A Nike anunciou um plano para diminuir sua dependência da produção chinesa voltada ao mercado norte-americano. A estratégia, apresentada durante a divulgação dos resultados do quarto trimestre, visa mitigar os efeitos das tarifas comerciais – que seguem congeladas – impostas pelos Estados Unidos.

Segundo executivos da companhia, as tarifas implementadas pelo presidente Donald Trump sobre importações de parceiros estratégicos podem adicionar até US$ 1 bilhão aos custos operacionais da Nike. O impacto está diretamente ligado à exposição da marca à manufatura chinesa, já que cerca de 16% dos calçados vendidos nos EUA são fabricados na China atualmente. A meta é reduzir esse percentual para um dígito alto até maio de 2026, com a realocação da produção para outros países.
“Vamos otimizar nossa rede de fornecimento e redistribuir a produção entre diferentes regiões para reduzir os impactos das novas tarifas”, afirmou o diretor financeiro, Matthew Friend. Ele destacou que os bens de consumo estão entre os mais atingidos pela nova política comercial e que a empresa busca soluções estruturais para mitigar os custos adicionais.
A ação comercial fica em linha do que a Nike faz no varejo. Mais cedo neste ano, a gigante esportiva anunciou também o retorno ao ecossistema da Amazon, além de ter retomado o contato mais próximo de varejistas.
Reajustes
Como parte da resposta à pressão tarifária, a Nike também estuda cortes de custos corporativos e já aplicou reajustes em parte dos preços no mercado norte-americano. Para analistas, o movimento deve ser acompanhado por concorrentes, o que pode suavizar eventuais perdas de participação da marca nos EUA.
A estratégia de John Donahoe, CEO da Nike, de concentrar investimentos em inovação de produto e marketing esportivo começa a trazer resultados. Após vários trimestres de retração, a categoria de corrida voltou a crescer no quarto trimestre. A companhia reforçou a produção de modelos como Pegasus e Vomero, enquanto reduziu o volume de tênis clássicos como o Air Force 1.
Investimentos e perspectivas
Os gastos com marketing aumentaram 15% em relação ao mesmo período do ano anterior. Um dos destaques foi o evento promovido em Paris, com transmissão ao vivo, no qual a atleta patrocinada Faith Kipyegon tentou quebrar a marca de uma milha em menos de quatro minutos.
Para o primeiro trimestre do novo ano fiscal, a Nike projeta uma queda de receita na faixa de um dígito médio, desempenho melhor que o recuo de 7,3% estimado por analistas da LSEG. No quarto trimestre, a receita caiu 12%, para US$ 11,1 bilhões, mas ainda superou as expectativas de retração de 14,9%.
O estoque da companhia permaneceu estável, totalizando US$ 7,5 bilhões ao final de maio.