Diante de um cenário marcado por inflação persistente, juros elevados e câmbio instável, o consumidor brasileiro tem ajustado seus hábitos de compra para garantir o abastecimento do lar. A conclusão é da pesquisa Full View 2025, divulgada nesta terça-feira (20) pela NielsenIQ durante evento em São Paulo.

Segundo o estudo, o e-commerce foi o canal com maior crescimento proporcional, com avanço de 19,1% em relação a 2023 — movimento impulsionado inclusive pela inclusão de produtos básicos no carrinho digital.
Já o atacarejo manteve trajetória de expansão. O número de visitas cresceu 15,5%, mesmo com a frequência geral de ida às lojas se mantendo estável. Do crescimento registrado, 67% veio de consumidores que já utilizavam o canal, agora com maior frequência, e 22% correspondeu à migração de clientes de outros formatos.
Mesmo com ritmo menor na abertura de novas unidades, o Cash & Carry cresceu 12,5% no primeiro trimestre de 2025, sendo metade desse resultado fruto do desempenho de lojas já existentes.
Economia
O Full View 2025 também trouxe quatro estratégias que são destaques no comportamento atual das famílias quando o assunto é driblar a pressão da economia. São elas:
- Substituição por categorias mais baratas: 40% das categorias analisadas perderam faturamento por troca de produtos, sendo que 74% delas foram substituídas por versões mais acessíveis. Em 29% dos casos, houve também redução da penetração nos lares;
- Busca por novos produtos e marcas: a introdução de novas opções é considerada extremamente importante por 26,7% dos consumidores quando se trata de produtos básicos. Entre os itens complementares, a taxa é de 23,8%;
- Preço como prioridade sobre marca: 62% dos lares entrevistados priorizam o preço na hora da compra, enquanto 57% afirmam buscar promoções de forma ativa.
- Diversificação de canais de compra: o consumidor tem recorrido a múltiplos formatos de varejo. Supermercados de grande porte cresceram 10% e o modelo Cash & Carry registrou alta de 19,7%.
Inflação e faturamento em alta
A pesquisa também apontou que 36% das categorias de bens de consumo de giro rápido (FMCG) apresentaram crescimento de faturamento impulsionado principalmente pelo aumento de preços — e não pelo volume de vendas. Essa dinâmica tem gerado uma desaceleração no consumo, especialmente entre a população de baixa renda.
Segundo Alfredo Costa, presidente da NielsenIQ no Brasil, 78% das categorias subiram de preço, e não há sinais de desaceleração neste sentido.