivo. 

Já o pagamento por aproximação via Pix ainda está em fase inicial, com algumas adquirentes estabelecendo integrações diretas com carteiras digitais, como o GooglePay. O Banco Central deve publicar o protocolo oficial dessa tecnologia no segundo trimestre, mas, até lá, não há impedimentos para que players do mercado implementem suas próprias soluções.

Ainda este ano teremos o Pix Automático que, por sua vez, permite que o pagamento seja feito automaticamente em momentos pré-determinados, com casos de uso interessantes para cobranças recorrentes, como mensalidades ou assinaturas.

Em questão de segurança, quais medidas ou recomendações podem ser adotadas para evitar fraudes ou golpes?

No contexto do Pix sem redirecionamento, uma das grandes vantagens é a autenticação via biometria ou senha, garantindo que apenas o titular da conta autorize a transação. 

Fazendo um paralelo com o mercado de cartões, é como se cada pagamento via Pix sem redirecionamento fosse autenticado por um protocolo equivalente ao 3DS, mas com uma experiência muito mais fluida para o consumidor. Retira-se também a necessidade de abrir o aplicativo do banco para o pagamento. Além disso, o risco de vazamento de dados sensíveis é reduzido, pois não há necessidade de compartilhar informações sensíveis, como número do cartão ou CVV. 

Adicionalmente, o Banco Central adotou um limite inicial de R$ 500 por transação, proporcionando um ambiente mais seguro para consumidores e varejistas. 

Quando pensamos em fraudes em compras online, as recomendações de segurança seguem sendo as mesmas para pagamento com qualquer outro instrumento financeiro. Ou seja, dar preferência a comércios já conhecidos, verificar a legitimidade do vendedor, suspeitar de links de remetentes desconhecidos, por exemplo.

Renato Migliacci, VP de Vendas da Adyen Brasil (Imagem: Adyen/Divulgação)

Como você acha que o mercado de pagamento via cartões será impactado pelo Pix sem redirecionamento?

O Pix sem redirecionamento aumenta a pressão principalmente contra o cartão de débito, uma vez que oferece a mesma praticidade aos consumidores e custos reduzidos aos varejistas. O crédito deve sofrer um impacto menor. É possível que parte das vendas em crédito à vista com ticket médio mais baixo migre para o Pix, mas esse é um processo que já havia se iniciado com o Pix Copia e Cola.

Além disso, prevemos uma migração natural do Pix Copia e Cola para essa nova modalidade, devido à experiência mais fluida. Contudo, coexistindo no mercado, pois há casos de uso distintos, pensando na recorrência e fidelização do cliente.

Devemos observar nos próximos meses o quanto entusiasta o consumidor será em dar autorização do Pix sem redirecionamento aos comércios. Como o processo de cadastro é singular, para cada chave e comércio, é possível que o consumidor faça o aceite apenas nos sites que têm maior recorrência de compra.

Como as empresas de e-commerce estão se preparando para adotar essa nova modalidade do Pix? Há desafios técnicos ou operacionais?

O Pix sem redirecionamento é um caso de uso único no mundo e grandes varejistas já demonstram interesse na solução. Muitas delas estão priorizando seu desenvolvimento e implementação, especialmente aqueles que operam com ticket médio mais baixo e compras rápidas, como serviços de entrega e transporte.

A expectativa é de uma adoção gradual, e os primeiros resultados serão essenciais para dimensionar a velocidade com que essa solução se tornará um padrão de mercado. 

Alguns players ainda observam a adoção com cautela. A experiência do mercado com a iniciação de pagamentos Pix, lançada em 2021, mostrou que a adesão depende da estabilidade da solução e da experiência do usuário. O envolvimento de grandes bancos e o monitoramento do Banco Central são fatores que trazem mais segurança para a implementação neste momento.

Quais os benefícios dessa forma de pagamento para quem vende pelo e-commerce?

A modalidade reduz custos operacionais, melhora taxas de aprovação e aumenta a conversão, pois elimina etapas desnecessárias no processo de pagamento. Por esses motivos, o Pix já é amplamente aceito no e-commerce brasileiro, com muitos varejistas oferecendo descontos médios de 15% para pagamentos via Pix, segundo dados da GMattos. Isso reforça que há um apetite do varejo em fomentar o método de pagamento.

Qual o papel das adquirentes e intermediadores para garantir que essa inovação seja adotada de forma eficiente pelo mercado?

O papel de todos os players de pagamentos é disponibilizar tecnologia moderna, segura e confiável para entregar os benefícios das inovações a quem vende e a quem compra. O setor bancário e de pagamentos no Brasil evolui rapidamente e serve de referência global. Diante desse cenário, as empresas do ecossistema precisam agir de forma proativa e colaborativa para antecipar tendências, aprimorar a experiência do usuário e oferecer soluções cada vez mais eficientes e acessíveis.

Na Adyen, fomos uma das primeiras adquirentes a oferecer o Pix para e-commerce no Brasil em 2020 e, desde então, mantemos a maior pontuação nos critérios de disponibilidade e estabilidade do Banco Central. Além de adquirente, somos uma instituição financeira autorizada pelo Banco Central e Participante Direta do Pix, o que significa que atuamos como iniciador de transações de pagamento. Participamos do desenvolvimento do protocolo FIDO 2, que viabiliza autenticação utilizada no Pix sem redirecionamento, e estamos entre as primeiras adquirentes a disponibilizar a solução.