Tratado quase sempre como o “país do futuro”, o Brasil pode estar mais perto do que pensamos de tornar-se uma potência do presente. A análise, trazida pelo economista e cientista social Eduardo Giannetti, chega com três tendências globais emergentes elencadas que, segundo ele, esbarram no mercado brasileiro. Caso concretizadas, ele acredita que a ordem atual da economia no mundo deve mudar.
Em apresentação que fechou o primeiro dia do Congresso Indústria Digital 2024, Giannetti citou que o digital está no centro das mudanças previstas.
A orientação da economia global, portanto, está ligada às seguintes situações:
O fim da hiperglobalização
Segundo o economista, o mundo já passou por ciclos de integração e desintegração em termos econômicos. Há alguns anos, com a incorporação de milhões de trabalhadores asiáticos ao mercado global, a dinâmica dos investimentos foi alterada, levando empresas a buscarem por locais com custos mais baixos e menos encargos trabalhistas.
Como a interdependência pode resultar em fragilidades às cadeias de suprimentos únicos, como evidenciado pela pandemia, Giannetti observa que a saída de indústrias da China pode ser uma oportunidade para o Brasil diversificar sua produção. “Pensar em demandas e necessidades será uma necessidade”, complementou.
Fim do ciclo de juros baixos
Giannetti destacou que fatores macroeconômicos estão sinalizando o fim de taxas de juros mais baixas em alguns países, principalmente na Europa e EUA.
Dessa forma, a alocação de investimentos nestes locais também pode ficar em jogo, dando, novamente, espaço para o Brasil reforçar a atratividade do seu ambiente corporativo.
Desaceleração do “milagre chinês”
O crescimento da China, que antes alcançava dois dígitos, está perdendo força. Com problemas de desemprego dos jovens e dívidas no setor imobiliário, a economia interna do país está afetada.
Estas são as consequências de um processo de urbanização que deu frutos nos últimos anos e chegou ao limite recentemente.
Cenário no Brasil
No contexto brasileiro, Giannetti alertou sobre a desvalorização da taxa de câmbio como um dos pontos de atenção para monitorar o desempenho da economia nacional. Além disso, ele reforça a oportunidade do país em relação ao mercado de exportação, com destaque para serviços e commodities.
“A economia brasileira, hoje, representa 3% do PIB mundial, mas menos de 1% das exportações saem daqui. Isso mostra como nossa economia ainda é muito fechada nestes termos e que temos um potencial gigante e inexplorado em relação ao cenário mundial. O digital será uma via para isso. Fato é que, de alguma forma, temos que colocar nossa casa em ordem e compreender demandas. Acredito que isso está cada vez mais perto de acontecer”, pontuou.