As vendas online de micro e pequenas empresas (MPEs) brasileiras saltaram de R$ 5 bilhões em 2019 para R$ 67 bilhões em 2024, crescimento de quase 1.200% no período. Os dados são da terceira edição do Dashboard de Comércio Eletrônico Nacional, divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), com base em informações da Receita Federal.

Pela primeira vez, o painel traz recortes específicos sobre o desempenho das empresas do Simples Nacional no comércio eletrônico. Enquanto as MPEs apresentaram um avanço percentual expressivo, empresas de médio e grande porte também cresceram, mas em ritmo menor: de R$ 49 bilhões em 2019 para R$ 158 bilhões em 2024, alta de 220%.
O secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do Mdic, Uallace Moreira, atribuiu o crescimento à digitalização impulsionada pela pandemia e ao desempenho acima do esperado da economia brasileira nos últimos anos.
Segundo o Mdic, o comércio eletrônico cresceu 28,7% entre 2022 e 2024. Entre as micro e pequenas empresas, a alta foi de 76,3% no mesmo período. “Esse crescimento não cai do céu. É resultado de uma política econômica acertada e ações estruturantes como a Nova Indústria Brasil (NIB), o Novo PAC e o Plano de Transformação Ecológica”, afirmou Moreira. Ele também citou o aumento do salário mínimo e a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil como fatores que fortalecem o poder de compra da população.
E-commerce movimenta R$ 225 bilhões em 2024
O painel revela que o comércio eletrônico com emissão de notas fiscais movimentou R$ 225 bilhões em 2024, alta de 14,6% em relação a 2023 e de 311% nos últimos cinco anos. Desde 2016, quando iniciou a série histórica, o e-commerce brasileiro já movimentou R$ 1 trilhão.
Entre os produtos mais vendidos em valor em 2024 no e-commerce nacional estão:
- Celulares (4,1%);
- Livros (3,3%);
- Refrigeradores (2,6%);
- Televisores (2,2%);
- Complementos alimentares (2,1%).
Nas vendas das MPEs, os produtos mais vendidos foram obras de plástico (2,7%), complementos alimentares (2,1%), livros (1,6%), partes de motocicletas (1,3%), calçados (1,2%), produtos capilares (1,1%), utensílios de cozinha (0,9%) e móveis de madeira (0,9%).
Recorte regional reflete diversidade econômica
O levantamento também destaca os produtos líderes em vendas por estado. No Simples Nacional, o Rio Grande do Sul se destaca com o vinho; Goiás com acessórios para tratores; Minas Gerais com calçados; Pará com purê de açaí; e Alagoas com frutas.
A região Sudeste concentrou 77,2% das vendas em 2024, seguida por Sul (14,1%), Nordeste (5,5%), Centro-Oeste (2,5%) e Norte (0,6%). O Sudeste também lidera em volume de compras, com 55,9% do total.
Reduzindo a concentração regional
Desde a primeira edição do painel, o Mdic e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) buscam estimular o e-commerce fora do eixo Sudeste-Sul. Uma das iniciativas é o edital E-Commerce.BR, voltado às regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Vinte projetos foram selecionados para a fase de mentorias, com representantes de 17 estados. Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Goiás (dois projetos), Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, Sergipe, Ceará (dois) e Tocantins (dois) participam da iniciativa.
Cada projeto passará por mentorias metodológicas até julho. Nove serão selecionados para receber R$ 380 mil em apoio financeiro. Três desses projetos avançarão à fase de escala em 2026, com novo aporte de R$ 500 mil e acompanhamento técnico da ABDI.