Logo E-Commerce Brasil

Grupo Natura busca alternativas para rentabilizar a The Body Shop

Por: Amanda Lucio

Jornalista e Repórter do E-Commerce Brasil

No último dia 28, a Natura&Co anunciou que está avaliando a venda da The Body Shop, comprada em 2017 por € 1 bilhão e foi responsável por alavancar os resultados da empresa durante um período. Porém, atualmente a aquisição tem debilitado os resultados da empresa brasileira. No início da semana, diante do cenário de incertezas da operação, a ação da Natura subiu em torno de 2%.

Imagem: Divulgação

A avaliação da Natura&Co é que a The Body Shop precisa ser rejuvenescida, voltando a lançar produtos inovadores, além de rever sua disposição geográfica, uma vez que diversas lojas estão localizadas principalmente na Europa e Ásia. Uma outra proposta é expandir o e-commerce, que, de acordo com a Goldman Sachs, responde apenas a 12% das vendas.

Para um executivo do grupo: “tudo isso demanda não apenas investimento financeiro, mas foco gerencial. Agora vamos avaliar se é melhor fazer esses investimentos ou vender”. Essa tomada de decisão depende do preço. Em estimativa do Itaú BBA, a The Body Shop poderia valer em torno de R$ 3,2 bilhões hoje, cerca de 6x EBITDA (o que corresponde a um equity value R$ 1,3 bilhão). Um valor bem menor do que o € 1 bilhão de euros de 2017.

E, mesmo com esse preço, a Natura&Co poderá ter trabalho para encontrar compradores.

A Goldman acredita que a venda poderá destravar o valor, mas vai depender de como será feita e se ela realmente será realizada. O timing do anúncio surpreendeu os analistas do banco Citi, que destacaram que a The Body Shop é um negócio muito diferente da Aesop, empresa de alto crescimento e margens elevadas vendida neste ano por US$ 2,5 bilhões para a L’Oréal. O Analista de Varejo do Citi, João Soares, afirmou que “esse anúncio mostra que a empresa tem o aval dos controladores para agilizar a simplificação do business e torná-lo mais rentável e com maior capacidade de gerar caixa, o que é positivo.”

A The Body Shop faturou R$ 4,4 bilhões em 2022, valor 24% menor do que no ano anterior. Em meio às incertezas, especialistas dizem: “a Natura está tentando corrigir um erro estratégico ao tentar vender a The Body Shop”, afirma um gestor. E acrescenta: “não faz sentido operar num formato tão diferente, com centenas de lojas, numa geografia desconhecida e com uma marca envelhecida”. Para um analista, “a The Body Shop precisa de um esforço considerável para se tornar rentável, mas o espaço de crescimento parece pequeno. “A Natura deveria se concentrar em negócios com perspectivas melhores.”

A expectativa do mercado é que o grupo passe a concentrar esforços na América Latina, reforçando a integração entre Natura e Avon.

A marca Natura é grande na América Latina, abrindo espaço para consolidar a presença da Avon e aumentar a rentabilidade dessa operação. É o que demonstra um cálculo do sell side, que indica que a margem EBITDA da Avon na América Latina é próxima de zero, enquanto a da Natura fica próxima de 20%. Um analista acredita que se a Avon chegar à metade disso, já é uma evolução relevante. Porém, como as receitas da Avon fora da América Latina também caíram, a questão agora é como será o destino dessas operações. O Itaú informou que a Natura negocia a 5,2x o EBITDA para 2024, abaixo de sua média histórica de 11x e abaixo também de pares internacionais.

Fonte: Brazil Journal