Na última quarta-feira (18), o festival 618, principal evento do varejo chinês no primeiro semestre, foi encerrado. Com período de pré-vendas iniciada em 13 de maio neste ano, um recorde de vendas foi registrado, mas com menos entusiasmo entre consumidores e varejistas. De acordo com especialistas ouvidos pela Reuters, o clima reflete a falta de apelo de um calendário promocional cada vez mais longo, além do interesse mais tímido em grandes eventos.

Segundo a consultoria Syntun, o volume bruto de mercadorias (GMV) atingiu cerca de US$ 119 bilhões, alta de 15,2% em relação ao ano passado. Mesmo assim, os gastos médios diários caíram de US$ 3,47 bilhões (2024) para US$ 3,23 bilhões. No ano passado, o festival registrou queda de 7% nas vendas totais, o que não se repetiu desta vez.
Originalmente criado para celebrar o aniversário da JD.com em 18 de junho, o 618 evoluiu para um evento de mais de um mês que hoje reúne todas as grandes plataformas de e-commerce do país. As pré-vendas começaram em 13 de maio — uma semana antes do que em 2024 — e o período estendido levantou questionamentos sobre a eficácia de promoções tão prolongadas.
Mudanças
Analistas apontam que o excesso de datas promocionais e os descontos contínuos ao longo do ano têm reduzido o impacto do 618. “Como sempre há boas promoções, posso comprar o que preciso quando quiser”, comentou Xu Binqi, profissional da indústria cinematográfica em Pequim.
Desempenho
A JD.com afirmou que o número de usuários que fizeram pedidos durante o festival mais do que dobrou em relação a 2024, totalizando mais de 2,2 bilhões de pedidos em canais online, lojas físicas e apps de entrega. O Alibaba informou que 453 marcas superaram a marca de aproximadamente US$ 13,9 milhões.
Entre as marcas com mais de US$ 140 milhões em vendas estão Apple, Xiaomi, Huawei, Nike, Adidas, L’Oréal e Lululemon. Tmall (Alibaba) liderou as vendas totais, seguido por JD.com, Douyin (ByteDance) e Pinduoduo, segundo a Syntun. A consultoria, no entanto, não divulgou os números individuais de cada plataforma.
Subsídios e impulso nas vendas de maio
Embora o varejo chinês siga impactado por desafios como o desemprego, estagnação salarial e crise no setor imobiliário, dados recentes apontam sinais de recuperação. As vendas no varejo cresceram 6,4% em maio — o maior avanço desde dezembro de 2023 — impulsionadas, em parte, pelo início antecipado do 618 e pelos subsídios governamentais para itens como eletrodomésticos e smartphones.
“Um 618 mais longo com preços baixos ajuda a manter o engajamento por semanas e contribuiu significativamente para o forte desempenho do varejo em maio”, avaliou Jacob Cooke, CEO da WPIC Marketing + Technologies.
Curto prazo
Especialistas alertam que o ritmo pode desacelerar nas próximas semanas, já que os fundos destinados aos subsídios foram rapidamente esgotados. Há expectativa de que o governo central realoque recursos em julho para retomar os incentivos ao consumo.
“Vimos um crescimento rápido nas vendas de categorias subsidiadas, como eletrodomésticos, que esgotaram os recursos com rapidez”, destacam analistas do HSBC em relatório recente.